segunda-feira, maio 18, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Castro Marim

IMAGEM DA SEMANA

[Reuters]

«Azharuddin Ismail, who played the young Salim in the Oscar-winning “Slumdog Millionaire,” walked through debris Thursday after authorities demolished his home in a Mumbai slum.» [The Wall Street Journal]

A MENTIRA DO DIA D'O JUMENTO

Depois das recentes declarações sucessivas de Francisco Louçã a mostrar-se em consonância com as declarações do Bispo de Beja o Vaticano está convencido de que está para muito breve a tão desejada conversão de Francisco Louçã. cumprindo-se na plenitude o que Nossa Senhora disse aos pastorinhos no seu segundo segredo de Fátima, a conversão da Rússia.

Para festejar o regresso do filho pródigo o Vaticano vai revelar o seu maior segredo, precisamente o quarto segredo de Fátima, um segredo do quel a Igreja fez segredo. O Jumento está em condições de divulgar o quarto segredo de Fátima: afinal a Nossa Senhora de Fátima era um homem!

JUMENTO DO DIA

Cavaco Silva, Presidente da República

Cavaco Silva explicou que face à crise muitos portugueses procuram conforto no Cristo Rei. Por este andar quando alguém apelas ao presidente que na campanha eleitoral prometeu ajudar com os seus conhecimentos em economia não se admirem se ele responder: "Vão pedir à Virgem".

AS CERIMÓNIAS COMEMORATIVAS DOS 50 ANOS DO CRITO REI

Foi a primeira manifestação em Lisboa em que não se viu ninguém chamar mentiroso a Sócrates, nem sequer apareceram os arrependidos que dizem ter sido enganados ao votar PS. Desta vez nem o PCP nem o BE mandaram os seus figurantes o que é de estranhar em relação ao BE, nos últimos dias os dirigentes falam tanto da sua concordância com os bispos que até parece que Loução já tem assento na Conferência Episcopal.

AVES DE LISBOA

Chapim-carvoeiro [Parus ater]
Local da Fotografia: Parque Eduardo VII

FLORES DE LISBOA

Cardo na Tapada da Ajuda

A CULPA É SEMPRE DOS OUTROS

«O magistrado Lopes da Mota não deve sair do Eurojust. Não deve suspender o seu cargo. Nem pedir a demissão. Nem ser demitido. Se a representação de um Estado deve traduzir a verdade, ele é o homem certo no lugar certo. Não se compreenderia, por exemplo, que o representante do Estado português, em qualquer organização internacional, não soubesse falar a língua materna. Nem que o delegado de Portugal à NATO fosse um pacifista militante e um notório objector de consciência. Lopes da Mota é discutido e comentado em todos os jornais. É acusado de ter sido autor ou instrumento de pressões pessoais e políticas exercidas sobre outros magistrados. Por causa dessa acusação e após averiguações, é alvo de um processo disciplinar mandado fazer pelo procurador-geral da República. A maioria dos políticos e dos comentadores diz que se deve demitir e não reúne condições para exercer o cargo. O primeiro-ministro, que o nomeou, diz que não tem nada a ver com o caso. Este currículo, limitado a uns factos recentes de conhecimento geral, faz dele o representante ideal num organismo europeu de coordenação entre os sistemas judiciários. Ele é o genuíno e fiel símbolo da justiça portuguesa.

Ajustiça portuguesa é cara, lenta e burocrática. Está geralmente mais interessada no processo do que no apuramento da verdade dos factos e na prova. Os magistrados não são avaliados por entidade independente. Os sindicatos de magistrados são máquinas de poder político e corporativo a que o Estado democrático não soube opor-se. Os conselhos superiores servem os interesses das corporações e impedem que a voz dos cidadãos tenha alguma força e que a legitimidade democrática tenha eficácia na sua organização.

A justiça portuguesa é um condomínio fechado, hermético e impermeável ao interesse público e às ansiedades dos cidadãos. A circulação entre conselhos superiores, sindicatos e tribunais superiores, passando, por vezes, por cargos políticos, consagra o poder de uma casta impune e inamovível.

Muitos agentes da justiça, juízes, procuradores, polícias e advogados participam, sem contenção nem reserva, nos debates públicos, têm presença garantida nas televisões, nas rádios e nas capas dos jornais. Alguns orgulham-se dos seus sindicatos, entidades híbridas e absurdas dedicadas a organizar duas classes profissionais, a dar-lhes peso e força política e a preservar privilégios. Dirigem-se à opinião pública com ilimitada arrogância, evocando a sua independência, que consideram autogestão e soberania.

As técnicas de investigação são toscas e, por vezes, atentatórias dos direitos dos cidadãos. Questões de família são adiadas anos, por vezes até à morte de um dos interessados. Conflitos comerciais não têm resolução, a não ser pelo desaparecimento das respectivas pessoas ou empresas. Por causa do processo e do atraso, as compensações obtidas pelas vítimas ficam aquém dos prejuízos causados. Crimes de corrupção, apesar de provados, são desculpados.

