quarta-feira, outubro 25, 2006

Portugal Não Sabe Nadar


Bastaram umas chuvadas e algum vento para que as situações de desespero ocorressem um pouco por todo o país. Habitações inundadas, restaurantes destruídos, vias públicas bloqueadas, pequenos negócios destruídos, são o resultado de umas chuvadas, nada que se tenha assemelhado a um verdadeiro temporal e muito aquém daquilo que poderia dar lugar a cheias.
É um sinal claro de que as entidades públicas e, em particular, as autarquias apostam mais nas inaugurações do que na manutenção do que existe. A inaugurações de novos equipamentos oferece maiores benefícios eleitorais do que a manutenção dos existentes, os próprios cidadãos estão mais disponíveis para bloquear uma estrada para que não se acabe com uma Scut do que para melhorar as escolas ou outras infra-estruturas públicas.
No caso particular de Lisboa os sinais de que se vive numa cidade votada ao abandono multiplicam-se em todas as esquinas, buracos nos passeios, candeeiros danificados, escolas primárias que parecem campos de concentração, passadeiras por pintar, o resultado das poupanças forçadas, da orientação dos recursos para as grandes obras imaginadas pela dupla Santana Lopes/Carmona Rodrigues.
Desta vez não houve razão para grandes mobilizações da comunicação social, não ocorreu a queda de nenhuma ponte nem de nenhum ministro, apenas morreu uma idosa afogada na sua própria casa, em Pombal, aliás, quase todos os dias morrem portugueses devido a deficiências de infra-estruturas públicas sem que issa pareça ser motivo de grandes preocupações.
PS: Jorge Coelho disse no programa Quadratura do Círculo que no caso da queda da ponte de Entre-os Rios a culpa morreu solteira. Porque motivo se demitiu deixando Gueterres entregue aos apupos, em vez de permanecer no ministério para identificar as causas do desastre? Ou achará que as insuficiências do funcionamento dos serviços da Administração Pública e a falta de recursos financeiros se resolve no banco dos réus?