quinta-feira, novembro 20, 2008

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Aldeia espanhola de Sanlucar del Guadiana vista desde Alcoutim

IMAGENS DO DIA

[Finbarr O'Reilly / Reuters]

«La velocidad del saqueo. Dos soldados transportan objetos saqueados en Kayna, República Democrática del Congo, donde los rebeldes tutsis le están ganando la batalla a las fuerzas gubernamentales.» [20 Minutos]

[Tannem Maury/EFE]

«Dientes contra la crisis. Una dentadura de oro de 16 kilates con 7 incrustaciones de diamantes y tres rubíes, en la Casa de Empeño y Joyería State en Chicago, Illinois, Estados Unidos. La dentadura fue llevada por un hombre que buscaba un prestamo de 1.500 dólares para pagar los gastos universitarios de su hija.» [20 Minutos]

JUMENTO DO DIA

Teixeira dos Santos, ministro das Finanças

A classificação em último lugar no ranking dos ministras das Finanças da Europa que lhe foi atribuída pelo Financial Times só peca pela inclusão do seu nome na lista de ministros, Teixeira dos Santos não é propriamente um ministro das Finanças, é mais um Contabilista não inscrito na associação dos TOC. O verdadeiro responsável pela política económica é Vítor Constâncio, quem gere o OE é José Sócrates, Teixeira dos Santos fez a reforma da Administração Pública que, aliás, deixa muito a desejar.

A MAIORIA ABSOLUTA DO PS

Há meses que são raras as vozes a admitir a renovação da maioria absoluta do PS, mas agora quase todos, incluindo António Costa que até foi quem teve a brilhante ideia, dizem que a culpa é da Maria de Lurdes Rodrigues. Afinal, no que ficamos?

O GOVERNADOR ABAFADOR

«A partir de 2002, o Banco de Portugal ficou portanto reduzido a duas outras actividades. A primeira era a recolha e análise de estatísticas, que já existia no passado, no conhecido gabinete de estudos do BP. A segunda era a supervisão bancária, uma área que os tratados europeus esqueceram intencionalmente porque o poder dos Estados sobre as respectivas bancas nacionais não quis ceder. As bancas nacionais podiam ser privadas, os bancos internacionais podiam instalar-se sem problemas em qualquer país, mas quem supervisionava não seria uma entidade supra-nacional, como o BCE, mas sim os antigos bancos centrais nacionais. Esta lógica de poder pegou, e durante sete anos, não se ouviu uma única voz a pedir mais integração das supervisões no espaço do euro. Contudo, mal uma gravíssima crise financeira estalou este ano, logo os peritos vieram dizer em coro que o que faltava na Europa era mais supervisão internacional...» [Diário Económico]

Parecer:

Por Domingos Amaral.

A ÚLTIMA AULA DESTE SISTEMA DE ENSINO

«Já aprenderam a lição? Tendo trocado os gabinetes e as salas de aula pelas ruas e conferências de imprensa, há meses que governantes e professores se esforçam por ensinar a toda a gente que o sistema público de educação, tal como existe, só pode ser um quebra-cabeças. Criado para ser a solução de todos os problemas, tornou-se o problema de todas as soluções. Talvez tenha chegado o momento de pensar radicalmente noutra coisa.

A educação foi sempre aquilo a que os políticos portugueses recorreram quando não sabiam o que fazer, ou não queriam fazer coisas mais complicadas. Desde há anos que a sabedoria internacional e nacional assentou no pacote de mudanças indispensáveis para dar aos portugueses novas oportunidades de enriquecer. Mas a maior parte - diminuir o peso do Estado, corrigir a rigidez e falta de concorrência dos nossos mercados, tornar a justiça eficiente - são reformas ingratas. Para qualquer governo, só duas das recomendações prometem boa disposição: construir estradas e povoar as escolas. Em ambos os casos, trata-se de gastar mais e criar empregos, o que agrada a todos.

Chegámos assim a ser um dos países europeus com mais auto-estradas e que, em relação à sua riqueza, mais despende com o sistema de ensino. Por volta de 2001, porém, houve que reconhecer que, quanto mais alcatroado e diplomado, menos o país prosperava. Voltou-se a falar das tais "reformas estruturais". Os mais hábeis, porém, logo descobriram como fugir à seringa. Por um lado, havia novas tecnologias para experimentar. Por outro lado, o sistema de ensino não estava a funcionar bem. Mais despesa não significara mais sucesso. Muita gente continuava de fora, e os resultados em testes internacionais eram humilhantes.

