quinta-feira, novembro 27, 2008

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Rodagem de vídeo publicitário do Millennium, Rossio, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[GETTY]

«South Koreans participate in a Santa Claus School at the Everland amusement park in Yongin, South Korea» [Telegraph]

JUMENTO DO DIA

Teixeira dos Santos, ministro das Finanças

Quando se ouve falar em Orçamento de Estado imaginamos, com alguma razão, que lá estão apenas as contas do Estado, as despesas e as receitas previstas para ano seguinte. Mas estamos enganados, o ministro das Finanças decidiu usar o OE para resolver problemas de todos os tipos, desde o financiamento dos partidos ao processo de avaliação de professores. Com Teixeira dos Santos Portugal deixou de ter um OE para passar a ter uma lista de mercearias.

Agora, quando lemos o OE não podemos estar apenas preocupados com as contas, os impostos e as despesas, temos que ler tudo com cuidado não vá o ministro decidir usar o OE para nos proibir de fumar na casa de banho de casa!

CAVACO SILVA E A JUSTIÇA

A intervenção de Cavaco Silva a propósito da inocência de Dias Loureiro é o segundo erro cometido pelo Presidente da República em poucos dias, antes já tinha emitido um comunicado para declarar a sua própria inocência contra eventuais afirmações que personalidades desconhecidas poderiam vir a fazer. Cavaco declara a sua inocência sem ter sido acusado e afirma a inocência de um terceiro sem esperar pela conclusão das investigações e pela comissão parlamentar de inquérito.

Para quem esteve envolvido na administração de um banco envolvido na Operação Furacão e que, como noticiou o Público, esteve envolvido em negócios pouco transparentes, para além do conflito entre as declarações que proferiu e as de António Marta, Dias Loureiro tem um estatuto de cidadania invejável. Ainda as investigações mal começaram e beneficia da imunidade conferida pelo estatuto de membro do Conselho de Estado (vá-se lá perceber porque razão estes senhores beneficiam de imunidade) e, como se isso fosse pouco, ainda conta com uma declaração de inocência feita pelo Presidente da República.

Quando um magistrado ouvir Dias Loureiro está a ouvir alguém que antes disso prestou declarações ao Presidente da República e este declarou publicamente a sua confiança na inocência do amigo. O procurador não vai ouvir um qualquer cidadão igual a todos os outros perante a lei.

Alguém me explica o que significa a separação de poderes ou o que será a igualdade entre os cidadãos deste país?

HÁ COMENTÁRIOS QUE DIZEM TUDO

De vez em quando os militantes da extrema-esquerda distraem-se e dizem o que pensam, vejamos o que diz um amigo que comentou o post dedicado à escola pública:

«A maneira como descasca (ele e outros) nos professores auto denuncia-se. E outras classes profissionais? Em particular banqueiros aqui e noutros países? Todos muito cumpridores e esforçados, não é? Estimado professor, deixe-o falar pelo menos diverte-se o que não é pouco. E note que nem todos os comentadores alinham pelo mesmo diapasão.»

Há comentários que dizem tudo, ainda mais do que o Avante costuma dizer.

E SE UM PRESIDENTE DA CÂMARA GOSTASSE DE LISBOA?

Afinal a resposta é simples, os estalinistas do BE, com o Fazenda à frente, faziam um julgamento sumário e com a pena anunciada antecipadamente e retiravam-lhe a confiança.

CHUVA DE CRIMES

O Ministério Público considerou provados 53 dos 600 crimes que tinha imputado a Bibi, e ainda não sabemos quantos destes crimes o colectivo de juízes vai considerar provados. Se depois das investigações o Ministério Público não tinha provas sólidas para provar 547 (!) porque os levou a julgamento? Esta chuva de crimes foi ainda maior, diria mesmo que foi torrencial, antes do despacho de de pronúncia, os arguidos conseguiram logo aí desmontar a acusação em relação a muitos crimes que lhe foram imputados.

