Isto não significa que as relações laborais deixam de ser importantes, mas a verdade é que com a adopção de novos modelos de relações entre empregadores e trabalhadores gerado por empresas mais dependentes de trabalhadores qualificados, sendo os elevados níveis de qualificação que determinam os níveis de precariedade e de mobilidade dos trabalhadores. Um trabalhador precário tem mais segurança no emprego de um trabalhador de uma indústria tradicional cujo futuro tem um horizonte que não vai para além de uma década ou ainda menos tempo.
A verdade é que se s lutas sindicais poderão trazer benefícios salariais aos trabalhadores estes terão mais a ganhar enquanto consumidores. Veja-se o caso dos aumentos dos preços dos combustíveis, dos produtos alimentares ou das taxas de juro que se registaram no ano passado, no seu conjunto tiveram um maior impacto nos rendimentos dos trabalhadores do que resultaria da satisfação das reivindicações sindicais mais ousadas.
Uma boa parte da população está mais interessada em saber o que se passa no mercado dos produtos e serviços que consome do que em saber se o primeiro-ministro andou a distribuir cheques-dentista ou computadores Magalhães. Se estiverem interessados em comprar um carro conhecem melhor as características do novo modelo da sua marca preferida do que em ler o programa da candidatura de Paulo Rangel às eleições europeias, são mais os que compram revistas de automóveis ou de computadores dos que fazem ideia de que “O Capital” foi escrito por Karl Marx.
É também enquanto consumidores que muitos cidadãos travam as suas batalhas políticas, quando se recusam a consumir uma espécie de peixe por os seus stocks estarem à beira da extinção estão a influenciar decisões políticas de forma mais eficaz do que se organizassem uma manifestação. As próprias empresas receiam mais uma reacção dos seus clientes a uma qualquer notícia envolvendo os seus produtos do que uma greve prolongada dos seus trabalhadores. Are mesmo muitas lutas laborais poderão vir no futuro a ser decididas pelos consumidores, basta que estes boicotem empresas que se comportem de forma menos ética com os seus trabalhadores. Este fenómeno já existe à escala global.
É por isso que é importante que cada cidadão use a sua condição de consumidor numa perspectiva de cidadania, em defesa de um país melhor, seja na perspectiva da defesa do ambiente ou do interesse dos trabalhadores.