Em Portugal as reformas, sejam quais forem, anda a conta-gotas, não são corajosas, arrastam-se, sofrem sucessivos ajustamentos, e acabam por não ser concluídas deixando atrás um rasto de sacrifícios pedidos aos cidadãos em nome da salvação do país. É a versão moderna da Igreja de Santa Engrácia.
Veja-se o governo de Durão Barroso/Santana Lopes que prometeu vestir-nos com algo mais do que uma tanga, durante dois anos foram medidas sucessivas sem grande nexo, que terminaram num PREC da direita. Desses dois anos não resta nada, a não ser a imaginação de Manuela Ferreira Leite que acha que deixou tudo pronto para que pudesse ser feito.
Pior do que uma má reforma é uma reforma incompleta ou que ficou por fazer, ou uma reforma que se vai ajustando ao sabor da capacidade de influência dos grupos de interesses.
Veja-se, por exemplo, o caso das Scut que se fundamentam no argumento do desenvolvimento regional mas que não são acompanhadas de quaisquer medidas que apontem nesse sentido. Se a par das Scut houvesse uma política que visasse a formação e fixação de quadros qualificados, a redução dos custos de investimento, a facilitação dos procedimentos, talvez se entendessem os seus levados custos.
Em Portugal governa-se cada vez mais a curto prazo, as grandes reformas são iniciadas mas acabam por ser adiadas, passamos o tempo a suportar sacrifícios por conta de reformas que não reformam nada. Não há português que já não esteja farto de suportar sacrifícios por conta de reformas inadiáveis que nunca foram concluídas.