sexta-feira, novembro 07, 2008

Eles não gostam de blogues


Os políticos não gostam de blogues, as recentes declarações de António Costa não me surpreendera, nem mesmo as de Pacheco Pereira, ele próprio um blogger conhecido. Aliás, o poder não gosta de blogues, não admira que o Procurador-Geral tenha dito numa entrevista que tinha dado instruções à sua assessora de imprensa para não dizer o que se escreve nos blogues.

Não admira que os políticos desprezem os blogues, a não ser os que são escritos por alguns notáveis. Na verdade os políticos portugueses têm o maior desprezo pelas opiniões dos eleitores, preocupam-se com os votos e, antes das eleições, com as intenções de voto das sondagens, mas nunca vi um político do poder interrogar-se sobre o que pensam ou opinam os portugueses.

O incómodo que os blogues provocam nalguns políticos lembra-me o tempo em que ajuntamentos de três pessoas equivaliam a uma manifestação. Se o cidadão anónimo se limita a expressar a sua opinião ao vizinho, ao colega de trabalho ou ao companheiro da bica está bem, mas se lhe ocorrer fazer chegar essa opinião a umas dezenas, centenas ou mesmo milhares de pessoas isso incomoda os políticos. Começa-se logo a questionar quem é tal pessoa e se o blogger quiser continuar anónimo como sempre foi na vida anda muito boa gente a tentar identificá-lo.

O blogger não só é indisciplinado e pensa de forma livre como não está ao alcance das máquinas partidárias, ainda por cima diz o que pensa de um político sem lhe pedir para se pronunciar. Ao contrário do blogger, o jornalista está sempre ao alcance do assessor de imprensa (que em regra é um jornalista) o que permite aos políticos amaciar ou mesmo impedir que saiam muitas notícias. Além disso há sempre uns beberetes onde os políticos criam intimidades com jornalistas e articulista.

O que os políticos odeiam nos blogues não são os disparates que às vezes vemos, nem são esses blogger que os políticos mais temem. O que eles receiam mesmo é a opinião livre, aquilo a que eles não estão nada habituados é que o cidadão comum faça chegar a sua opinião a outros cidadãos comuns, sem que essa opinião seja filtrada pelos assessores.

Em suma, o que os políticos detestam mesmo é que os cidadãos tenham opiniões e que, ainda por cima, se consigam fazer ouvir.