quinta-feira, novembro 13, 2008

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Gaivota na calçada (será um passo de dança?), Rossio, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Finbarr O'Reilly / Reuters]

«La ley del Congo. Un soldado del Gobierno fuma en Goma, República Democrática del Congo, donde la violencia ha desplazado a unas 250.000 personas.» [20 Minutos]

JUMENTO DO DIA

Ana Jorge, ministra da Saúde

O mínimo que se espera de uma ministra da Saúde que vai ao Parlamento discutir o Orçamento de Estado é que conheça as contas do seu ministério.

MAIS UM FORTE APOIO AOS PROFESSORES

Alberto João alinhou com Manuela Ferreira Leite e veio apoiar os professores depois de ter avaliado os professores da Madeira por portaria, dando o exemplo de como se governa ouvindo os trabalhadores. Só não sei como se sentirão Bernardino Soares e Louçã quando na próxima avaliação tiverem ao seu lado o Alberto João em luta contra o "modelo marxista" de avaliação.

A ESQUERDA PORREIRA

Manuel Alegre está a introduzir um novo conceito de esquerda em Portugal, a esquerda porreirista, uma esquerda que não governa e que espera pelas manifestação para dizer o que pensa, uma esquerda que pensa em função das sondagens e que considera que governar é ter tiques autoritários.

Que pena que tão bons princípios não tenha salvo o jornal "O Século"!

OS ALUNOS DE FAFE

Não entendo porque ninguém teve coragem para assumir o apoio ao comportamento dos alunos de Fafe, talvez porque pensem que os portugueses são parvos. Os mesmos que agora condenam estiveram presentes, assistiram ao espectáculo e riram, mas como a opinião pública começou a questionar a responsabilidade moral dos comportamentos lá optaram pela condenação.

Só que tirando os ovos os alunos de Fafe nada mais fizeram do que imitar o líder da Frenprof e outros professores, aliás as esperas ao primeiro-ministro até usaram linguagem mais ofensiva do que a usada pelos alunos.

A CORTINA DE FERRO

«Enquanto o ministro das Finanças e o primeiro-ministro se preparavam para assegurar que os depósitos e as poupanças dos portugueses estavam garantidos, os gestores que lidam com o dinheiro das contribuições para o sistema de Previdência tratavam de levantar 300 milhões de euros aplicados no BPN, decisão que agravou os problemas de liquidez da instituição. Após a propriedade ter passado para as mãos do Estado, os mesmos gestores voltaram a confiar ao banco parte do dinheiro que têm sob a sua responsabilidade. » [Jornal de Negócios]

Parecer:

João Cândido da Silva.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

UMA COISA DE CADA VEZ

«Sucede, porém, que a comunidade escolar não pode nem deve viver em roda livre. Ela tem por força que prestar contas perante os alunos, as famílias e o País (representado pelo Governo) e é aqui que entra o tema da avaliação. Para que as coisas melhorem, as normas internas de auto-regulação (as únicas que agora existem) têm que ser complementadas com normas externas e depois transformadas em função delas. Não se trata de negar a importância das normas internas, mas de retirar-lhes o carácter exclusivo de que actualmente beneficiam, visto que, na prática, a presente situação configura um predomínio dos pontos de vista e dos interesses dos professores, sobre os do país que devem servir.

Diz-se, com razão, que o sistema proposto tem falhas. Por mim, encontro pelo menos duas, que, por falta de espaço, não aprofundarei: a variação do modelo de escola para escola e a ligação que nele se estabelece entre o desempenho dos alunos e o dos professores. E haverá decerto outras que desconheço.

