sábado, junho 23, 2007

€urocracia à portuguesa


De vez em quando o “Compromisso Portugal” reaparece, faz uma visita ao Presidente da República em funções, aluga uma igreja abandonada, faz um simulacro de conferência e desdobra-se em conferências de imprensa conduzidas por António Carrapatoso.

Quem representa o “Compromisso Portugal”? A não ser que algum zeloso assessore e imprensa do primeiro-ministro faça as contas para determinar a percentagem do PIB que representam não se pode saber qual a sua representatividade.

Aliás, desde que Sócrates começou a fazer viagens enquanto primeiro-ministro que se introduziu um novo conceito de representatividade, ao Brasil foram x% do PIB, à Índia viajaram y% e para a Rússia rumaram z%. É a nova forma democracia participada de Portugal, as opiniões valem pelo capital que representam. Já ninguém pergunta quem representa quem, ou quem elegeu quem, os novos representantes são accionistas do país, os eleitores manifestam-se uma vez de quatro em quatro anos, os accionistas fazem-no todos os outros dias.

Se um novo procurador-geral toma posse a agenda da primeira semana no exercício de funções é para receber as forças vivas o país, como, por exemplo, os presidentes dos bancos envolvidos na Operação Furacão. Se ninguém se entende com o novo aeroporto o Presidente encomenda um estudo à CIP e o Governo sugere quais as associações que devem ou não participar.

Todas as outras organizações representativas de grupos sociais são esquecidas, a não ser que o Fernando Negrão ande desesperado por alguns votos e decida visitar as associações recreativas dos bairros populares de Lisboa.

A democracia esta a ser transformada numa €urocracia, a opinião dos cidadãos pouco importa, apenas se manifestam nas eleições para escolher as melhores mentiras, as opiniões valem pelo dinheiro que representam. Por este andar o parlamento vai funcionar como uma bolsa e valores e deixará de se aplicar o princípio de "um cidadão, um voto", os portugueses valem pela percentagem do PIB que representam, ou seja, pelas acções que têm no país, pela riqueza que conseguiram obter.

A lógica é simples, o país é governado pelos mais capazes e os mais capazes são os que acumularam mais riqueza, pouco importando a forma como o conseguiram.