quarta-feira, agosto 10, 2011

Palhaçadas

Quando se fala de nomeações políticas e de boys os partidos não têm quaisquer problemas em serrem hipócritas. A primeira vez que alguém se lembrou de contabilizar as nomeações de boys sucedeu com o governo de António Guterres e a iniciativa partiu dos comunistas. Depois de uma década de cavaquismo em que os comunistas foram excluídos de qualquer posto de chefia António Guterres permitiu a nomeação de muitos militantes do PCP para funções de chefias, mas quando este partido consultou o DR para contar as chefias nomeadas pelo PS não teve qualquer pejo em contabilizar os seus militantes como boys do PS.

Ainda esta semana assistimos a saneamentos nuns ministérios e reconduções noutros ficando no ar a ideia que há ministros mais tolerantes do que outros ou que se seguem critérios de competência, ninguém assume, porque não convém, que o governo anterior manteve em cargos ou nomeou muita gente ligada ao PSD para altos cargos de chefia. Aliás, chegou mesmo a ter membros do governo identificados no passado recente com o PSD.

Um dos maiores exemplos de hipocrisia são os concursos de nomeação que até aqui era o procedimento para a nomeação de chefes de divisão e directores de serviços e que este governo pretende alargar aos directores-gerais e subdirectores-gerais. Com este procedimento que toda a gente parece elogiar mais não se fez que se montar uma imensa farsa que custa milhões de euros aos contribuintes.

Em todos os concursos de nomeações de chefias de que tive conhecimento o vencedor estava escolhido à partida, na esmagadora maioria dos casos já tinha sido escolhido e nomeado em regime de substituição para fazer currículo e ir ao INA tirar um curso de formação de chefias pago pelos contribuintes. No momento do concurso o seu currículo estava reforçado com as funções desempenhadas e as habilitações entretanto adquiridas. O concurso não passava de uma farsa.

Alguém acredita que o governo vai um dia nomear um director-geral dos Impostos ou um inspector-chefe da IGF que não tenha sido escolhido à partida? Sejamos honestos, por mais competente e por mais rico que seja o currículo de um candidato estranho à “panelinha” o escolhido será sempre aquele que já foi indicado pelo governo. O concurso não será mais do que uma palhaçada que apenas servirá para desestabilizar os serviços durante um par de meses.

Esta estratégia dos políticos fazerem o que querem e depois lavarem as mãos como Pilatos está a ir ao ridículo de um dia destes alguém se lembrar de defender que os secretários de Estado ou o pessoal dos gabinetes também serem escolhidos por concurso. Outro exemplo deste tipo de palhaçada é a nomeação de João Duque, um licenciado em gestão com um doutoramento dirigido para os produtos derivados (como os sub prime). Todos sabemos qual vai ser a conclusão do grupo, vai ser o que já está negociado nos bastidores entre a Ongoin, a Cofina e a liderança do PSD. Entretanto monta-se uma farsa que custa dinheiro aos contribuintes para que depois tudo o que já está negociado apareça como se fosse uma conclusão científica.