sexta-feira, agosto 12, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Vila Real de Santo António
 
Jumento do dia


Vítor Gaspar, ministro das Finanças
Os portugueses começam a ter motivos para ficarem seriamente preocupados com o seu futuro cada vez que este homem abre a boca.

«O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, vai amanhã fazer uma declaração aos jornalistas, onde apresentará as medidas do Governo relativas aos novos cortes na despesa pública.» [Público]

 IMPRESA x Ongoing

A luta já mete facas na liga:

«Foi o que o fez grande, Dr. Pinto Balsemão, a sua capacidade de pensar para além das evidências, de concretizar, de transformar e de realizar.

São estas as qualidades que gostaria de continuar a ver reflectidas em si.» [DE]

A sugestão é de Rita Marques Gudes, secretária-geral da Ongoing.

 A SLN está de volta

Num país a sério não só uma boa parte dos responsáveis da SLN já estaria na cadeia como os que participaram na gestão do grupo estariam banidos do exercício de cargos públicos ou da gestão das empresas públicas. O problema é que este país está longe de ser um país a sério e é o PSD que governa. Daí que altos responsáveis da SLN apareçam em altos cargos da CGD ou à frente dos dinheiros do Serviço Nacional de Saúde.

Depois admirem-se.
  
 

 Afinal as favelas anteciparam uns JO

«Se bem se lembram, quem ficou com os Jogos Olímpicos em 2016, e isso nos punha a todos nervosos - como se vão controlar as favelas, meu Deus? -, foi o Brasil. Os Jogos de 2012, embora mais próximos, não preocupavam, eram em Londres. Uma cidade civilizada que nem usa canhões de água para dispersar manifestantes... Infelizmente, os noticiários armam-se em agências de rating e parece que também apostaram em tirar AAA a quem menos se esperava. Como desenhador, Matt explicou, ontem no Daily Telegraph, pondo o pacholas de um polícia londrino a dizer a turistas: "O Estádio Olímpico? Viram à esquerda no segundo autocarro incendiado e à direita na loja de electrónica saqueada." Não há que enganar, Londres, a Grã-Bretanha, a Europa, o Ocidente - ou melhor, a nossa soberba -, têm levado ultimamente com uns ultrajes na cara. Insisto, a nossa soberba é que tem levado, porque quero ser optimista e ver uma saída positiva para as actuais nossas crises a repetição. Por exemplo, essa história do não uso dos canhões de água como se fosse impedimento divino. Não era tão de princípio assim, porque os britânicos continuam a usá-los na Irlanda do Norte. Só que lá (consultar a história recente) foi necessário usar, e usou-se. Os ingleses estão a descobrir que, precisando de usar os canhões de água dentro de casa, usarão - ainda estrebucham, mas vão lá chegar. Dar conta que o que tem de ser tem muita força devia ser modalidade olímpica. » [ Link]

Autor:

Ferreira Fernandes.
  
 A Lei a Oeste de Pecos

«A Madeira é, com a cumplicidade dos sucessivos governos da República, uma espécie de "offshore" privado do PSD regional e de Alberto João Jardim, o seu Profeta, onde leis e políticas gerais do país pouco ou nada valem e a própria democracia, realizando o velho sonho irónico da dra. Ferreira Leite, se encontra há décadas suspensa.

Enumerar todas as tropelias que fazem da Madeira de Jardim um "study case" ilustrativo da céptica definição de Borges de sistema democrático, o de "arbítrio provido de urnas eleitorais", é mais problemático do que a Hércules foi capturar o Javali de Erimanto. Do mesmo modo, a mítica dívida da Região trepa mais velozmente Orçamento acima, aos saltos de milhões de cada vez, que a Corça de Cornos de Ouro e saneá-la afigura-se trabalho maior que limpar os estábulos de Áugias.

A este 13º trabalho, limpar os estábulos da dívida madeirense ( 963,3 milhões em finais de 2010), se tem inutilmente dedicado o Tribunal de Contas (TC), que descobriu agora que boa parte dos milhões para a reconstrução da ilha na sequência do temporal do ano passado foi afinal ter a "despesas de funcionamento". Já há um mês, o mesmo TC apurara que só 29,5% dos 191,3 milhões arrecadados pela Madeira no âmbito da Lei de Meios foram efectivamente utilizados na reconstrução.

Diz o TC que tudo isso (e não só) "ofende" não sei quantas leis. O TC ignora que, a Oeste de Pecos, é Alberto João Jardim a Lei.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
  
 Subir o IVA até ao céu?

«O Governo pretende reduzir a TSU, ou seja baixar as contribuições das empresas para a Segurança (passando a taxa de 23,75% para 19,75% sobre o salário de cada trabalhador). A troika exige, o Governo acha bem, os patrões aplaudem. Mas o tempo mostrará como, na prática, se está a aumentar os impostos a todos (subida de 2% no IVA) e a produzir um efeito limitadíssimo no fim que se pretende atingir - exportar mais ou ter mais investimento estrangeiro em Portugal.