O actual Governo pôde assim voltar, com boa consciência, às soluções de sempre. Ao lado dos aviões e comboios, continuou a célebre "paixão da educação". Desta vez, no entanto, a abordagem foi menos agradável. O Governo aproveitou a centralização e burocratização do sistema estatal de ensino a fim de tentar, de cima para baixo, arrancar às escolas, com a menor despesa possível, os números necessários para poupar ao país as mais óbvias vergonhas estatísticas. O regime de avaliação dos professores ou o das faltas dos alunos foram peças dessa campanha de produtividade.

O ministério, para manter o actual sistema de ensino, precisa de provar que é reformável. Os professores, incomodados nas suas velhas rotinas e confortos, decidiram provar o contrário. A decorrente zaragata tem sido curiosa. Poucas vezes em Portugal se viu os dois lados de um debate precisar de recorrer tanto à hipocrisia: empenhado em remover as regalias e poderes da classe, o ministério jura no entanto ser "sensível" aos professores; os professores garantem que querem as "reformas", quando - como classe profissional envelhecida e sem a perspectiva de grandes recompensas - não têm verdadeiramente motivos para as desejar. Lá fora, o público, que não gosta dos professores ("privilegiados") e aprendeu a desconfiar das melhorias anunciadas pelo Governo, mantém-se geralmente céptico. O ministério, apesar das sondagens de opinião, e os sindicatos, apesar das marchas de fim-de-semana, fazem a guerra sozinhos.

A ministra da educação está para o actual sistema público de ensino como Marcello Caetano para o Estado Novo. Se falhar, perante os ultras do sindicalismo e da movimentação, vamos ver quase de certeza, nos próximos tempos, o 25 de Abril educativo que alguns andam a reclamar há anos: autonomia e governo próprio das escolas (já quase toda a gente aprendeu a falar disso), novas formas de financiamento (dirigido às famílias e não aos estabelecimentos de ensino), integração de escolas estatais e privadas num mesmo sistema público concorrencial, avaliação de escolas e professores baseada nos resultados dos exames, e por aí fora. É o que falta experimentar, e há-de provavelmente ser experimentado. Mais não seja, por simples falta de alternativa, depois do colapso das actuais reformas.

Os sindicatos e movimentos de professores, se vencerem o ministério, estão condenados a cair com ele, como aconteceu aos sindicatos e aos movimentos que em Inglaterra, em 1979, destruíram o governo de James Callaghan. Sem a obstinada e turbulenta resistência sindical às reformas do gabinete trabalhista, num país então estagnado como está agora Portugal, não teria sido possível a revolução thatcheriana da década de 1980. As grandes mudanças começam sempre assim, por linhas tortas.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Rui Ramos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A NOVIDADE DO DIA

«O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, manifestou a "solidariedade" dos comunistas com a "luta dos professores" por causa da avaliação e apelou ao Governo para suspender o processo.

"Em nome da estabilidade das escolas, dos interesses e direitos dos alunos e da escola pública, [a suspensão] seria um acto de dignidade e não de recuo ou derrota política", afirmou Jerónimo de Sousa no final de um encontro de uma hora com a plataforma sindical dos professores.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Coincidência das coincidências, o PCP tem o mesmo discurso da FENPROF.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

MFL NÃO ACREDITA EM REFORMAS EM DEMOCRACIA

«Um tiro no pé? Ou um exercício de ironia fina? Manuela Ferreira Leite causou ontem um turbilhão político dentro e fora do PSD por causa de um discurso proferido num almoço organizado pela Câmara de Comércio Americana em Portugal, num hotel de Lisboa.

"Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia [pausa]. Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se [pausa]. E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia", afirmou Manuela Ferreira Leite, perante alguns sorrisos (poucos) dos presentes na sala do hotel. "Agora, em democracia efectivamente não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar", continuou a líder do PSD. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Também estava a ironizar quando disse que não acredita em reformas em democracia?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se.»

