O médico
É lamentável que ainda haja funcionários que considerem as paredes dos serviços públicos como escaparates para as suas brincadeiras e intervenções políticas, tratando-se de um vereador na CM de Guimarães ainda é mais grave, não lhe falta tribuna para as suas intervenções políticas. Sendo médico e militante político com um cargo público teve um comportamento abusivo e irresponsável, sabe muito bem o que lhe teria sucedido se tivesse feito o mesmo num serviço público de um dos seus paraísos imaginários.
A responsável pelo Centro de Saúde
Ser responsável de um serviço não implica que se ande a vigiar diariamente as paredes do centro de saúde para se certificar de que nenhum médico idiota se lembrou de produzir comunicação institucional por conta própria. Implica também que da sua gestão resulte o conhecimento e verificação das regras do jogo por parte dos funcionários.
A sua intervenção não se poderia limitar a retirar o papel pois o comportamento do funcionário foi abusivo, inaceitável e passível de um procedimento disciplinar. Se nada fez legitimou a decisão do ministro.
O ministro da Saúde
Se aproveitou o incidente para substituir a responsável do centro de saúde por um militante do PS, provavelmente designado pela secção local do partido, esteve muito mal, para além de transformar um mero incidente num saneamento com objectivos políticos, revelou falta de grandeza ao ceder ao oportunismo político.
Se a substituição da responsável do serviço pode ser aceitável, mesmo se a ocorrência de qualquer incidente, o seu aproveitamento para colocar um boy é condenável e destrói a imagem de independência em relação ao aparelho do PS que o ministro fez passar no início do seu mandato.
O utente queixoso
É legítimo que um utente se queixe perante uma situação destas, se o funcionário usa abusivamente um serviço público para abusar da sua condição de médico obter ganhos políticos também teremos que admitir que um qualquer cidadão se indigne e apresente queixa.
Mas se esse utente foi lá enviado pela estrutura do PS ou para além de actuar como cidadão usou o facto pela via partidária estamos perante um comportamento bem mais grave e perigoso do que o do médico, da responsável do centro de saúde ou do ministro.
Se os militantes do PS assumirem como tarefa partidária andarem pelos serviços públicos vigiando a actuação das chefias ou dos funcionários passamos a ter um partido de Estado e os seus militantes deixam de ser militantes partidários para passarem a estar investidos de um misto de funções de bufos e de membros da Legião Portuguesa.
Só que os novos bufos agora usam o estatuto disciplinar para endireitar a oposição e o sms e o livro amarelo parta bufar.
José Sócrates
Depois do caso da DREN são de esperar muitos outros casos pois são evidentes os indícios de que aqueles qu há dois anos era um Zé Ninguém no PS tem agora uma horda de gente de qualidade questionável que chamou a si a tarefa de promover o culto da personalidade do primeiro-ministro.
Resta a José Sócrates dar sinais claros de que não quer uma democracia à mexicana mandado prender os cães que nos últimos tempos se soltaram do canil. Infelizmente, como sucedeu no caso DREN, não é isso que Sócrates está a fazer, parece que aprecia os que o querem servir de forma canina.