sábado, maio 02, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Bordo-do-Japão (Acer palmatum cv vitifolium) no jardim da Fundação Calouste Gulbenkian

IMAGEM DO DIA

[Luis Acosta/AFP]

«A couple wearing surgical masks to avoid the A/H1N1 flu virus kissed at Mexico City’s Zocalo square Thursday.(» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Carvalho da Silva

Não partilho a simpatia de alguma intelectualidade da esquerda que não sonha com ditaduras em relação a Carvalho da Silva, sempre o achei tão ortodoxo como os ortodoxos do PCP, aliás, se assim não fosse já lá não estava. Mas tinha alguma consideração intelectual pelo líder da CGTP, consideração que deixei de ter ao ouvir os seus comentários a propósito das agressões a Vital Moreira.

Carvalho da Silva revelou-se um hipócrita, ou mesmo um idiota ao desculpabilizar os energúmenos do seu partido sugerindo aos agredidos que reflictam sobre o sucedido, dando a entender que os agressores eram trabalhadores desesperados. Esta desculpabilização de criminosos já não é nova, aquando da vaga de crimes o PCP justificou-a com o desemprego, como se os assaltantes de bancos e homicidas fossem desempregados. Só que toda a gente viu os agressores na televisão e pareciam tudo menos desempregados, basta ir a uma Festa do Avante para lhes reconhecer a pinta.

Se Carvalho Silva não fosse estúpido diria o mesmo que disse o seu chefe Jerónimo de Sousa, que não comentava o que não tinha vista. Sempre era menos hipócrita e não tinha feito a figura de parvo a que todos os portugueses assistiram.

PS: Se Carvalho da Silva não fosse idiota não elegia a possibilidade de um governo de bloco central para tema do discurso, só mesmo um idiota não percebe que a melhor forma de evitar um governo desses é não votar no PCP. A não ser que Carvalho da Silva seja ainda mais idiota do que eu o considero e ainda imagine um governo apoiado pelo PCP. A nã ser que seja uma coligação entre o PCP e o PSD, é com este partido que os camaradas de Carvalho da Silva se aliaram em muitas autarquias.

O ÓDIO DO PCP A VITAL MOREIRA

Aquilo que os militantes do PCP sentem por Vital Moreira é ódio irracional, mais do que qualquer "capitalista explorador" o PCP odeia os seus meninos de ouro, Vital Moreira e Zita Seabra, um era o menino bonito da elite do partido, a outra era o símbolo da jovem trabalhadora, ainda por cima casada com Carlos Brito que era um dos dirigentes do partido.

Vital Moreira não era um militante qualquer, foi um dos que redigiram a Constituição e o símbolo do PCP no meio intelectual. Depois de Vital Moreira e outros saírem o PCP perdeu influência nalguns meios, ficando acantonado no mundo sindical.

O ódio do PCP por Vital Moreira é irracional, vai muito para além do ódio a um traidor que Vital nunca foi, foi um dos mais brilhantes intelectuais do partido que o abandonou.

AVES DE LISBOA

Juvenil de pintassilgo [Carduelis carduelis]
Local da fotografia: Cidade Universitária

SUBSÍDIOS PARA UM SUBSÍDIOSMAIS BEM EMPREGADO

«Parece mal falar de desemprego no dia do trabalhador. Mas tendo descoberto, por via de amigos desempregados, uma ou duas coisas sobre as regras da Segurança Social em geral e do subsídio de desemprego em particular , tenho urgência em partilhá-las (sobretudo depois de ter passado um dia e meio a tentar que responsáveis da SS mas explicassem, já que, aparentemente, têm tanta dificuldade em perceber o que diz a lei como eu).

Uma das coisas que descobri é que a Segurança Social continua a funcionar de acordo com um mundo que já não existe (no que se parece muito com os sindicatos). É o mundo do emprego para toda a vida e do desemprego como situação inusitada, um mundo em que só existem empregados e desempregados. Daí que não só continue a negar o subsídio de desemprego aos cada vez mais numerosos trabalhadores em regime de trabalho independente/recibo verde, como até aos que, sendo trabalhadores por conta de outrem, tenham tido a ideia de contribuir com denodo para a produtividade nacional, desenvolvendo simultaneamente uma actividade de trabalho independente cujo provento total tenha ultrapassado, no ano anterior, o extravagante montante de 2400 euros .» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

RANGEL E A SUA CIRCUNSTÂNCIA

«Eu tinha avisado. O combate eleitoral que se avizinha vai ser interessante e pode contribuir para reduzir a abstenção nas eleições europeias. Volto ao tema, desta vez através do principal confronto, o que oporá Vital Moreira e Paulo Rangel. Um registo de interesses à cabeça: sou amigo e admirador de ambos, reconhecendo neles exemplos paradigmáticos da capacidade que a Universidade de Coimbra tem demonstrado de criar elites, no sentido mais nobre da palavra.

