O Regresso Das Manifs
Lisboa matou saudades dos tempos em que deverá ter sido a capital do mundo onde houve mais manifestações, se os manifestantes que se estivessem todos inscritos no mesmo círculo eleitoral davam para eleger dois ou três deputados do PCP.
Mas se as manifestações nos lembram os anos setenta, também a posição de Sócrates, indirectamente reflectida na posição da ministra da Educação que só aceita negociações sem manifs lembram-me uma famosa frase do Almirante Pinheiro de Azevedo.
Momento Santanista
Ainda estava meio estremunhado quando ouvi um secretário de Estado disse à TSF que a culpa do aumento do preço da electricidade era dos consumidores, a primeira coisa que me veio à cabeça foi “Afinal andei a sonhar e o Santana Lopes ainda é primeiro-ministro?”.
Não, não estava a sonhar e o Santana Lopes agora anda a atazanar o Marques Mendes, o tal secretário de Estado pertence ao governo de Sócrates e, como o próprio explicou, teve um mau momento. Digamos que teve um momento santanista, uma boa razão para Sócrates o deslocalizar para fora do governo.
E o pior é que neste caso pode dizer que “tal secretário de Estado, tal ministro” pois na semana anterior o bobo da corte foi o Manuel Pinho que num dia declarou solenemente o fim da crise e no dia seguinte disse que fazê-lo era uma infantilidade.
Coitado do Marques Mendes, com governantes destes ninguém presta atenção ao líder da oposição.
Só Deus sabe
O que terá passado pela cabeça do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais para ter proposto que quem reclamasse do Fisco veria o sigilo bancário levantado, e são mesmo necessários poderes intelectuais divinos para entendera relação entre tal medida e o combate à evasão fiscal. Foi mais um momento santanista, tal como o foi a aquele em que se retirou a medida sem avisar ninguém. Foi mais um momento santanista, plenamente justificado pois o secretário de Estado foi tão rápido a sair do PSD e a entrar para a área do PS que não teve tempo para se descontaminar nas Novas Fronteiras.
Scuts
Sócrates está de parabéns, em meia dúzia de meses e apesar da crise e de todas as medidas recessivas que tem adoptado algumas regiões enriqueceram tão rapidamente que o PIB per capita deixou de justificar a manutenção das Scuts. Esperemos que o progresso continue a este ritmo pois ainda vamos ser dispensados de pagar as taxas moderadoras, a taxa dos esgotos, e com sorte ainda nos safamos do aumento do preço da electricidade.
Os Grandes Portugueses
O que resta dos ossos de Salazar já não precisam de ensaiar os Pauliteiros de Miranda, graças a Pacheco Pereira e a outros bem pensantes da política portuguesa o ditador também é candidato a ser o maior português, a escolher pelos portugueses entre os spots publicitários do sabão Clarim e do sabão azul. Não escolher Salazar para grande português é uma omissão tão graves como a inexistência de qualquer referência às sopas de cavalo cansado ou as sandes de courato no livro da Maria de Lurdes Modesto.
Turismo Político
Portugal começa a ser o destino de uma forma estranha de turismo, o turismo político, primeiro foram os companheiros da FARQ colombiana que acamparam na Festa do Avante, agora são os camaradas chineses que vão estar no congresso do PS e por este andar ainda o Pinochet vai integrar uma excursão da terceira idade e vem apoiar o regresso de Paulo Portas à liderança do CDS.
À Primeira Cavadela Minhoca
Foi o que sucedeu ao Procurador-Geral da República que viu o nome proposto para adjunto ser chumbado no Conselho Superior de Magistratura. Mas um PS tão diligente quanto amnésico (foi ele que escolheu Souto Moura, o maior pesadelo que o partido teve desde a sua fundação) já está a tratar de reforçar as competências de Pinto Monteiro. Esperemos que não se venha a arrepender.
O tempo dos rigorosos
Com a política portuguesa sucede o mesmo que com as frutas, cada época tem as suas. Agora é a vez de aparecerem as divindades do rigor orçamental, o protagonismo é de personalidades como Manuela Ferreira Leite e Medina Carreira. Prefiro a Primavera.