terça-feira, agosto 09, 2011

Um país de mentiras

A irresponsabilidade e incompetência dos políticos que passaram pelos governos e pelas autarquias promoveram a descredibilização das Função Pública, os mesmos políticos que encheram o Estado de boys inúteis, que nomearam chefias incompetentes e corruptas, que promoveram a má gestão do Estado tudo têm feito para atribuir o odioso das consequências das suas políticas para a Função Pública.

Cavaco chegou a dizer que o problema se resolvia com a morte dos funcionários, Manuela Ferreira Leite atirou o odioso da crise para a Função Pública, Sócrates fundamentou algumas das suas reformas na malandrice da Função Pública e Passos Coelho já escolheu os funcionários do Estado como as principais da crise.

Mas a verdade é que anda por aí muita gente a ganhar mais com o Estado do que os seus trabalhadores. Até a filha do presidente angolano vai ganhar muito mais com um único negócio do que muitas centenas ou milhares de trabalhadores de trabalhadores ganharão durante toda a vida.

Belmiro de Azevedo, um dos mais destacados críticos do Estado ganhou fortunas com as vantagens do seu poder sobe os políticos, um bom exemplo disso foi o negócio da privatização do Estado. Aliás, entre os mais bem remunerados “funcionários públicos” deste país estão os homens mais ricos deste país, os banqueiros beneficiados por esquemas para isentar a banca de impostos, os donos da petrolífera que beneficiam da inércia do regulador, a infinidade de empresas que recebem falsos incentivos e subsídios.

Há neste país muita gente que ganha mais em borlas das SCUT do que ganham os funcionários públicos melhor remunerados. Há mesmo muitos “pobres” que ganham tanto quanto um técnico superior em início de carreira e se considerarmos o ordenado médio de um funcionário público depois de deduzido da conta da casa uma boa parte deles fica com menos dinheiro do que muitos dos pobres que beneficiam de bairros sociais.

Os políticos criaram uma imensa teia de ajudas, subsídios, isenções e borlas diversas cujo resultado é tornar impossível saber quem em Portugal é ou não pobre. O vencimento de um funcionário público como, aliás, sucede com a generalidade dos trabalhadores conta em bruto para os indicadores de riqueza. A despesa com a casa, com os médicos privados, com as despesas escolares não é considerada. Mas caso do beneficiário do rendimento mínimo apenas este é considerado, não se acrescentam o custo que a casa representa para o Estado, em como outras borlas diversas. Se estatisticamente o segundo é mais pobre do que o primeiro na realidade há milhares de situações em que isso não é verdade.

Portugal é um país de mentiras, as estatísticas reflectem uma realidade que não existe, as empresas declaram prejuízos que não têm, um milionário presidente do Benfica até declarava o ordenado mínimo, a economia paralela transforma os indicadores económicos em mentiras estatísticas, a evasão fiscal move mais dinheiro do que a função redistributiva do sistema fiscal que, aliás, já nem existe.

Mas todos fazem de conta que isso não sucede e nas horas de crise elegem-se responsáveis, vítimas e escolhem-se descamisados para proteger.