Ainda Oliveira e Costa não se habituou à sua nova residência e já a sua detenção está a provocar ondas de choque que levaram mesmo o Presidente da República a emitir um comunicado manifestando a sua indignação por aquilo a que chama tentativas de associar o nome do Presidente da República à situação do Banco Português de Negócios (BPN). No comunicado, cuja necessidade ninguém entende, o Presidente da República chega mesmo a informar que ele e a sua esposa “não devem um único euro a qualquer banco, nacional ou estrangeiro, nem a qualquer outra entidade”, como se recorrer ao crédito bancário pudesse ser motivo de dúvidas sobre o comportamento ético de um cidadão.
Quer queira, quer não, Cavaco Silva vai ouvir o seu nome associado não aos negócios do BPN mas aos seus responsáveis, personalidades como Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Miguel Cadilhe, Rui Machete e outros que faziam parte da primeira linha do cavaquismo nos tempos em que o actual Presidente da República era primeiro-ministro. Foi durante o seu governo que Oliveira e Costa se notabilizou por conceder perdões fiscais, chegando ainda a ser acusado de várias perseguições fiscais, incluindo a Nobre Guedes, então dirigente do CDS.
Dias Loureiro, um dos seus braços direitos de sempre, tentou usar o parlamento e, como este não o permitiu, recorreu à televisão numa tentativa de provar a sua inocência à margem das investigações e antes que estas se lembrassem dele. Só não se entende é a razão porque quebrou o seu longo silêncio para anunciar a sua inocência na praça pública, o lógico seria esperar ser ouvido pelo Ministério Público ou manifestar a sua disponibilidade para ser ouvido. Mas não, preferiu dizer aos portugueses que comprava empresas duvidosas porque é distraído e assinava de cruz porque para ele a contabilidade é coisa de sábios e o Oliveira e Costa era um bom fulano. Só não explicou como se chega a rico sem saber fazer contas, comprando empresas fantasmas e sem fazer as contas, um verdadeiro milagre.
Parece que a culpa é toda do Oliveira e Costa (eleito boi da piranha deste processo) em quem confiou, e do Banco de Portugal a quem denunciou as dúvidas sobre o seu amigo, precisamente aquele em quem tinha confiado ao ponto de desaparecerem dezenas de milhões de euros debaixo do seu nariz. Portanto, Dias Loureiro, o homem do aparelho do PSD e das secretas, deixou-se enganar e ainda por cima o Banco de Portugal não lhe deu ouvidos. Se já sabíamos que Dias Loureiro foi um político bem sucedido, agora soubemos que o conseguiu apesar de ser ingénuo.
Já tínhamos um malandro, o Oliveira e Costa, agora temos um segundo, o António Marta que não só fez ouvidos de mercador perante as denúncias de Dias Loureiro, como, ainda por cima, se veio a revelar um "mentiroso". Coitado do Dias Loureiro, foi enganado por alguém em confiava e agora é vítima de António Marta, é caso para se dizer que já não se pode ser honesto neste país, é-se enganado por um amigo e quando se vai alertar António Marta, um amigo do amigo Beleza, este vem dizer tudo ao contrário, que o Dias Loureiro não denunciou nada, que apenas queria saber o que o BdP sabia sobre o BPN. Alguém acredita que Dias Loureiro iria fazer uma coisa destas? É por estas e por outras que não há como fazer as coisas por escrito, o que neste caso até seria a forma mais lógica e transparente.
Enfim, estava tudo a correr bem até ao momento em que Oliveira e Costa foi detido, agora é o que se está a ver, é caso para dizer “oh Ilda, mete os putos na barraca que vai haver pedrada!.