Aviso: este post é pura ficção, qualquer semelhança com personagens reais é mera coincidência.
No reino da Amigolândia todos são amigos, as regras regem-se por regras simples, os amigos são para as ocasiões, o amigo do meu amigo meu amigo é, a amizade reina na Amigolância, acima das ideologias ou dos partidos, os laços de amizade são transversais. Há sempre um amigo colocado, entre cada um e o poder arranja-se sempre um amigo que comum que estabelece a ponte, se o presidente não for amigo, é o primeiro-ministro, se este não está no nosso circulo de amizade sempre se arranja um ministro ou, nas piores das hipóteses, um secretário de Estado. Os amigos, cidadãos de primeira da Amigolândia, tudo conseguem, o sucesso está sempre ao seu alcance, uns ficam pela política, outros chegam a banqueiros, outros ascendem a gestores de topo.
O Amendoeiro, que foi secretário-geral do partido do poder tem amigos por todo o lado, possuidor de uma grande inteligência soube, ao longo de anos, criar laços de amizade em todos os partidos. Homem de confiança do então primeiro-ministro enriqueceu nas bolsas de valores, vendeu acções de amizade a bom preço, de modesto jurisconsulto haveria de chegar a banqueiro bem sucedido, já depois de a Amigolândia ter deixado de ser o oásis ou a democracia de sucesso.
Amigo do presidente da Amigolância, admirador confesso do primeiro-ministro da Amigolândia, amigo dos homens das secretas, da banca, das autarquias, dos governos civis, dos governos regionais, das empresas de obras públicas, o Amendoeiro é um dos maiores amigos que se pode ter na Amigolância. Ele constrói um banco, ele lança empresas por todos os lados e sectores, ele nomeia ministros e secretários de Estado de vários governos, ele é compadre de amigos dos partidos do governo e da oposição, ele organiza jantares de homenagem, ele é um dos amigos com mais amigos na Amigolândia.
O Amendoeiro era um político de sucesso, um opinion maker de sucesso, um banqueiro de sucesso, um empresário de sucesso, tudo onde tocava tinha sucesso, fosse num candidato a presidente ou em quem quisesse ser primeiro-ministro, era o padrinho, o senador da Amigolância. Era tudo isto e muito mais, demais para que deixe de ser, para que perca a imunidade que lhe é conferida pelo estatuto de senador da Amigolândia, para que tenha que explicar, seja a quem for, qual foi a fórmula de sucesso da sua riqueza, como não perdeu dinheiro com o banco da Amigolândia, como saiu a tempo de ver as suas acções desvalorizadas, tudo isso sem saber nada de contabilidade.
Na Amigolândia quem tem amigos está sempre safo.