Será isto razão bastante para interromper o processo de avaliação? Para, como alguns dizem, "parar para pensar"? De forma nenhuma. A busca do modelo perfeito é uma doença da nossa cultura empresarial e organizacional que conduz directamente à procrastinação. Esperar pela solução sem mácula para só então avançar não passa, as mais das vezes, de uma desculpa para a inércia.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Por João Pinto e Castro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A MUDANÇA FOI ONTEM

«Uma adivinha: o que é que tem a retórica de Bill Clinton, as ideias e as políticas de Bill Clinton, o pessoal que serviu Bill Clinton, e ganhou como Bill Clinton em 1992, mas não é Bill Clinton? Resposta: Barack Obama. E porque é que não nos convém vê-lo assim, como a reedição revista dos líderes de esquerda que governaram o Ocidente na década de 1990? Porque não queremos renunciar ao mito da "mudança", que há décadas anima as eleições no Ocidente.

De Obama, numa espécie de racismo virado do avesso, só nos tem interessado a cor da pele. A semana passada, no Washington Post, Anna Applebaum contou a história de uma amiga conservadora, absolutamente determinada a votar McCain, mas que no dia da eleição acabou por escolher Obama, por esta simples razão: porque tinha de votar no primeiro Presidente de cor, de "partilhar" esse momento que até McCain e Bush admitiram ser "histórico". Nesta eleição americana, mesmo a mais avisada gente preferiu, às complexidades do debate político actual, a opção fácil e sentimental de reviver imaginariamente a abolição da escravatura e da segregação, como se tivessem acontecido agora, graças a eles, e não há algumas gerações, com o esforço e sacrifício de outros.

Há aqui um curioso paralelismo: tal como na economia andámos a viver de crédito, passámos em política a viver de símbolos e emoções. O sistema político funcionou desta vez como o sistema financeiro, alavancando velhas retóricas e ideias antigas com um psicodrama histórico, e vendendo depois o pacote como uma novidade absoluta, destinada a fazer os compradores sentirem-se muito contentes consigo próprios e a sua capacidade de mudar.

Os mais determinados em acreditar que Obama vai alterar tudo foram os seus adversários mais facciosos: a direita conservadora americana nunca previu menos do que uma revolução bolchevista. Em contrapartida, à esquerda, já muita gente tem ao lume o conhecido guisado da "esperança traída", que servirá para provar mais uma vez que dos EUA nem bom vento, nem bom presidente.

Não haverá diferenças? É claro que haverá. Mas levarão essas diferenças à grande "transformação" que alguns anteciparam ao festejar Obama? Há quatro anos, ao reeleger Bush, muitos conservadores convenceram-se de quem também eles podiam refazer o mundo à sua imagem e semelhança. Viu-se. O mundo não é plasticina. Para começar, porque este é um mundo em que nem toda a gente pensa da mesma maneira - o que, numa democracia, torna complicadas as refundações. Apesar da impopularidade de Bush, da crise financeira e da simpatia de Obama - isto é, nas piores circunstâncias imagináveis para os republicanos -, 46 por cento do eleitorado escolheu o candidato republicano, que em 2008 conseguiu mais votos do que em qualquer eleição dos últimos 30 anos, excepto 2004.

Obama, cujo principal objectivo há-de ser a reeleição em 2012, não se esquecerá disso. Por alguma razão, ele diz acreditar no casamento como "uma união sagrada" (sic) entre uma mulher e um homem, explica que sairá do Iraque apenas para entrar no Afeganistão, e propõe-se salvar as "classes médias", e não iniciar uma revolução de descamisados. A sua esquerda é aquela que foi corrigida por Clinton para um país mais conservador e mais capitalista do que a Europa.

Ninguém sabe como vai ser a presidência de Obama. Mas sabemos o que ele promete: injectar dinheiro na economia e impedir que o poder dos EUA seja posto em causa. Tal como Bush. No fundo, o grande problema é que nós já mudámos há algum tempo: formamos hoje, no Ocidente, as mais prósperas e envelhecidas sociedades que alguma vez existiram no planeta. Mudar seria talvez reconhecer, não o que podemos, mas o que não podemos. Não podemos sustentar o nível de vida a que nos fomos acostumando, graças ao crédito barato e aos preços baixos made in China. Não podemos esperar um mundo consensual e formatado segundo os nossos padrões e preferências, quando pela primeira vez desde o século XVIII o resto do mundo produz mais valor do que o Ocidente (daqui a 20 anos, a China terá uma economia maior do que a dos EUA). Mas, ao mesmo tempo, os nossos hábitos e expectativas não nos permitem renunciar a nada: nem ao conforto em casa, nem à glória no mundo. Por isso, a política que preferimos é esta: a que fala de uma mudança a acontecer, para não ter de enfrentar a mudança que já aconteceu.