Sim, há estudos - do Governo e de outros. Por exemplo, Manuel Cabral, da Universidade do Minho, já demonstrou há algum tempo, por números, o que parece óbvio: beneficia da descida da TSU quem mais empregados tem, ou seja, PT, EDP, GALP, CTT, Sonae, Jerónimo Martins, construtoras, bancos, seguradoras, etc..

Alguns destes grupos até têm grande presença internacional, mas não exportam bens 'made in Portugal' em que 4% de TSU façam a diferença. Mesmo a GALP, que é a maior exportadora nacional, vende essencialmente tecnologia (refinação) e não mão-de-obra. Já a Autoeuropa, o sector do calçado e da têxtil, o sector automóvel e a metalomecânica nacionais terão vantagens quando exportam, mas a questão é: 4% fazem uma enormíssima diferença? São eles que retiram competitividade aos nossos produtos? E criam-se novos empregos em Portugal por haver menos TSU? Mais: se esta descida fosse superior (por exemplo 8%, para ter efeito real, como pretende a Confederação da Indústria Portuguesa) - a solução seria aumentar o IVA para 27%?

Os aumentos de IVA têm de ter um limite. O IVA passou de 20 para 23% em pouco mais de três anos, a que se juntou a perda de poder de compra e subida dos juros.... Isto explica muita da recessão e desemprego provocado directamente pelo Estado...

É certo que este é um tempo de reformas duras, mas o Governo teria algo a ganhar por não executar esta medida pelo menos em 2011 e 2012. Os benefícios para a economia vão perder-se em mais quebra da procura interna, desemprego, reforço do descontentamento das pessoas e na capitalização dessa revolta por parte dos sindicatos. Danificará mais a imagem (e o rating) de Portugal as notícias de que somos uma segunda Grécia - com greves gerais e transportes parados - do que um país que consegue suportar um plano duro, coerente e bem gerido, ainda que mais longo no tempo.

O que pode ser mortal nesta estratégia de Passos Coelho (estimulada pela troika) é a ideia política de se fazerem todas as maldades depressa. Há um problema nisso: parte do princípio que o doente pode ser tratado a todas as doenças, com 100 antibióticos, em simultâneo. Não dá.

É verdade que o Governo dispõe de uma confortável maioria e que 80% dos portugueses votaram no acordo da troika. Mas é uma ilusão não acreditar que o resultado essencial das últimas eleições foi o de pôr fim a um regime autista e por vezes despótico de Sócrates. Seria bom que este Governo fosse até ao fim da legislatura porque o país precisa desesperadamente de estabilidade e rumo. Mas nem as maiorias sobrevivem às convulsões sociais que degeneram em insegurança e instabilidade generalizada. E depois lá se vai o turismo e a produtividade...

É necessário aumentar a competitividade das empresas exportadoras? Alargue-se ainda mais o risco dos seguros de crédito. Quem exporta precisa de experimentar novos mercados e novos clientes e isso só se pode fazer com uma cobertura mínima. Alarguem-se mais os fundo para procura de novos mercados. Dê-se mais formação em internacionalização aos quadros médios e superiores. E podem usar-se ainda mais fundos do QREN para isso. Tudo junto não há-de custar mais do que um aumento mínimo de uma qualquer taxa sobre dividendos ou quejandos...

Não acreditem é que se pode aumentar impostos e transportes, provocar redução de salários reais, ter mais desemprego e diminuir apoios do Estado, sem haver, em paralelo, uma ideia consistente de justiça e equilíbrio. Uma visão de longo prazo em que as pessoas acreditem. Se falhar isto, falhará tudo. » [JN]

Autor:

Daniel Deusdado.
  

 Vamos pagar mais IVA para a banca lucrar

«Os bancos serão os mais beneficiados pela descida da taxa social única (TSU). Segundo o estudo do Governo e do Banco de Portugal, os serviços financeiros e seguros serão os sectores cujos custos directos e indirectos com remunerações mais vão descer.» [DN]

Parecer:

Esta redução da TSU é a maior fraude na história da política económica.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se.»
  
 A anedota do dia

«O primeiro-ministro dá possibilidade a Pedro Santana Lopes de regressar à primeira linha da intervenção social mas também política. Pedro Passos Coelho convidou-o para o cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, uma instituição que é uma espécie de "governo" paralelo na capital. Fontes próximas de Santana admitiram ao DN que "é quase certo" que o actual vereador da Câmara de Lisboa aceitará o convite que lhe foi dirigido na semana passada e que não deverá ser remunerado pelo mesmo. Até porque já recebe a subvenção vitalícia pelos anos de exercício de cargos políticos. » [DN]

Parecer:

Alguém acredita que Santana não vai ganhar nada na Santa Casa, nem o Euromilhões?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 O ministro Crato pensou depressa

«Em comunicado, a tutela afirma que os alunos das escolas que não vão abrir no próximo ano lectivo serão mudados para "centros escolares ou escolas com infraestruturas e recursos que permitem melhores condições de ensino".» [DN]

Parecer:

Aos poucos o Crato vai regressando à realidade.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
 

   





 


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