Os dois contendores têm muito em comum: receberam a mesma formação académica, cultivam a mesma área científica, produziram obra jurídico-política que lhes vai sobreviver pela qualidade que possui, são figuras mediáticas, possuem grande capacidade de comunicação (embora no Prós e Contras Vital tivesse sido uma pálida imagem de si próprio), são agressivos no discurso e no combate político, corajosos e determinados. Dificilmente o PS teria encontrado melhor; e o PSD não teria podido, de facto e nesta conjuntura, sido mais feliz na escolha.

Muito em comum, mas alguma coisa a separá-los: o percurso ideológico (um da esquerda marxista para a esquerda moderada, o outro da direita moderada para o centro), a idade (um soixante-huitard contra um jovem que se formou nos combates contra o esquerdismo institucional e bacoco que dominou os muitos anos que se seguiram ao 25 de Abril), o posicionamento político (um atado ao Governo e outro livre para o atacar) e as ambições (Vital Moreira aceitou sabendo que não será nunca líder do PS; Rangel sabe que, se tiver um bom resultado e se o PS ganhar as eleições do Outono, será muito provavelmente o líder do PSD que se segue).

Concentremos-nos em Rangel, então. Devo confessar que, conhecendo-o há muitos anos, me surpreendeu profundamente desde que assumiu a liderança do grupo parlamentar. Sabia da sua inteligência (lembro-me de, quase há dez anos, ter apresentado o seu importantíssimo livro sobre a legitimidade do poder judicial), da sua modéstia levemente arrogante (como é sempre a modéstia excessiva), da sua capacidade de trabalho, do seu investimento na reflexão político-ideológica, da sua vontade de provar do fruto da acção política. Um intelectual que podia tornar-se "orgânico". Tudo isso se confirmou.

Mas descobri nele qualidades que são essenciais para o combate político no começo deste século XXI, goste-se ou não que assim seja. Paulo Rangel é capaz de uma acutilância verbal e imagética que faz lembrar o seu mestre Francisco Lucas Pires, revelando-se claramente como o seu herdeiro político, agora num tempo mais propício; tem uma capacidade de simplificação das ideias que encontramos em Paulo Portas e que torna as mensagens fáceis de perceber pela opinião pública em geral; possui uma veia populista e demagógica que sempre caracterizou o PPD "bonapartista" e que lhe vai dar uma adesão às massas que eu próprio julgaria improvável. No fundo, finalmente o PSD tem um líder preparado para o tempo em que só a televisão conta e em que os eleitores não gostam, não se interessam e não valorizam a política.

Como se tudo isto não bastasse, a sua reflexão ideológica está a levá-lo para lugares e opções que são claramente correspondentes às novas sensibilidades e opiniões das elites mais esclarecidas, mais cosmopolitas, mais jovens e mais liberais, que tendem a dominar à medida que o tempo passa. Falo do seu recente livro e da sua tese de que vivemos num tempo "neomedieval", de relações em rede, em que a proliferação de grupos de interesse inorgânicos numa época de globalização e internacionalização está a minar o papel tradicional do Estado e, quiçá, a começar o fim de um tempo que começou com o Renascimento, se reforçou com o Absolutismo, se legitimou com o Iluminismo e se democratizou com a Revolução e as suas sequelas (vontade geral, nacionalismo, intervencionismo).

Voltarei em breve ao tema. Mas desde já afirmo que este livro pode vir a servir de base para o corpo ideológico de que o centro-direita andava à procura, após terminar a deriva "pseudo-esquerdista" que tem dominado no PSD (e que tão bem foi escalpelizada por Vital Moreira no PÚBLICO na passada terça-feira) e é causa da confusão, indefinição, percursos erráticos e desmotivação da área não socialista do país.