Há anos que andamos a adiar esse momento de lucidez - o que temos conseguido, graças a banqueiros engenhosos e a líderes intervencionistas como Clinton e Bush. Com sorte, talvez Obama consiga adiar o choque da realidade durante mais uns anos.» [Público assinantes]

Parecer:

A mudança foi ontem.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ALEGRE DÁ RAZÃO A TODOS MENOS AO PS

«O primeiro-ministro, José Sócrates, acusou Manuel Alegre de "estar sempre disponível para dar razão a toda a gente, menos ao Governo e ao PS", a propósito das críticas que aquele deputado socialista fez à ministra da Educação.

"Manuel Alegre está sempre disponível para dar razão a toda a gente, menos ao Governo e ao PS", referiu José Sócrates, que falava em Ponte de Lima.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Outra coisa não seria de esperar, Manuel Alegre ainda não digeriu as derrotas nas directas do PS e nas presidenciais, nem ele nem os que sonharam com altos cargos caso Alegre tivesse ganho.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ofereça-se uma Alka-Seltzer a Manuel Alegre.»

DECISÃO ABSURDA

«Os funcionários públicos que entrem ao serviço a partir de Janeiro de 2009 vão passar a descontar para a ADSE sobre 14 meses, enquanto que os actuais trabalhadores continuam a fazer descontos apenas sobre 12 meses.

O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo secretário de Estado do Orçamento, Emanuel dos Santos, que falava aos jornalistas no final das reuniões com os sindicatos no âmbito das negociações para os aumentos salariais para 2009.» [Correio da Manhã]

Parecer:

A falta de coragem e de equilíbrio na reforma da Administração Pública leva a que haja dois tipos de funcionários, os funcionários antes de Sócrates e os funcionários depois de Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se.»

CONDENADOS POR TEREM PINTADO UMA PAREDE

«O Tribunal de Viseu aplicou uma pena de multa de 350 euros a dois militantes da Juventude Comunista Portuguesa, condenados por um crime de dano simples. O crime foi a pintura de um mural onde anunciavam o congresso da JCP. Os jovens foram ainda condenados ao pagamento de uma indemnização à Câmara Municipal de Viseu (CMV) de 102 euros. A defesa, a cargo da antiga deputada Odete Santos, anunciou o recurso da decisão, "até à última instância", e considerou que Viseu "é uma terra conservadora e com falta de democracia".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Vou pintar um mural na sede do PCP, na rua Soeiro Pereira Gomes, só para ver o que diz a Odete Santos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pinte-se o mural e convide-se Odete Santos para advogada de defesa.»

CAVACO PEDE CALMA NA MADEIRA

«O mesmo pensa o PS. Ou seja, a confusão está para continuar, apesar de o Presidente da República (PR) ter dito ontem aos jornalistas que estão reunidas as condições para ALM funcionar dentro da normalidade. Cavaco Silva recusa, sobretudo, alimentar mais tensões, pois em ocasiões de crispação, afirma, o PR "deve procurar contribuir para atenuá-las e nunca para exacerbá-las (...) sem alaridos e discretamente", lembrando que, no momento, em que "o país atravessa grandes dificuldades a nossa preocupação tem de estar centrada no desemprego, na competitividade das empresas, no endividamento externo e, por isso, exige-se muito bom senso e ponderação". » [Diário de Notícias]

Parecer:

O curioso desta declaração é o facto de Cavaco Silva estar pouco preocupado com a revolta dos professores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se um comentário sobre o que se passa nas escolas (ou na Avenida da Liberdade) ao Presidente da República.»

