sábado, agosto 13, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Castro Marim
Jumento do dia


Alberto João Jardim, um profissional das artes circenses

Os circos costumam aproveitar o Verão para fazerem um tostão com os seus palhaços e animais selvagens. Infelizmente a insularidade  não favorece a deslocação de grandes circos para a ilha tropical do homem a quem alguém já apelidou de Idi Amin Dada, mas isso não é problema, com o Alberto João os madeirenses têm os seus momentos ora de ferocidade, ora de gargalhada.
«"Não é novidade. O Governo Regional informara já a população de que, para defender o povo madeirense, a alternativa às medidas financeiras político-partidárias do anterior Governo socialista que visavam parar a vida do arquipélago, foi a de não se render, resistir, mesmo à custa do aumento da dívida pública", disse Jardim.» [CM]

 Adepto do 'River Plate'


 Mentira n.º 12

  
O país deitou-se sobressaltado, finalmente vinham os cortes da despesa para corrigir o desvio colossal mais as nomeações para a CGD, a Santa Casa e para o jovem mototista de Karting do secretário de Estado da Cultura, o ministro anunciou uma conferência de imprensa sem perguntas logo para as nove da manhã, o conselho de ministros tinha durado dez horas, tudo fazia crer que era agora que o Gaspar aplicava ao Estado o famoso adelgaçante tantas vezes prometido por um Passos Coelho que assegurava que não aumentaria impostos.

Os jornais falaram em cortes brutais na despesa, o governo não desmentiu e confesso que acordei a meio da noite não fosse o ministro cortar-me um dos poucos órgãos cujo funcionamento ainda não implica despesa nem pagamento de impostos. Enganei-me, era uma mentira, mais uma, em vez de cortes na despesa veio mais um aumento de impostos, desta vez sob a forma de antecipação.

O argumento é o do famoso desvio colossal que ninguém especificou até ao momento, só que para esse desvio colossal já pagámos um IRS extraordinários. Digamos que é uma mentira dupla, mas como queremos ser simpáticos contamos apenas como uma, não vá o Gasparoika lembrar-se de aplicar a taxa máxima de IVA isentando os pobres, designadamente, os pobres de espírito que no passado recente mentiram compulsivamente.
      
 

 Bom dia pobreza

«A pobreza está a alastrar." É a declaração de princípio do Plano de Emergência Social apresentado há uma semana pelo Governo. E acrescenta: "O risco de cair em situação de pobreza também." Para fundamentar tão assertivas afirmações, nada. Poderia o ministro da Solidariedade apresentar factos, números, estimativas; mas não, prefere fazer de oráculo.

Ora - conselho grátis nestes tempos de anunciada escassez - é de desconfiar quando, existindo dados sobre um assunto, quem tutela organismos que compilam esses dados e tem a obrigação de sobre eles fundamentar políticas escolhe não os citar. O mais certo é contradizerem o que quer dizer. E o que o ministro quer dizer é que as políticas praticadas nos últimos anos, as do chamado Estado social, não serviram para nada, pelo contrário, "usaram os recursos em burocracia em vez de ajudar as pessoas", sendo pois preciso "pedir com humildade ajuda às instituições que em permanência garantem uma resposta social", ou seja, "menos Estado e mais IPSS". O que equivale, claro, a "melhor política social".

Descontemos, porque o espaço é curto, o facto de as IPSS serem generosamente financiadas pelo Estado e de se estar deste modo a anunciar um reforço desse financiamento; centremo-nos na ideia de que o Estado "não tem funcionado" nessa área. Temos sido, é certo, bombardeados, em notícias, reportagens e discursos partidários, com a certificação de que a desigualdade "tem vindo sempre a aumentar e a pobreza também". À direita e à esquerda as oposições foram coincidentes - e quão - nisso: tudo estava cada vez pior, nada funcionava.

Pouco importa pois que Eurostat e INE demonstrem que entre 2003 e 2009 a percentagem de população em risco de pobreza em Portugal passou de 20,4% para 17,9 (a média da UE é 16,3%), tendo nos idosos diminuído ainda mais, de 28,9% para 21% (o que corresponde a uma descida de 26%), no mesmo período. Pouco importa que o índice de Gini, o indicador da desigualdade na distribuição dos rendimentos, tenha registado uma diminuição recorde, de 0,378 para 0,337 (a média da UE é de 0,303). A propaganda, quer à direita quer à esquerda dos governos PS, decretou que nada disso interessa - ou é "mentira" -, que a pobreza alastrou e as desigualdades se adensaram.

