Afinal a crise financeira não se revelado o descalabro que os economistas previram e, até ver, a perigosa gripe A pouco mais tem provocado do que uns espirros. As empresas que cederam à crise, é o caso, por exemplo, da indústria automóvel americana, não sobreviveram porque já estavam demasiado doentes e vulneráveis para poderem resistir a um resfriado, sucedeu o mesmo com alguns doentes que faleceram devido à gripe. A propagação da doença também não foi tão galopante quanto isso, os bancos mais infectados com acções contaminadas pela vigarice ficaram de quarentena graças às intervenções estatais e fora deste grupo ouve-se um espirro aqui ou acolá.
Casos do BPN ou do BPP resultam mais do agravamento devido à crise de infecções oportunistas de que já padeciam, o estado comatoso em que ficaram tem mais a ver com a passagem do vírus dos políticos para os banqueiros, um pouco à semelhança do que se passou com a passagem do vírus da gripe dos porcos para os humanos, a passagem dos porcos da política para a banca teve os resultados desastrosos a que temos assistido.
No meio de toda esta confusão vimos mais vezes o director-geral de Saúde do que o governador do Banco de Portugal e as garantias dadas pelo Estado aos banco foram tão pouco utilizadas como o stock de Tamiflu, mas valeu pelo exercício. Vítor Constâncio pode dizer que os seus conselhos e as medidas adoptadas foram suficientes para debelar a crise, a ministra da saúde pode concluir que o SNS revelou estar à altura de uma pandemia. Aliás, o discurso de Sócrates e da ministra é o mesmo, Sócrates assegura que graças à redução do défice o país está agora melhor preparado do que no passado para responder a uma crise, em contrapartida, a ministra assegura que depois da resposta à gripe das aves o SNS está melhor preparado para responder à gripe dos porcos.
Estas crises deram-nos uma importante lição para o futuro: a mudança dos porcos da política para a banca pode resultar na contaminação dos títulos financeiros e a uma grande espirradela na banca.