FOTO JUMENTO
No tempo em que o Benfica marcava dois golos, Feira da Ladra, Lisboa
IMAGEM DO DIA
[Fayaz Kabli/Reuters]
«An Indian policeman used a slingshot to throw stones at Kashmiri protesters during an election protest in Srinagar Friday. At least 30 people were injured when police in Kashmir’s main city fired teargas to disperse thousands of Muslims protesting against India’s general election in the disputed Himalayan region.» [The Wall Street Journal]
JUMENTO DO DIA
António Costa
Gosto de ver António Costa criticar o PS, já o fez a propósito de vários dossiers e fê-lo agora em relação à lei do financiamento dos partidos, é uma prova de que estar no governo reduz a capacidade intelectual dos políticos, o autarca parece ter começado a pensar quando foi para a Praça do Município. Só é pena que tenha a triste sensação de que as críticas de António Costa não passem de uma forma de se demarcar do governo, algo que faz quando as sondagens dão para o torto ou quando há muitas manifestações.
Esperemos que esta veia crítica de António Costa também funcione em relação à gestão da Câmara Municipal de Lisboa...
QUEM GOVERNA A CAPITAL?
Leio na comunicação social que a Frente Tejo abre caminho a peões no Terreiro do Paço e assalta-me uma dúvida: terá algum partido com este nome concorrido à autarquia da capital? Não, não é um partido, é uma empresa com gente de confiança que decide os que os lisboetas podem ou não fazer em Lisboa.
AVES DE LISBOA
Fêmea de toutinegra-de-barrete-preto [Sylvia atricapilla]
Local da fotografia: Campo das Cebolas
FLORES DE LISBOA
Estrelícias [Strelitzia reginae] no pátio do Ministério das Finanças
CRIME DE ÓDIO
«Já muito se disse sobre o ocorrido no 1º de Maio com a delegação do PS que visitou a manifestação da CGTP. Houve quem (PS) exigisse pedidos de desculpas às direcções da CGTP e do PCP, quem (PCP) exigisse desculpas por lhe terem exigido desculpas, quem (Carvalho da Silva) pedisse desculpa ao fim de um dia a desculpabilizar o ocorrido, quem (Jerónimo de Sousa) recusasse sequer tomar conhecimento do assunto, quem (Saramago) exortasse as organizações em causa a expulsar os seus associados responsáveis pelas agressões e quem (Pedro Sales, assessor do BE) garantisse que se um militante agredisse alguém naquelas circunstâncias seria expulso.
As reacções foram (ou acabaram por ser), na generalidade, de desaprovação, com a notória e iniludível excepção da direcção do PCP. Mas uma questão foi pouco ou nada abordada: a da natureza do sucedido. Essa natureza foi aliás diluída na reacção dos próprios visados, que elidiram a sua componente mais óbvia: a de crime contra a liberdade e a integridade moral e física, e portanto de caso de polícia. É um erro. Conduzir as agressões e injúrias para o plano político-partidário e exigindo apenas por elas um pedido de desculpas opera, paradoxalmente, uma espécie de banalização da violência. Mais: permite que o caso se instrumentalize numa troca de galhardetes e acusações que chegou ao ridículo dos pedidos de desculpas cruzados.» [Diário de Notícias]
Parecer:
Por Fernanda Câncio.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
ESTE JORNAL QUE VOS DEIXO
«Ontem, comprei o jornal espanhol El País. Por 1,50 euros (dois cafés) levei um manual de vida: como empandeirar, de vez, o aldrabão do Rousseau ("o homem é naturalmente bom...") Guardei quatro páginas (da 56 à 59) para os meus netos. Valem por um curso. Estou a falar de El País, um dos melhores jornais europeus. Aquelas quatro páginas, o bom e credível jornal dedicou-as ao Chelsea-Barcelona. Quatro páginas de jornal são 15 mil caracteres. Escrever "Tom Henning" são onze caracteres com espaços. Naquelas páginas podia ter-se escrito mais de 1300 vezes "Tom Henning". Mas escreveu-se uma só, numa legenda que nada me disse sobre a importância do homem. Ora o tal Tom foi o árbitro e o actor principal do Chelsea-Barcelona. Roubou quatro penâltis aos ingleses, no mais escandaloso jogo de futebol da Liga dos Campeões de que há memória. Mas o bom e credível jornal espanhol (e é esse o problema: é mesmo bom e credível) escondeu o Tom e os penâltis. Então, é assim, queridos netos: uma instituição (e El País é uma instituição) fará o que tiver de fazer se tiver de ser feito. » [Diário de Notícias]
Parecer:
Por Ferreira Fernandes.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
VÓRUS E BACTÉRIAS
«Um vírus é basicamente um pequeno saco com um bocado de código genético lá dentro. Por si só não é capaz de se reproduzir, alimentar ou acumular energia. Fora de outro organismo o vírus não tem qualquer actividade. Precisa de se alojar numa célula para então "despertar para a vida", ou seja, desviando a função normal desta de forma a torná-la numa máquina de fotocópias de mais vírus iguais a ele. Nalguns casos, tira tantos exemplares que acaba por matar o hospedeiro, o que acontece por estes dias com o mais recente surto de gripe.
