quinta-feira, novembro 06, 2008

Eu também quero um Magalhães!


Tenho evitado comentar o “Magalhães” e quando o quis fui engolido pela agenda política nacional e pela eleição de Obama, mas não queria deixar de dizer a Sócrates que desde que o vi na Cimeira Ibero-Americana tenho sonhado com ter um “Magalhães”.

Antes devo dizer que não partilho das críticas que tenho ouvido sobre o pequeno computador que, pela cor e formato, me parece ser uma versão electrónica do Viagra e, pela forma eriçada como que Sócrates exibe o seu novo instrumento de trabalho, é de crer que resulte. Não é mesmo português? Vê-se logo que não é português, se tivesse sido produzido no Entroncamento o tamanho seria outro e, se fosse mesmo português, teria o desenho do galo de Barcelos.

Riu-me quando os defensores locais da imensa indústria de contrafacção da China andam preocupados com a nacionalidade do Sócrates. Divirto-me aler as crónicas de Pacheco Pereira onde o guru de Manuela Ferreira Leite se iniciou nas questões da pedagogia só para questionar a utilidade do “Magalhães”, para não referir os receios de que a criançada passe a ver as coelhinhas da Playboy a exibir as suas partes, ou, como se dizia antigamente, aquela coisa que serve para fazer xixi.

Há quem critique Sócrates por ter ido vender o “Magalhães” em plena Cimeira Ibero-Americana, são os mesmos que não criticaram Cavaco quando vendeu o GPS luso a um rei Juan que tem as melhores tecnologias de geo-localização no seu veleiro. De qualquer das formas, os “Magalhães” oferecidos por Sócrates e o GPS de Cavaco Silva devem ter tido o mesmo destino, a estas horas os filhos dos motoristas já os devem ter feito em cacos.

Mas ainda bem que temos um “Magalhães” para vender nas cimeiras, sempre é melhor que vender mão-de-obra barata e mansa, como fez o ministro da Economia na visita à China. E o ministro da Economia estava com sorte, com o desemprego o que há mais são trabalhadores dóceis para emprestar aos chineses, se assim não fosse teria que vender umas garrafas de medronho produzido à socapa.

E como há muito que não produzimos a Zundapp, Sócrates tinha mesmo que vender o Magalhães aos seus parceiros, se em vez de vender o computador se tivesse lembrado de vender pastéis de bacalhau os portugueses teriam que trabalhar por turnos só para pagar o petróleo venezuelano. Calculo que Sócrates já está a pensar o que vai oferecer nas próximas cimeiras, talvez jogadores de futebol, até imagino o Durão Barroso com um jogador do Olhanense ao colo, ou sandes de courato, marmitas com “cozido à portuguesa” ou ainda (porque não?) aquelas embalagens luxuosas de papel higiénico da Renova, o Chavez ia adorar limpar o rabinho em papel vermelho, almofadado e com cheirinho a alecrim ou a rosmaninho.

Mas o que me levou a abordar o Magalhães não é a importância que o papel higiénico da Renova pode ter no contexto da diplomacia económica, é que depois de saber que todos os assessores de Sócrates usam o Magalhães (provavelmente foi por isso que a famosa pen orçamental só tinha uma parte do OE) eu fiquei cheio de inveja e também quero um. Já me imagino a passear de “Magalhães” e os motoristas do ministério a tirarem-me o chapéu por pensarem que sou assessor de Sócrates. Com alguma sorte até me posso livrar alguma multa de estacionamento, basta exibir ao pobre polícia o meu Viagra electrónico, sinal de que sou um confesso admirador e, muito provavelmente, um dos seus anónimos assessores.

Além disso, o e-escolinha, a combinação do “Magalhães” com internet móvel, é bem melhor do que o e-teixeirinha que o ministro das Finanças me deu no emprego. Não está sujeito a happy hour, posso mandar mails sem recear que um qualquer agente da IGF saiba das minhas intimidades e até dá para ir carregar O Jumento para casa de banho que sempre é mais divertido do que ler os graffitis da porta do WC.

Por estas e por outras eu também quero um “Magalhães”, quero evoluir do e-teixeirinha para o e-escolinha.