Se o MP considerava ter provas sólidas apenas para parte dos crimes porque razão imputou ao arguido 600 crimes? Certamente não foi para aumentar a pena ou para ter o trabalho de os imputar, tudo leva a crer que estamos perante uma estratégia manhosa que visa complicar a vida à defesa, se alguém não consegue encontrar dados relativos à sua vida num qualquer dia há três ou quatro anos corre um sério risco de ser condenado, mesmo sem culpa.

Recordo-me da acusação a Herman José, caiu por terra porque o actor até estava no Brasil. Ainda apareceram umas amigas da suposta vítima que asseguravam que o amigo lhes tinha contado tudo e até se lembravam da data. Foi uma pena que o MP não tivesse sustentado a acusação com a nova data, quase aposto que nessa nova data Herman José estaria internado numa clínica a tratar-se de problemas cardíacos.

Entretanto, com esta chuva artificial de crimes que o MP sabia não conseguir provar de forma sólida o julgamento arrastou-se à custas das vítimas, dos arguidos e do erário público, foi esse o preço da manha.

TERREIRO DO PAÇO: O PALCO POSSIDÓNIO

Quando pensei que este ano tínhamos o Terreiro do Paço livre a piroseira da "maior árvore de Natal do Mundo", este ano foi inaugurada com pompa e circunstância por António Costa lá para as banda do Parque Eduardo VII, eis que sou surpreendido com mais uma piroseira publicitária, desta vez, da TMN, talvez para compensar o facto de arvore de Natal de andaimes ser obra da ZON.

A praça mais nobre do país já estava transformada em albergue dos sem-abrigo, agora o espectáculo é completado por umas bolas com uns T e com um imenso saco de plástico, que não se percebe bem para o que serve. Não basta a CML ter transformado uma praça digna num mero painel publicitários, como ainda por cima admite que ali sejam colocadas as idiotices de criativos pouco inspirados.

Alguém imagina a Grand Place, em Bruxelas, ou a Praça de São Marcos, Venezas, alugadas para expor publicidade? Não, porque nesses país a gestão dos espaços públicos obedece a uma lógica cultural, pelo contrário, em Lisboa, parece que somos governados por merceeiros.

CRIAR UM AMBIENTE DE "TERRA QUEIMADA" É SUICIDÁRIO EM POLÍTICA

«Em pouco tempo o Presidente da República tornou-se no alvo das atenções, sentiu-se obrigado a vir defender a sua honra num comunicado e acabou encurralado por Dias Loureiro que, apesar da clareza das mensagens enviadas por Belém, se fez de inocente, pediu uma audiência, violou depois o compromisso sagrado do sigilo e, fosse o que fosse que se tivesse passado na conversa em Belém, deixou Cavaco Silva sem alternativa senão dizer que não podia condenar quem nem sequer tinha ainda sido formalmente acusado.Desta forma, por via de boatos de origem indefinida e da acção do dirigente do PSD que se prestou a homenagear publicamente o "menino de ouro do PS" no lançamento de um livro, o país arrisca-se a regressar ao clima de uma guerra de "terra queimada" onde nenhuma referência se salva: nem Governo, nem oposição, nem Presidente. Em democracia não se deve brincar com o fogo - mas numa democracia em tempos de crise, optar pela táctica da "terra queimada" pode ser suicidário. » [Público assinantes]

Parecer:

Por José Manuel Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A INÚTIL DECLARAÇÃO