Daquilo que se conhece, o vírus nada mais faz para além de se copiar. Nessa medida, trata-se de uma forma muito primitiva e básica de vida cujo único objectivo é garantir uma continuidade existencial. Coisa que os genes, por exemplo, também fazem. Aliás, a tese mais consensual de momento afirma que estes minúsculos seres são bocados de código genético que se separaram de grandes cadeias, mantendo contudo uma capacidade de acção sobre essas mesmas cadeias. Ou seja, os vírus são mero lixo genético à deriva.» [Jornal de Negócios]
Parecer:
Por Leonel Moura.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
UM PROGRAMA
«Manuel Alegre vai finalmente decidir, ou ser forçado a decidir, se aceita ou não aceita um lugar nas listas do PS. Já falou com Sócrates e, no dia 15, irá falar com a gente que o apoia - a do MIC (Movimento de Intervenção e Cidadania) e a da "Corrente Socialista". Se Alegre recusar, grande parte do voto que ele, em princípio, encarna, provavelmente passará para a esquerda ou, se quiserem, para a extrema-esquerda. Se, apesar de tudo, seguir o PS, Sócrates será em teoria o beneficiário. Ninguém sabe ao certo o peso eleitoral de Alegre. Há quem pense que nenhum (ou perto disso) e há quem pense que talvez faça a diferença entre a maioria relativa e a maioria absoluta de Sócrates. De qualquer maneira, nesta altura, Sócrates não está com certeza disposto a correr riscos.
Da parte de Alegre, o negócio tem sempre prejuízos (não por acaso, ele hesitou durante mais de um ano). Se abandonar o PS, e o PS perder, é imediatamente promovido a "culpado" (ou mesmo, para a franja fanática, a "traidor") e liquida em definitivo qualquer ambição à Presidência. Pior: o valor de Alegre vem da ambiguidade da sua posição. Para o MIC e congéneres vale como "o homem de dentro", para o "radicalismo" do PS (aliás, sereno) vale como "o homem de fora". Sem um dos lados desta sábia mistura, não vale nada. Daí que tacticamente ele tente ameaçar o PS com o MIC e atrair o MIC com o PS, ou melhor, com a hipotética "esquerdização" do PS. No momento em que se definir - e voltar a S. Bento é uma definição - acaba para os dois lados.
Só uma coisa o pode salvar: aparecer como garantia de que o PS nunca se resignará ao Bloco Central. Em nome da salvação da Pátria ou da salvação do mundo. Porque, para lá do palavreado sobre a "governabilidade" e a "crise", o Bloco Central essencialmente se destina a isolar o PC e Louçã (a que as sondagens dão hoje 20 por cento do eleitorado). Não por acaso Alegre se apressou a dizer que o "Bloco Central não é uma solução democrática", que "é uma solução contrária à maioria sociológica do país" (que ele, evidentemente, acha de esquerda) e que, ainda por cima, representa o "bloco central de interesses". Verdade ou não, Alegre arranjou agora uma causa que o justifica. Se entrar nas listas do PS, entra com um programa taxativo e claro, que, na ausência de uma maioria absoluta, dividirá o partido. » [Público assinantes]
Parecer:
Por Vasco Pulido Valente.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
QUAL SERÁ A DIFERENÇA ENTRE APOIAR E NÃO SE OPOR?
«"O Governo não deu ordem a ninguém" quanto ao empréstimo de 200 milhões de euros da CGD ao Finantia, no segundo semestre do ano passado, disse Teixeira dos Santos no Parlamento, em resposta a uma pergunta do Bloco de Esquerda.
"O Finantia não vive de depósitos e enfrentou problemas de liquidez decorrentes da difícil situação vivida pelo sistema financeiro no ano passado", precisou o ministro, acrescentando que "o Banco de Portugal, numa acção de emergência de liquidez, solicitou à Caixa que fizesse aquela operação".» [Diário de Notícias]
Parecer:
O facto é que o ministro das Finanças e isso significa que havia da parte da CGD a intenção de avançar com o empréstimo, se o governo não se apôs então deu o seu apoio tácito.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro das Finanças o que entende por não se opor.»
ATÉ FIQUEI COM PENA DO SALDANHA SANCHES
«A crise económica abrandou o mercado dos pareceres jurídicos, levando a uma "grande guerra" entre juristas. Saldanha Sanches disse ao DN que Marcelo Rebelo de Sousa não devia emitir pareceres por "não publicar nada há mais de dez anos". O comentador respondeu que o fiscalista deve andar "distraído ou ignorante". Um mercado que continua a mover milhões.
"Hoje há uma crise de pareceres. O Estado e as autarquias não têm dinheiro." A frase é de Marcelo Rebelo de Sousa, que garantiu ao DN que a crise está a afectar o mercado dos pareceres jurídicos. Estas solicitações a juristas continuam a mover milhões de euros em Portugal, mas já não rendem tanto como antes. Além disso, segundo explica o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL), "há cada vez mais pareceristas", o que faz com que exista uma "grande guerra" no mercado.» [Diário de Notícias]
Parecer:
Esta picardia entre Saldanha Sanches e Marcelo Rebelo de Sousa com o primeiro a ter o desplante de sugerir ao segundo que deixe de fazer pareceres dá um pouco a ideia do que o mercado dos pareceres é um mundo obscuro onde se misturam influências e jogos sujos com negócios de comentadores.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Saldanha Sanches que mostre as suas contas dos últimos anos indicando o nome dos seus clientes.»
«No entanto, entreguei hoje mesmo o meu pedido de demissão do Partido, no que constituiu a decisão mais dolorosa da minha vida. Fi-lo por dever de consciência: sempre protestei contra os que, violando os estatutos do Partido, pretenderam descaracterizá-lo. E não podia agora incorrer na violação da disciplina partidária.
Cada vez me sinto mais próximo, ideologicamente, do meu Partido, o único que verdadeiramente defende os trabalhadores e outras classes sociais desfavorecidas, em Portugal.» [Pedro Namora]
Resta saber se depois das eleições Pedro Namora pede o cartão e o emprego de assessor autárquico nas autarquias do PCP. Esperemos para ver.
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