Ora, se aquelas políticas não serviam eram precisas novas, não eram? Ei-las. E se a direita agora no poder nunca escondeu realmente ao que vinha, a esquerda do PCP e do BE pode felicitar-se por ter contribuído com denodo para abrir caminho à política dos restos e do assistencialismo. Quanto ao ministro Mota Soares, pode bem revelar-se um profeta. Num governo que aumenta 20% os transportes e prevê um passe social só "para muito pobres", confisca metade do subsídio de Natal sem explicar porquê, prevê aumentar ainda mais o IVA e quer tornar os despedimentos mais baratos ou mesmo grátis, a previsão de um aumento do risco de pobreza é pura honestidade. Mesmo que não seja. » [DN]

Autor:

Fernanda Câncio.
  
 Alguém viu o corte na despesa pública?

«O Governo de Pedro Passos Coelho perdeu hoje uma importante oportunidade de provar que é diferente dos Executivos que conduziram o País à situação económica aflitiva em que hoje vive. Quem sabe, não vai ter outra. Ontem, depois de um conselho de ministros maratona, foi criada a expectativa de que hoje seria o "Dia D" de despesa. Seria o princípio do ataque aos gastos das Administrações Públicas. Puro engano.

Numa declaração matinal, e para surpresa de todos, o ministro das Finanças anunciou mais impostos. Agora é a antecipação da subida do IVA sobre a electricidade e o gás. Antes tinha sido o imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal e o aumento das tarifas dos transportes públicos. Sobre a despesa, nada em específico. O congelamento salarial de polícias e militares não é uma nova medida, uma vez que estava prevista no Orçamento do Estado para este ano que foi da responsabilidade de José Sócrates. Vítor Gaspar vem apenas garantir o cumprimento da medida.

Afinal o Governo de Passos Coelho está a seguir a estratégia errado dos Executivos de José Sócrates. Perante derrapagens orçamentais, que existem e atingem este ano 1,1% do PIB, o Executivo de coligação recorre em primeiro lugar à receita, em segundo lugar à receita e, por fim, à receita. Quanto à despesa, teremos que esperar para ver. Isto desmente as promessas de Passos Coelho, que venceu as eleições comprometendo-se com cortes na despesa e nada de aumento de impostos. E desmente também um compromisso assumido pelo Governo já em funções, quando garantiu que a redução do défice seria conseguida em 2/3 com cortes na despesa. O primeiro-ministro descobriu que a realidade da governação é bem diferente dos sonhos na oposição.

Os equívocos na estratégia do Governo não se ficam pelos impostos. Vítor Gaspar recuperou outros dos pecados originais da política orçamental à portuguesa e que muito contribuiu para os desequilíbrios estruturais que hoje existem. Tal como Sousa Franco, Manuela Ferreira Leite ou Teixeira dos Santos, o actual ministros das Finanças não resistiu em recorrer às receitas extraordinárias para garantir o cumprimento do défice orçamental deste ano. Os fundos de pensões da banca vão passar para órbita do Estado. Este tipo de receitas extraordinárias tem dois defeitos. Em primeiro, é mais uma desculpa para não cortar na despesa. Em segundo lugar, a receita de hoje pode esconder um enorme buraco. Caso os fundos de pensões não estejam devidamente financiados, no futuro vão ser os contribuintes a suportar mais estas pensões. Ou seja, algum dinheiro agora pode transformar-se em grandes despesas.

Pedro Passos Coelho está a descobrir que o monstro da Administração Pública é mais difícil de matar do que pensava. E, portanto, como todos os governos que tanto criticou, está a ir pelo caminho mais fácil que é aumentar os impostos. Mas esta estratégia tem um fim anunciado porque as famílias e empresas não aguentam mais carga tributária. Tal como a ‘troika' deixou hoje bem claro, chegou a altura das reformas estruturais e do corte na despesa. Caso contrário, a próxima avaliação do FMI, Comissão Europeia e BCE poderá ser menos positiva.

O primeiro-ministro sabe também que o seu espaço de manobra começa a estreitar-se. Do ponto de vista político, a manhã de hoje foi nebulosa. O ministro das Finanças defraudou as expectativas criadas e, muito estranhamente, foram os elementos da ‘troika' que fizeram o papel de Vítor Gaspar e anunciaram parte das medidas de controlo do défice deste ano. Este tipo de trapalhadas são golpes profundos na confiança que os portugueses têm no Governo. Pedro Passos Coelho sabe disso.» [DE]

Autor:

Bruno Proença.
  
 Sequestrou e violou uma mulher durante três dias e sai em liberdade?

«5Há quem diga que a justiça neste país bateu no fundo, mas quer-me parecer que não há fundo para a nossa justiça. E a existir os juízes rapidamente tratariam de o escavar mais um bocadinho de forma a possibilitar aos cidadãos continuarem a descer o nível de consideração que têm pela classe e por muitas decisões tomadas nos tribunais que a desonram e cobrem de vergonha. Justiça made in Portugal.

