terça-feira, maio 26, 2009

Os políticos merecem que os portugueses não votem nas europeias

Pela forma como se comportam os políticos portugueses estão a dar uma excelente razão para que os portugueses façam o contrário do que pede Cavaco Silva e aproveitem os feriados para irem à praia. Aliás, uma boa parte dos candidatos a deputado europeu não valem o sacrifício da perda de uma folga para se ir votar.

Os partidos já deram (como sempre) um péssimo exemplo na formação das listas, escolhendo os candidatos com base em critérios que levam a que a candidatura europeia não passe de um prémio financeiro aos que mais servilmente estiveram ao lado dos líderes partidários. Uma boa parte deles nem sequer é capaz de enumerar dois terços dos países que actualmente compõem a União Europeia. Mas também pouco importa quem são ou qual a preparação dos candidatos, na verdade só conhecemos os cabeças de lista, os restantes não passam de meros figurantes.

Já que apenas os cabeças de lista é que falam então que falem de Europa, não faltarão oportunidades de falarem de tudo o resto, se é que lhes tem faltado. E não faltam temas para debater, até porque correm um sério risco de o país vir a ter de enfrentar as consequências das políticas europeias.

Alguns mesmo que tanto exigiram a realização de um referendo ao Tratado de Lisboa estão agora mais interessados em discutir oliveiras ou as estatísticas do desemprego, o que prova que o interesse no debate europeu a propósito do Tratado não passava de mero oportunismo, era falta de tema e mais uma oportunidade para meter um grão na engrenagem da integração europeia a que sempre se opuseram, para alguns deles o modelo ideal era o saudoso Comecon.

O PSD está a fazer uma figura triste a troco de alguns votos, já se esqueceu do passado de alianças da direita portuguesa com Espanha desde o tempo dói franquismo, quando muitos republicanos foram devolvidos a Espanha para serem fuzilados. O PSD esqueceu-se da permanente subserviência em relação ao Aznar, misturando negócios da gente do BPN com a família do líder do governo espanhol. Esqueceu-se também da grande aliança com Aznar e os amigos Blair e Bush na guerra do Iraque. Parece mais grave um primeiro-ministro ir a um comício das europeia do que reunir com Aznar para apoiar a invasão do Iraque à margem do direito internacional e em rotura com uma boa parte da União Europeia.

Vital Moreira também está a ir no jogo, se os partidos da oposição fazem das europeias uma pré-campanha das legislativas o candidato do PS arma-se em ministro das Obras Públicas e lá vai de autocarro em vista à construção de uma linha férrea.E se os portugueses concluírem que depois da campanha ouviram falar de tudo menos de Europa e optarem por seguir o exemplo dos políticos e apenas votarem nas legislativas. Já que só falam de Portugal merecem que os portugueses lhes façam a vontade e não votem nas europeias.