quinta-feira, junho 05, 2014

O verão quente de 2014

Passos Coelho decidiu ignorar as mais elementares normas democrática e levar a sua cintura industrial de Lisboa a cercar o Tribunal Constitucional. Passos quer governar sem Constituição, sem que Cavaco  faça cumprir a Constituição e sem que os juízes do Tribunal Constitucional chumbem decisões inconstitucionais. É óbvio que tem ignorado a Constituição, Cavaco está mais preocupado em ficar bem na selfie do que em fazer cumprir o que quer que seja, só resta os juízes que insistem em cumprir as suas obrigações.
  
Depois de três anos a gozar com a Constituição Passos Coelho ficou furioso porque ficou sem margem para campanha eleitoral. O desemprego pode ser iludido com a emigração e com truques estatísticos, o crescimento económico pode ser alimentado pelos milagres da Santinha da Horta Seca, mas fazer campanha sem o dinheiro dos pensionistas e funcionários públicos é mais difícil.
  
A três pontos do PS de Seguro, com o financiamento do Estado garantido com recurso a empréstimos externos adquiridos por antecipação, Passos Coelho tinha todas as condições para ganhar as eleições a um adversário fraco, bastaria para isso ter dinheiro para financiar as medidas eleitoralistas. Os cortes nos vencimentos e pensões davam a Passos a folga financeira para adoptar medidas eleitoralistas ou para evitar as consequências da manutenção das imensas gorduras do Estado que se esqueceu de eliminar.
  
Perante a derrota eleitoral quase óbvia Passos está desesperado e não hesita em pôr em causa o regime democrático, quer manter-se no poder a qualquer custo e não hesitará em lançar um confronto, mesmo que isso conduza a uma profunda crise institucional. Com Cavaco e Paulo Portas amestrados Passos julga-se em condições de fazer vergar tudo e todos.

Se Passos Coelho não hesita em atacar os fundamentos da democracia na sua luta desesperada para se manter no governo, Seguro segue o mesmo caminho e não hesita em levar o PS para a destruição porque assim garante a sua continuidade como líder de um partido, ainda que esse partido o deseje cadav ez menos e o seu eleitorado lhe tenha virado as costas.
  
Passos adia o cumprimento do acórdão do TC com recurso a truques, Seguro adia o mais possível a sua queda e lança o PS numa trajectória de implosão, tudo se encaminha para que devido a dois imbecis o país tenha um novo verão quente, sem um governo legítimo e legitimado, sem oposição democrática e com um presidente que se entretém a tirar selfies, a versão moderna do corta-fitas Américo Tomás.