Os partidos já deram (como sempre) um péssimo exemplo na formação das listas, escolhendo os candidatos com base em critérios que levam a que a candidatura europeia não passe de um prémio financeiro aos que mais servilmente estiveram ao lado dos líderes partidários. Uma boa parte deles nem sequer é capaz de enumerar dois terços dos países que actualmente compõem a União Europeia. Mas também pouco importa quem são ou qual a preparação dos candidatos, na verdade só conhecemos os cabeças de lista, os restantes não passam de meros figurantes.
Já que apenas os cabeças de lista é que falam então que falem de Europa, não faltarão oportunidades de falarem de tudo o resto, se é que lhes tem faltado. E não faltam temas para debater, até porque correm um sério risco de o país vir a ter de enfrentar as consequências das políticas europeias.
Alguns mesmo que tanto exigiram a realização de um referendo ao Tratado de Lisboa estão agora mais interessados em discutir oliveiras ou as estatísticas do desemprego, o que prova que o interesse no debate europeu a propósito do Tratado não passava de mero oportunismo, era falta de tema e mais uma oportunidade para meter um grão na engrenagem da integração europeia a que sempre se opuseram, para alguns deles o modelo ideal era o saudoso Comecon.
O PSD está a fazer uma figura triste a troco de alguns votos, já se esqueceu do passado de alianças da direita portuguesa com Espanha desde o tempo dói franquismo, quando muitos republicanos foram devolvidos a Espanha para serem fuzilados. O PSD esqueceu-se da permanente subserviência em relação ao Aznar, misturando negócios da gente do BPN com a família do líder do governo espanhol. Esqueceu-se também da grande aliança com Aznar e os amigos Blair e Bush na guerra do Iraque. Parece mais grave um primeiro-ministro ir a um comício das europeia do que reunir com Aznar para apoiar a invasão do Iraque à margem do direito internacional e em rotura com uma boa parte da União Europeia.
Vital Moreira também está a ir no jogo, se os partidos da oposição fazem das europeias uma pré-campanha das legislativas o candidato do PS arma-se em ministro das Obras Públicas e lá vai de autocarro em vista à construção de uma linha férrea.E se os portugueses concluírem que depois da campanha ouviram falar de tudo menos de Europa e optarem por seguir o exemplo dos políticos e apenas votarem nas legislativas. Já que só falam de Portugal merecem que os portugueses lhes façam a vontade e não votem nas europeias.