sábado, junho 30, 2007

Sócrates, de bom a mau passando por menos mau


Sócrates foi o dirigente político com mais sorte neste país, num dia ninguém dava nada por ele, no outro era primeiro-ministro com uma maioria absoluta que políticos bem melhores do que ele e com muitas provas dadas nunca alcançaram. Bastou para tanto que o Processo Casa Pia tivesse decapitado o PS, Vitorino dispensasse o poder e o PSD apresentasse Santana Lopes depois deste ter chumbado no estágio governamental. Sócrates nem teve que jogar, foi jogado para o poder.

Se contra Santana Lopes o líder do PS beneficiava da ilusão de parecer bom, face a Marques Mendes apenas parece menos mau, nas sondagens os eleitores têm excluído Marques Mendes da esperança de vir a ser primeiro-ministro, como o total das percentagens de intenções de votos têm de perfazer os 100%, José Sócrates vai sobrevivendo. Muitos dos portugueses que votaram Sócrates manifestam a intenção de voltar a fazê-lo, uns por convicção ou militância partidária e muitos outros porque Marques Mendes não é melhor do que Santana, o actual líder do PSD é uma versão mais palaciana da.

Sócrates é bom, menos mau ou mau mais em função da alternativa do que do seu desempenho que, como se tem visto, está aquém das expectativas. Sócrates poderá passar de menos mau a mau se a oposição apresentar uma candidatura credível.

Tal como numa economia em crescimento, em que são visíveis os sinais da inversão do ciclo, também na opinião pública há sinais de que Sócrates já teve melhores dias. As suas políticas ou são insuficientes ou são feitas à custa dos mesmos, alguns dos seus ministros não passam de anedotas, as reformas são feitas em função dos calendários eleitorais, projectos como o Simplex não passam de propaganda oportunista, os investimentos públicos visam ajustar o ciclo económico ao calendário político.

Sócrates ainda ganha nas sondagens mas está a perder a batalha da opinião pública, a maioria dos que falam ou escrevem em público já não fazem, a maioria afasta-se de Sócrates e são cada vez menos os que o elogiam. O diploma transformou-o em fonte de humor mesmo para maus contadores de anedotas como Mário Lino, o caso DREN e agora o SAP de Vieira do Minho revelam um líder partidário que não respeita a linha divisória entre o Estado e o partido, o absolutismo vai ganhando forma e exprimindo-se um pouco por todo o lado, o exercício do poder revela-se como um instrumento de manutenção do poder.

Ou Sócrates se deixa de embalar por sondagens viciadas pela falta de alternativas ou quando estas surgirem e se tornar evidente a sua queda vai ser tarde para mudar uma opinião pública que o primeiro-ministro já está a perder.