Vou relembrar a notícia saída aqui no expresso, e que reli, imagine-se, no site da ASJP - associação sindical dos juízes portugueses:

"Uma turista italiana, de 25 anos, foi sequestrada em Lisboa e repetidamente agredida e violada durante três dias, numa pensão do centro da capital. Na passada sexta-feira a recém-licenciada chegou a Lisboa, após uma viagem pela Europa. Junto à estação de metro de Arroios, um homem, de 42 anos, perguntou-lhe se precisava de ajuda e ofereceu-se para lhe indicar o caminho para o hotel, mas acabou por leva-la para pensão onde estava hospedado. O rapto durou até domingo, dia em que a jovem conseguiu fugir ao terror, avança o "Correio da Manhã".

As perícias levadas a cabo pela Polícia Judiciária e Instituto de Medicina Legal não deixam dúvidas sobre a violação e repetidas agressões que deixaram a jovem com o corpo todo marcado. O homem foi presente ao tribunal, mas o juiz deixou-o sair em liberdade, ficando apenas obrigado a apresentar-se quinzenalmente na esquadra (coitado, o dinheirão que o homem vai gastar em viagens...). A jovem turista está a receber acompanhamento psicológico e apoio da embaixada italiana em Portugal." (até admira não a terem deixado em prisão preventiva, por eventual perigo de fuga para Itália)

O nojo e estupefacção perante a notícia não me permitem fazer qualquer reparo sob pena de perder a minha liberdade e não me ser aplicada igual e benevolente pena. Deixo apenas uma pergunta, simples e directa: se no lugar da desafortunada italiana tivesse sido a filha ou a esposa do meritíssimo juiz que tomou esta brilhante e inusitada decisão a vítima de tamanha desumanidade cometida por um animalzinho doente durante três longos e tortuosos dias, e visse vexa um seu colega sentado num tribunal tomar a mesma decisão, o que sentiria?

O que lhe passaria pela cabeça se no dia seguinte à audiência, enquanto bebericava o seu galão quentinho, visse entrar na pastelaria do bairro o indivíduo que três dias antes tinha levado a sua filha, prima, mulher, amiga ou colega para uma pensão ranhosa e a tivesse forçado a fazer coisas indescritíveis sob ameaças e agressões permanentes? Sentir-se-ia bem? Continuaria impávido e sereno a beber o leitinho com café, sem pestanejar?

Se sim já cá não está quem falou. Se não sugiro-lhe que bata com a cabeça numa parede porque merece (acredite).Desculpem o termo, mas não há outro que melhor defina a justiça em Portugal: é uma merda! » [Expresso]

Autor:

Tiago Mesquita.
     

 Pobe opus Macedo

«Pelo menos sete dos 12 ministros - incluindo o primeiro - sacrificaram salários superiores para integrarem o Governo. De acordo com as últimas declarações de rendimentos entregues no Tribunal Constitucional, a entrada no Executivo significou perdas de centenas de milhares de euros anuais para vários governantes.» [DN]

Parecer:

Como não acredito que este senhor largue um lugar na administração do BCP como gesto de generosidade para com o país ou motivado por um dever evangélico continuo a achar muito estranha do BCP.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Macedo porque abandonou o BCP.»
  
Troika aperta com o Alberto

«A missão da troika em Portugal avisou hoje o Governo da Madeira de que é preciso fazer mais pela disciplina das contas públicas e promete que vai preparar um programa de ajustamento próprio para a região autónoma. O desvio na Madeira (270 milhões de euros) junta-se ao custo do BPN, estimado agora em 320 milhões de euros.» [DN]

Parecer:

Haja alguém que venha de fora pois cá dentro impera a cobardia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
  
 A dócil Fenprof receia perda de lugares de professores

«Federação Nacional dos Professores (Fenprof) criticou hoje o aumento do número máximo de alunos por turma no primeiro ciclo do ensino básico.» [Expresso]

Parecer:

Vale a pena comparar esta Fenprof com aquela que promoveu uma oposição violenta e à base de golpes baixos contra o governo de Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso de desprezo pela Fenprof, quanto aos professores só terão de se conformar com o governo que promoveram e ajudaram a eleger, que se amanhem porque os outros portugueses fazem o mesmo.»
  
 Porque será que Passos Coelho ou Cavaco não têm apoiantes destas?


«Há uns meses, um grupo de mulheres autointitulado Exército de Putin passeou-se nas ruas de Moscovo em trajes reduzidos. Lavaram vidros de carros, mostraram-se geralmente prestáveis, e fizeram propaganda.

Agora, em resposta, surgiu um grupo chamado Miúdas de Medvedev. Em trajes igualmente sumários, abordaram jovens machos que se encontravam na rua a beber álcool. Com o slogan 'a cerveja ou nós' bem visível, pediram-lhes as latas e garrafas que tinham na mão. A maioria não se fizeram rogados, até pela simpatia com que o pedido foi feito.» [Expresso]

Parecer:

São bem mais interessantes do que as mensagens bacocas no Facebook ou do que o Gaspar (para não falar dessa beldade da Saúde)

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a sugestão.»