Os políticos não gostam de blogues, as recentes declarações de António Costa não me surpreendera, nem mesmo as de Pacheco Pereira, ele próprio um blogger conhecido. Aliás, o poder não gosta de blogues, não admira que o Procurador-Geral tenha dito numa entrevista que tinha dado instruções à sua assessora de imprensa para não dizer o que se escreve nos blogues.
Não admira que os políticos desprezem os blogues, a não ser os que são escritos por alguns notáveis. Na verdade os políticos portugueses têm o maior desprezo pelas opiniões dos eleitores, preocupam-se com os votos e, antes das eleições, com as intenções de voto das sondagens, mas nunca vi um político do poder interrogar-se sobre o que pensam ou opinam os portugueses.
O incómodo que os blogues provocam nalguns políticos lembra-me o tempo em que ajuntamentos de três pessoas equivaliam a uma manifestação. Se o cidadão anónimo se limita a expressar a sua opinião ao vizinho, ao colega de trabalho ou ao companheiro da bica está bem, mas se lhe ocorrer fazer chegar essa opinião a umas dezenas, centenas ou mesmo milhares de pessoas isso incomoda os políticos. Começa-se logo a questionar quem é tal pessoa e se o blogger quiser continuar anónimo como sempre foi na vida anda muito boa gente a tentar identificá-lo.
O blogger não só é indisciplinado e pensa de forma livre como não está ao alcance das máquinas partidárias, ainda por cima diz o que pensa de um político sem lhe pedir para se pronunciar. Ao contrário do blogger, o jornalista está sempre ao alcance do assessor de imprensa (que em regra é um jornalista) o que permite aos políticos amaciar ou mesmo impedir que saiam muitas notícias. Além disso há sempre uns beberetes onde os políticos criam intimidades com jornalistas e articulista.
O que os políticos odeiam nos blogues não são os disparates que às vezes vemos, nem são esses blogger que os políticos mais temem. O que eles receiam mesmo é a opinião livre, aquilo a que eles não estão nada habituados é que o cidadão comum faça chegar a sua opinião a outros cidadãos comuns, sem que essa opinião seja filtrada pelos assessores.
Em suma, o que os políticos detestam mesmo é que os cidadãos tenham opiniões e que, ainda por cima, se consigam fazer ouvir.