AGORA É A SLN QUE SE AFUNDA

«O DN soube junto de fonte do grupo que existem 150 milhões de euros de necessidades de liquidez até ao princípio de 2009 só para assegurar a continuidade das operações. Em causa estão linhas de crédito que precisam de ser refinanciadas e despesas com salários ou fornecedores, vitais para o funcionamento das empresas mais debilitadas. O receio dentro da SLN é que os processos de venda de activos em curso, sobretudo os mais desejados - saúde e seguros (ver textos nestas págs.) -, não fiquem concluídos antes do relançamento de alguns créditos de curto prazo, situação que ameaça 4500 postos de trabalho. » [Diário de Notícias]

Parecer:

O grupo dos cavaquistas era um baralho de cartas amontoadas à pressa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se pelo pior.»

TEIXEIRA DOS SANTOS É O PIOR MINISTRO DAS FINANÇAS?

«O jornal não dá muitas explicações para a má classificação de Teixeira dos Santos, que atinge 16,4 pontos dos 19 negativos possíveis. Depois de referir que o ministro lidera uma "economia fraca, com pouco impacto a nível europeu", é na capacidade política que a classificação de Teixeira dos Santos atinge o fundo da tabela. Todavia, no perfil que cada um dos correspondentes internacionais escreveu do ministro respectivo pode ler-se que Teixeira dos Santos "teve sucesso com a sua política de austeridade, fazendo regressar um défice público em vórtice para níveis controlados".

Para o economista Nogueira Leite, ex-secretário de Estado das Finanças, a análise do FT "é um exercício de humor com pouca graça", que contém resultados "ridículos". "Eu acho que os ingleses tratam particularmente mal os portugueses", afirmou ao DN, salientando que a classificação atribuída a Teixeira dos Santos "é uma injustiça total". "Ele é certamente dos ministros técnica e politicamente mais bem preparados deste Governo", afiançou. "Essas coisas do FT são muito subjectivas", assegura a mesma fonte. "Eu por exemplo, acho que os ingleses se lavam pouco", desabafou.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Perante o silêncio envergonhado do PS é Nogueira Leite que dá a melhor resposta.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Teixeira dos Santos se já se recompôs.»

UM CONSELHEIRO DE ESTADO POUCO TRANSPARENTE NOS NEGÓCIOS

«A operação de aquisição de duas sociedades com sede em Porto Rico pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN), em 2001 e 2002, numa transacção ocultada das autoridades e não reflectida nas contas do grupo, foi liderada por José Oliveira e Costa, antigo líder do grupo SLN/Banco Português de Negócios (BPN), e por Manuel Dias Loureiro - na altura administrador executivo do mesmo grupo. A operação envolveu duas empresas tecnológicas, contas em off-shore e um investimento de mais de 56 milhões de euros por parte da SLN.

Oliveira e Costa e Dias Loureiro foram os gestores que se deslocaram a Porto Rico para tratar do negócio de compra de 75 por cento da NewTechnologies, em Dezembro de 2001, e de uma posição 25 por cento na Biometrics Imagineerin, um mês depois.

As duas empresas estão registadas naquele paraíso fiscal, que é território norte-americano. A SLN adquiriu a Biometrics, empresa que se encontrava falida, e a NewTechnologies, esta sem qualquer actividade. As duas tinham ainda ligações à Tracy Beatle, gerente da sociedade inglesa Dual Commerce & Servisses, e a Neelai Patel, secretária desta sociedade.

A Dual Commerce controla a sociedade brasileira Fuentes Participações, para onde foram enviadas por sociedades do universo SLN, designadamente, o Banco Insular e o BPN Cayman (ver PÚBLICO do passado sábado), verbas superiores a 30 milhões de euros. A Dual Commerce é, por sua vez, detida por sociedades trust (gestão de fortunas) com sede no paraíso fiscal de Gibraltar.» [Público assinantes]

Parecer:

Dias Loureiro ainda é membro do Conselho de Estado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Cavaco Silva.»

O JUMENTO NOS OUTROS BLOGUES

  1. O "Papa-Açordas" gostou de uma fotografia de um graffiti em Lisboa.
  2. O "PS Lumiar" também achou o líder da FENPROF hipócrita ao dizer que nem lhe passa pela cabeça não haver avaliação.

SAMONOV

MUSEU DE ARTE MODERNA DE ESTOCOLMO