Pensar que vale os votos que teve nas presidenciais é um erro, aliás, esse votos não valeram nada já que o eleito foi Cavaco Silva e o mais que Alegre poderá fazer é candidatar-se de novo, mas sem a certeza de que os que votaram nele da primeira vez o voltarão a fazer. Da próxima vez que se candidatar poderá ter mais votos ou menos votos, mas nunca vencerá Cavaco Silva pois dificilmente conseguirá juntar o eleitorado à esquerda, dificilmente conseguirá convencer o eleitorado do PCP ou mesmo o do PS.
A verdade é que o PCP confiava mais em Mário Soares do que alguma vez confiará em Manuel Alegre, todos sabemos quem é e o que pensa Mário Soars, quanto a Alegre nunca se sabe muito bem o que pensa. Ninguém confia num candidato a Presidente da República que cada vez que diz que vai falar ouve antes o MIC, Alegre não tem pensamento próprio.
O valor político de Manuel Alegre está para o PS como as cotações da GALP estão para os preços do petróleo, quanto mais vale o PS mais vale Manuel Alegre, é este o resultado da estratégia chantagista de Manuel Alegre que tem jogado o seu peso mais pelo prejuízo que pode provocar do que pelo peso eleitoral que poderá ter. Se o apoio de Manuel Alegre for indispensável para uma maioria absoluta do PS o poeta pode chantagear Sócrates, se o PS não tiver esperança de alcançar a maioria absoluta Alegre não tem qualquer valor, mais deputado alegrista menos deputado alegrista uma maioria relativa é uma maioria relativa.
Basta olhar para a comunicação social para se perceber que desde que as sondagens aponta para um cenário em que o PS não alcança a maioria absoluta para se constatar que Manuel Alegre deixou de ser notícia de primeira página, as suas ameaças deixaram de ter interesse jornalístico, o protagonismo político (algo que envaidece Alegre) passou a ser de Loução e de Manuela Ferreira Leite, no caso desta graças à preciosa ajuda de Cavaco Silva.
O próprio Louça já se esqueceu de Manuel Alegre pois este deixou de lhe ser útil, era-o enquanto o pudesse usar para se armar em gestor da maioria absoluta do PS jogando com a vaidade do poeta, a partir do momento em que Louça espera que o PS não tenha a maioria abosluta Algre deixa de lhe ser útil, não precisa dele para criar uma situação de instabilidade política. Além disso, Louça não está nada interessado nas aventuras partidárias de Manuel Alegre, não teria nada a ganhar se o MIC se tornasse numa versão poética do PRD.
Se Manuel Alegre não ganhou as presidenciais nem conseguirá vir a ganhá-las a um candidato que já o derrotou e pouco vale na hipótese de o PS não ter a maioria absoluta então o seu valor político é muito reduzido. Se o PS perder a maioria abolsuta a primeira vítima será Manuel Alegre, não só será esquecido pelos militantes o PS como por muitos companheiros de ocasião eu o apoiam, começando pelo próprio Louça. Alegre poderá dizer adeus ao seu sonho presidencial.