«Vivemos entre o absurdo, a omissão, a calúnia e a perplexidade. Os caprichos do momento contrariam, violentamente, as categorias da cultura, subvertendo não apenas a ética como a identidade. Alguma coisa está desarticulada, no tecido social português, quando um presidente da República vem a terreiro dizer que nada tem a ver com determinada instituição bancária. Nada fazia prever a inusitada declaração. Não conheço nenhuma notícia, insinuação, boato que conectasse o residente no palácio de Belém aos acontecimentos que transformaram um banco em assunto de primeira página. Talvez a circunstância de alguns altos dirigentes do PSD terem desempenhado cargos importantes no BPN estivesse na origem da aflição e do sobressalto presidenciais. É um despropósito. Cuja natureza o prof. Marcelo entendeu elogiar. Fez o elogio do nada. A confusão instala-se, cada vez mais, em Portugal. Se a não-notícia, contida neste boato inexistente, suscita o grave comunicado, torna-se imperioso o cotejo com a afronta, de que o dr. Cavaco foi objecto, na ilha da Madeira, quando o dr. Jardim o impediu de visitar o Parlamento da região. Aí, sim, o exercício do poder pela indignação encontrava razão de ser. Se o valor moral tem atenuantes, dependendo o juízo das circunstâncias, então, aceitemos a política como práticas de mentira para cada ocasião. O dr. Cavaco é responsável por muito de mau e de mal que incutiu no País. Acaso por incompetência política e fundas lacunas culturais. Podemos acusá-lo de uma série de amolgadelas na democracia; porém, de desonestidade, creio que nunca. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Baptista Bastos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MÁRIO NOGUEIRA QUER ENVOLVER SÓCRATES

«Apoiado pelos milhares de professores que, ontem à noite, se juntaram no Porto, numa Praça da Liberdade a abarrotar de bandeiras, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, foi peremptório: "Se a ministra não é capaz de olhar para esta manifestação e ir por outro caminho, então tem que se arranjar outro ministro que seja." E, logo de seguida, atirou a resolução do impasse para as mãos de José Sócrates, ao sustentar que "é o primeiro-ministro que tem que decidir se quer resolver este problema ou não".» [Público assinantes]

Parecer:

A estratégia de Mário Nogueira é evidente e manhosa, como sabe que não quer chegar a qualquer acordo quer envolver Sócrates, o grande visado pelo seu PCP.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Mário Nogueira se acha que é muito esperto e os outros são todos parvos.»

HÁ CONSELHOS EXECUTIVOS A NEGAR A AVALIAÇÃO A PROFESSORES?

«Há escolas que estão a recusar receber os objectivos individuais dos professores que querem ser avaliados, segundo adiantou ao PÚBLICO Margarida Moreira, directora regional de Educação do Norte. "Chegaram-nos ecos de várias escolas onde os professores que querem ser avaliados não conseguem entregar os objectivos individuais porque os conselhos executivos não estão a aceitá-los", declarou aquela responsável, assegurando que a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) está atenta à situação, porque "nenhum professor que queira ser avaliado pode ser impedido de fazê-lo". » [Público assinantes]

Parecer:

Se a antipática directora da DREN tiver razão estes conselhos executivos devem ser demitidos e os seus membros sujeitos a um procedimento disciplinar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Averigue-se.»

PS AUMENTA IRS AOS DIVORCIADOS

«"Admito que exista um aumento de imposto, não excluo essa hipótese", afirmou ontem ao DN, o deputado socialista Vítor Baptista. Os fiscalistas são unânimes em considerar que o aumento de imposto (IRS) é bem visível acima da taxa média de 20%, o que incorpora rendimentos anuais acima dos 18 mil a 20 mil euros. "Há, de facto, aumento de imposto para os divorciados que estejam nessa situação", refere José Silva Jorge, consultor e experiente fiscalista, contactado pelo DN. » [Diário de Notícias]

Parecer:

É sempre a aumentar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Façam-se as contas.»

O JUMENTO NO TECHNORATI

  1. O "Alcáçovas" gostou de um excelente cartaz da Amnistia Internacional contra a prostituição infantil.
  2. O "Exilezone" acha que há professores que se julgam intocáveis.
  3. O "Pátio das Conversas" subscreve o post dedicado aos falsos defensores da escola pública.

TIMELAPSES.TV: MADRID [Link]



ESCULTURAS COM BALÕES, POR JASON HACKENWERTH [imagens]

MOROZOVA ANNA

CIRE: CENTER FOR THE REHABILITATION OF PRISIONERS