Os procuradores têm poder a mais e não têm qualquer reserva na sua intervenção política, nem no modo como querem condicionar juízes, advogados e políticos. As fugas de informação e as famigeradas quebras de segredo e sigilo de justiça, geralmente dirigidas e deliberadas, são o mais impressionante retrato do estado a que a justiça portuguesa chegou.

A reputação da justiça portuguesa no estrangeiro é medíocre e risível. A opinião pública portuguesa considera os magistrados e a justiça como um dos sectores da vida pública que menos merecem respeito e confiança. A justiça portuguesa cria, não resolve problemas.

Aculpa é um fenómeno errático e fugidio. A sua trajectória é circular. Juiz, procurador, oficial de justiça, advogado, solicitador, polícia, ministro e deputado: cada um tem a certeza do seu comportamento exemplar e não hesita em culpar o vizinho ou todos eles.

Para o juiz, a culpa do estado em que se encontra a justiça portuguesa é, sem dúvida, dos agentes do Ministério Público, dos advogados e dos políticos incompetentes.

Já o procurador se queixa do Governo, da falta de meios que este lhe concede, dos deputados que fazem más leis, dos juízes que se julgam infalíveis, dos advogados que não cessam de criar problemas e das polícias que estão às ordens do Governo.

Os advogados não têm dúvidas e apontam o dedo aos deputados, aos magistrados e aos procuradores, sem esquecer as polícias.

O ministro, por sua vez, invoca a independência dos juízes para justificar o seu absentismo, ao mesmo tempo que se queixa das polícias, dos advogados e da verdadeira máquina de poder que é a Procuradoria-Geral. Os polícias consideram os juízes brandos, os deputados inúteis, o Governo oportunista e os advogados obstáculos à justiça.

Em comum, os corpos judiciais e outros "operadores" condenam os cidadãos impacientes, os comentadores e os jornalistas. Também em comum, o seu desinteresse pela causa pública e pela reforma deste estado de coisas.

Há centenas de magistrados, procuradores, polícias e advogados que cumprem os seus deveres, que se esforçam por ser bons profissionais, que trabalham mais horas do que deles se esperaria, que resolvem casos a tempo, que dirimem conflitos, que nunca são fonte e origem de problemas e que resistem à volúpia do protagonismo televisivo e jornalístico. Mas essa não é a percepção que os cidadãos têm da justiça. Essa não é a marca da justiça portuguesa. Algumas características do sistema e o comportamento de uns punhados de "operadores" fazem da justiça o pior da sociedade, quando deveria ser o melhor.

A justiça portuguesa sofre, no seu conjunto, da má reputação que alguns dos seus dirigentes ou responsáveis têm na opinião pública. É atingida pela incompetência dos deputados e pelo medo dos governantes. Colhe as consequências das políticas públicas. Tem a má fama causada pela rede de cumplicidades tecida há muito entre políticos e magistrados e fielmente traduzida na génese e na actividade dos sindicatos de magistrados. A justiça deveria ser a última instância de confiança. Deveria ser o exemplo. Em vez disso, é um caso. Um problema. O mais grave problema português.» [Público assinantes]

Parecer:

Por António Barreto.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A ÚLTIMA VEZ

«Espero que esta seja a última vez que me ocupo de Alegre. Não era absolutamente necessário que escrevesse hoje sobre ele. Mas como acompanhei o balancé espiritual do senhor durante um ano e meio, achei que devia ir até ao fim em nome do amor à limpeza e à ordem. Ontem, Manuel Alegre, com pré-aviso e o melodrama de sempre, anunciou, ao lado dos seus fiéis do MIC e da "Corrente de Opinião Socialista", que não se tornaria a candidatar pelo PS à Assembleia da República e que, por uma questão de "coerência" e "consciência" (sempre o grande apelo moral), não faria mais nada. Ou seja, não tencionava sair do partido, nem de qualquer outro modo autorizar ou participar em actividades que o prejudicassem ou diminuíssem. Um belo gesto.

Livre de Alegre e de uma real ameaça à esquerda, José Sócrates ficou previsivelmente "satisfeito". Como de resto, cada um à sua maneira, Alberto Martins, Santos Silva, Ana Gomes, Vera Jardim e, suponho, qualquer militante pacífico e zeloso. Não interessa agora saber se Alegre desaprova, como ele jura, "a prática e as políticas" do Governo. Primeiro porque daqui em diante ninguém lhe vai pedir a opinião. E, segundo, porque, mesmo que peçam, ele não tem (e nunca teve) nada para responder. Paulo Pedroso já o honrou ontem com o estimável e prestigioso cargo de "senador da República" - um cargo apropriado numa república sem senadores. Mais precisamente, do alto da sua histórica eminência, Alegre passará, segundo Pedroso, a oferecer o seu conselho aos portugueses transviados. Se os portugueses se lembrarem dele.

