Ciclicamente alguém repara que a população portuguesa esta a envelhecer e refere a necessidade de serem adoptadas políticas de natalidade, ainda recentemente o Presidente da República fez uma referência ao tema. Trata-se de uma evidência preocupante que tenderá a ser cada vez maior pois a tendência para esse envelhecimento da população tem vindo a acentuar-se, não só cada vez as famílias são menos numerosas como o primeiro filho nasce cada vez mais tarde.
A questão que se coloca é saber que medidas podem ser adoptadas para promover a natalidade, problema que não será fácil de resolver pois muitas dessas medidas não dão grandes ganhos eleitorais, para o perceber basta olhar para o discurso dos candidatos à CM de Lisboa? Desde que foi decidida a realização de eleições intercalares os candidatos desdobram-se em visitas a velhinhos, no caso do candidato do PSD percebe-se mesmo que tudo faz para evitar uma pesada derrota com os votos dos mais idosos.
Investir num lar de idosos é mais rentável eleitoralmente do que melhorar os equipamentos de uma escola primária, gastar os recursos em túneis ou em parques de estacionamento permite obter maiores financiamentos partidários do que construir equipamentos para os mais jovens. A ternura dos políticos vai para os “velhinhos” que votam e o dinheiro vai para grandes obras públicas que dão mais lucro.
Há quem defenda reduções de impostos para famílias numerosas como reivindica uma associação formada por bons cristãos que mas não me parece que o problema da natalidade se resolva por benefícios fiscais para famílias numerosas, até porque uma boa parte das famílias numerosas ou resultam do mecanismo do rendimento mínimo ou são bons cristãos bem instalados na vida que podem colocar os filhos nos colégios da Opus Dei.
Lisboa é um bom exemplo do que se pode fazer pois tem-se assistido nas últimas décadas ao envelhecimento da população ao mesmo tempo que os mais jovens são expulsos da cidade para os concelhos vizinhos. A classe média que mais contribui com impostos é impedida de beneficiar das infra-estuturas públicas, a consulta implica uma via sacra burocrática, a escola não oferece nem horários nem garantias de qualidade e as infra-estruturas de lazer ou não existem ou são convertidas em espaços privativos para concertos de rock.
Para promover a natalidade são necessárias políticas corajosas e digo corajosas porque essas políticas não trazem grandes benefícios eleitorais. Sucede com a questão da natalidade o mesmo que com outros grandes problemas sociais, tudo o que não contribui com votos na próximas eleições, seja votos ou dinheiro para os obter, não merece a atenção da nossa “elite” política.