quarta-feira, junho 06, 2007

O programa de acesso a computadores e banda larga



O Famoso Plano Tecnológico já parecia estar morto quando Sócrates se apressou a divulgar a distribuição de computadores, num debate parlamentar que se previa animado o que não sucedeu porque Portugal tem a oposição mais incompetente da Europa e arredores, tão incompetente que nem Louça, o candidato à substituição de Jerónimo de Sousa no estatuto de líder do proletariado moderno, conseguiu esconder que não sabia como são fixados os serviços mínimos nas empresas paralisadas por greves.

A distribuição de computadores, uns oferecidos, outros vendidos a prestações e outros ainda vendidos em saldo é uma medida positiva, mas só porque é bom que hajam mais portugueses que os usem e acedam à Internet. É uma medida positiva mas esconde o pouco que se tem feito no domínio da sociedade de informação.

Antes de mais, é evidente que a venda de computadores a baixo preço aos professores é uma falsa medida, a maioria dos professores usam computadores comprados pelos próprios para poderem dar ou preparar as suas aulas. Se o Governo pretende que os professores usem computadores para melhorar a qualidade do ensino então não deveria vendê-los, há muito que os deveriam ter distribuído gratuitamente pelas escolas. A qualidade do desempenho dos professores não depende apenas de estatutos de carreiras, de avaliações ou de regime de faltas.

Quantas páginas existem em Portugal que visem o apoio ao ensino? O que fizeram os governos neste domínio?

A verdade é que os governos têm feito muito pouco, ao fim de dois anos de Plano Tecnológico e de Simplex assistimos a muita publicidade e a poucos resultados, a Internet continua a passar ao lado de Portugal onde muito se consome e pouco se produz. A Administração Pública pouco mudou para além da mediatização de algumas inovações a que o Governo chamou Simplex, a iletracia no domínio das tecnologias da informação é a regra dos dirigentes, a produção de conteúdos é quase nula, as páginas oficiais apresentam em regra uma qualidade confrangedora, da acessibilidade só se conhece o símbolo que num webmaster se esquece. A regra do Estado neste sector ainda é o amadorismo.

No sector privado a realidade é a mesma, são raras as empresas que aproveitam as oportunidades oferecidas pelas web, a generalidade das páginas web existem porque fica bem tê-las, mas de pouco servem para além de saber o nome e a morada dos proprietários.

A web tem sido promovida em Portugal apenas na perspectiva do consumo, os únicos que lucraram com esta situação foram as empresas de telecomunicações que souberam tirar partido da situação prestando um serviço caro, de qualidade não raras vezes duvidosa e sem qualquer controlo por parte da entidade reguladora que nem consegue ou quer obrigar as empresas a prestarem o serviço pelo qual cobra, designadamente no que se refere às velocidades.

É bom multiplicar os computadores e os acessos à Internet, mas estão a esquecer-se que a web portuguesa é um deserto de páginas de qualidade, um deserto bem mais real do que aquele que Mário Lino descobriu na margem sul.