Claro que alguns fervorosos seguidores (500, 600, 700?) não deixaram de pensar no "milhão de votos" da campanha presidencial, que pensam repetir em 2011. Para perder, caso Cavaco se recandidate. Para ganhar (contra quem?), caso Cavaco se resolva retirar. Esta fantasia, donde de resto partiu o "fenómeno Alegre", não os levará longe. A ideia de que Alegre traz consigo uma fatia do eleitorado, que poderá produzir quando for preciso, é infelizmente absurda. Em 2011, Alegre valerá o que a concorrência e o estado do país lhe permitirem valer. Certo é que, neste momento, sem o seu lugar na Assembleia e a sua fronda contra Sócrates, não vai mudar ou agitar a cena e vai com certeza desaparecer da televisão e dos jornais. Suspeito que o MIC e a "Corrente Socialista" não durarão muito.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

OS TRUQUES TURCOS

«Nunca pensei que chegássemos a este ponto. Mas chegámos. Batemos no fundo: Cavaco Silva desatou a fazer piadas. Já ninguém o segura. É o desespero total. Que sabe Cavaco que nós não sabemos ainda? Porque é que está a esforçar-se tanto para nos fazer rir? Que tipo de miséria leva o desgraçado do Presidente da República a ter de escrever as suas próprias piadas?Toda a gente acha que tem piada - é talvez a maior tragédia humana. Quem não conhece a agonia e a humilhação de ter de forçar um risinho falso quando é confrontado com uma má piada emitida por alguém que não se pode mandar calar, como o nosso patrão, ou um moribundo? Agora imagine-se o desconforto que não vai pela comitiva do Presidente da República desde que ele descobriu o Ricardo Araújo Pereira que há dentro dele.

Podemos ter a certeza de que Cavaco submeteu as suas mordazes e demolidoras charges aos conselheiros da Presidência. E que estes, não obstante a dignidade dos cargos, foram obrigados a atirar-se para o chão e apertar a barriga. Uns correram logo para a casa de banho por não saberem imitar uma pessoa que se mija a rir. É natural que tenha havido mais piadas e que eles tenham sido forçados a escolher as melhores: "De quais é que gostam mais?", quis saber Cavaco. E eles responderam que eram todas fabulosas mas que, clássicos, clássicos, se fossem mesmo encostados à parede, eram o trocadilho do just e a ironia da algibeira.Deus queira que pare. Isto deve estar bonito. » [Público assinantes]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CAVACO ANDA MUITO CATÓLICO

«O presidente da República diz que é normal que em tempos de crise os católicos procurem no Cristo Rei um abraço de consolo e protecção» [Correio da Manhã]

Parecer:

Desta vez Cavaco tem razão, a sua prometida ajuda como economista falhou e resta aos portugueses dirigirem-se à Virgem ou ao Francisco Loução, ambos prometem o paraíso à borla.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pegunte-se a Cavaco Silva se ficou mais devoto com a idade, nos tempos de primeiro-ministro raramente exibia esta faceta.»

PAULO RANGEL ACUSA SÓCRATES DE PREJUDICAR A IMAGEM DO PAÍS

«O deputado social-democrata acusa o governo de Sócrates de prejudicar a imagem do País ao manter Lopes da Mota na presidência do Eurojust» [Correio da Manhã]

Parecer:

E o PSD não prejudica a imagem do parlamento e da democracia ao manter como deputado um arguido num processo por fraude fiscal qualificada, acusado de receber dinheiro para pagar uma campanha em que até pagou as quotas dos militantes que iam votar nele.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Paulo Rangel.»

COMO É QUIE LUÍS FILIPE MENEZES PAGA AS VIAGENS DE FÉRIAS?

«Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara Municipal de Gaia há 12 anos, ganhou no último ano cerca de 65 mil euros, ainda quando dividia a gestão da autarquia com a presidência do PSD. Menezes declara no IRS poucos bens e pouco dinheiro, mas as viagens de luxo em família são questionadas pelos mais próximos do autarca. É uma das questões que ficam por esclarecer, uma vez que Menezes recusou falar como o Correio da Manhã.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Ele lá sabe.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao visado.»

PSD PROMETE COMBATER A CRISE COM FUNDOS COMUNITÁRIOS

«O PSD começa a espalhar amanhã os cartazes para a campanha das eleições europeias, agendadas para o dia 7 de Junho. "Combater a crise com os fundos Europeus - Assina por baixo?" é uma das principais mensagens do cartaz onde aparece o cabeça de lista, Paulo Rangel, actual líder parlamentar dos sociais-democratas.» [Público]

Parecer:

Será que Manuela Ferreira Leite está convencida de que vai ter a maioria do Parlamento Europeu.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Marque-se uma consulta de psiquiatria à líder do PSD.»

YAN McLINE

O ESTADO DE SÃO PAULO