Até há uns meses atrás os empregados do BPN eram trabalhadores felizes, aos balcões acorriam depositantes interessados nas mais altas taxas do mercado. Passado pouco tempo os mesmos depositantes começaram a regressar aos balcões mas desta vez era para reaverem o seu dinheiro. Num dia os empregados do BPN tinham esperança no seu futuro, agora esperam ansiosamente que o banco do Estado encontre uma solução que evite o seu desemprego.
Os mineiros de Aljustrel estão em risco de ir para o desemprego em consequência da descida das cotações das matérias-primas e, particular, do zinco, a empresa mineira já anunciou o despedimento de parte dos trabalhadores. Ainda há poucos meses Aljustrel festejava o regresso da vida às minas abandonadas, agora volta a desilusão. Resta aos mineiros esperar que alguma empresa se interesse pelo negócio, o governo não adoptou a solução mais desejada, a nacionalização da mina.
Ao contrário dos mineiros os professores têm emprego fixo, razoavelmente remunerado e, pelo menos até há poucos anos, era um emprego que permitia ter tempo para dar mais atenção aos filhos ou mesmo para ter uma segunda actividade, nem que fosse dar explicações a muitos contos à hora e sem pagar imposto. Tanto quanto se sabe as escolas não vão fechar, os professores não vão ganhar menos nem correr o risco de ser despedidos, mas já quem pense em fazer greve às avaliações, provocando o colapso de todo o sistema de ensino, dizem que em defesa da escola pública.
Temos três posturas perante o Estado por parte de três grupos de trabalhadores, vale a pena reflectir sobre as suas diferentes posturas. Seria também interessante ver as diferenças de estratégias do PCP nos dois grupos onde tem grande influência, nos mineiros e nos professores.