FAFE: TODOS CONDENAM OS ALUNOS

«Pais, professores e escolas condenaram hoje a actuação de cerca de 250 alunos de uma escola secundária de Fafe que terça-feira vaiaram a ministra da Educação e atiraram ovos à sua viatura.

Em declarações à Lusa, o presidente do Conselho das Escolas, Álvaro Almeida dos Santos, repudiou o incidente, que classificou como "muito desagradável", apelando "à serenidade" de todos os agentes educativos.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Pois, ninguém sabia de nada, até os ovos apareceram por acaso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Cada um que tire as conclusões.»

CLÍNICA ALEMÃ CONSEGUE CURAR UM DOENTE COM SIDA

«La clínica universitaria de la Charité de Berlín ha conseguido curar el sida a un paciente enfermo de leucemia al que intencionalmente trasplantaron la médula de un donante inmune al virus VIH, en un proceso cuyos pormenores presentó este miércoles el artífice del innovador tratamiento, el hematólogo Gero Hütter.

El equipo encargado del paciente, un varón estadounidense de 42 años, preseleccionó a unos 80 posibles donantes de médula en busca de uno que fuera inmune al virus, algo que ocurre en entre un 1 y un 3% de los europeos. » [20 Minutos]

BERLIM ADOPTA CÓDIGO DE CONDUTAS PARA O PAI NATAL

«El colectivo de Papás Noel de Berlín y el circundante estado de Brandeburgo ha emitido un código de conducta por el que se prohíbe fumar y blasfemar a sus miembros mientras repartan los regalos de Navidad. "Papá Noel no puede fumar mientras luzca su traje navideño", apunta la organización que agrupa a estos personajes, en un comunicado emitido este miércoles. Asimismo, evitarán lanzar improperios o mostrar mal humor cuando lleguen a las casas a repartir los regalos o en cualquier otra situación en que se les identifique con su función. » [20 Minutos]

BLOGGER BIRMANÊS PRESO POR CAUSA DE UMA CARICATURA

«Reporteros sin Fronteras y la Burma Media Association están indignadas con la condena, a veinte años y seis meses de cárcel, del blogger Nay Phone Latt.Y han lanzado una campaña para pedir a autores de blogs de todo el mundo que participen en una campaña para solicitar su liberación.

“Ahora es urgente que los bloggers de todo el mundo hagan patente su solidaridad con Nay Phone Latt, colgando su foto en los blogs y dirigiéndose a las embajadas de Birmania en todo el mundo, pidiendo su libertad. Igualmente, llamamos a los escritores a defender a su colega Saw Wai, encarcelado por un simple poema”, han declarado ambas organizaciones. » [20 Minutos]

Parecer:

Por cá não faltam os que gostariam de ter os poderes da ditadura birmanesa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Manifeste-se solidariedade com Nay Phone Latt»

O JUMENTO NOS OUTROS BLOGUES

  1. O "PS Lumiar" destaca o comentário a propósito dos meninos de Fafe.
  2. O "Pravda Ilhéu" destaca o comentário a propósito dos incidentes no parlamento de bolso madeirense.
  3. O "Boavidanamargemsul" foi incluído na lista de links.
  4. O "Conversas de xaxa" destacou o post "eles não gostam de blogues". Entretanto aproveitei para o acrescentar à lista de links.
  5. O "Colheita 63" reproduz o comentário feito a propósito do julgamento de Fátima Felgueiras.

NO "LIBERDADE E CIDADANIA"

Vale a pena ler a carta da esposa de um militar ao Presidente da República:

«V. Ex.ª não me conhece, sou apenas mais uma cidadã, esposa, mãe, portuguesa e trabalhadora. Sou esposa de um militar das Forças Armadas Portuguesas.

(...)»

GARY KAPLUGGIN

TRANSFORMER

PEDIGREE