Por isso, nestas eleições europeias está em jogo não apenas a sobrevivência de Manuela Ferreira Leite, como o médio prazo político da direita em Portugal. Rangel percebeu que aceitar ser líder desta campanha era uma boa estratégia para o futuro, não só porque um bom resultado é mais fácil para o PSD nas europeias do que nas legislativas, mas também porque a visibilidade que vai receber lhe permitirá posicionar-se para o que possa acontecer, se Sócrates renovar a maioria absoluta ou ficar perto dela.

A evidência do que eu acabo de dizer pode ser detectada - ainda de forma subliminar - no discurso e afirmações de outros candidatos à sucessão de Manuela Ferreira Leite. No que dizem e no que sugerem ou calam. O que significa que Rangel vai ter de contar consigo e com muito pouco mais no PSD; e que ninguém lhe perdoará, se não alcançar uma vitória em Junho - apesar de ser muito difícil e se calhar improvável.

Há dois ou três anos "profetizei" que o grande combate do PSD seria em 2013 (com a crise e se Sócrates não conseguir maioria absoluta pode tudo acontecer a seguir às eleições presidenciais de 2011), defendendo que seria por isso essencial reorganizar política e ideologicamente o espaço da direita para tal fim. Afirmei também que tentar ganhar no Outono deste ano, perdendo a alma, seria provavelmente a receita para o desastre em 2009 e em 2013.

No fundo, no fundo, e não o podendo evidentemente dizer, Paulo Rangel deve estar de acordo comigo. Esse é, talvez, o mais importante facto político desta conjuntura.» [Público assinantes]

Parecer:

Por José Miguel Júdice.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

UMA SONDAGEM MUITO SIMPÁTICA PARA MANUELA FERREIRA LEITE

«Neste estudo de opinião, estima-se que o Bloco de Esquerda surja na terceira posição das forças mais votadas, com 12% de intenções de voto, seguido da CDU com 7% e do CDS apenas com 2%.

Caso se verifiquem estes resultados – obtidos sobre as intenções directas de voto em cada partido e redistribuindo os indecisos e os votos brancos e nulos –, representam nove lugares no Parlamento Europeu tanto para o PS como para o PSD, três para o Bloco de Esquerda e um para a CDU. O CDS não consegue eleger qualquer eurodeputado » [Diário de Notícias]

Parecer:

E muito antipática para Jerónimo de Sousa que vê o seu partido transformado num satélite do BE.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela grande sondagem.»

COMEÇA A ESCLARECER-SE O DVD DO CASO FREEPORT

«A aprovação do Freeport de Alcochete não passava só por questões técnico-ambientais, mas também por "lóbi político". A conclusão é dos advogados da Decherts, sociedade inglesa que investigou todos as alegações de Charles Smtih no DVD em que refere José Sócrates. A investigação inglesa cita uma nota escrita pelo gestor do Freeport Rick Dattani para o ex-presidente da administração Sean Collidge, de Novembro de 2001, em que é dito que "o lóbi político a favor do projecto melhorou em Lisboa após o seu [Sean Collidge] encontro com a embaixadora".

Na mesma nota, que consta do relatório final da Decherts a que o DN teve acesso, Dattani sugeriu a Sean Collidge uma lista de pessoas para a embaixadora Glynne Evans contactar, no sentido de "aplicar maior pressão sobre a comissão". Refere-se à comissão de estudo de impacte ambiental que estava a analisar o projecto. Entre os nomes sugeridos estavam: Rui Nobre Gonçalves, secretário de Estado, que "parece estar a favor do projecto", e Pedro Silva Pereira, também secretário de Estado de José Sócrates, que, segundo Dattani, estaria "contra o projecto e a pressionar a comissão para impor mais restrições".» [Diário de Notícias]

Parecer:

O melhor é aguardar pela conclusão das investigações.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se.»

CONSELHO DE ESTADO: CAVACO DESCULPA-SE COM PS

«Cavaco sentiu necessidade de divulgar uma nota oficial justificando o escasso número de reuniões do Conselho de Estado. Só reúne este órgão para temas de grandes impacto e para evitar ser acusado de estar a atacar o PS.

O Presidente da República divulgou ontem uma nota oficial para explicar o reduzido número de reuniões do Conselho de Estado. Cavaco Silva pretende convocar este órgão de aconselhamento nos estritos preceitos constitucionais, ou seja, apenas para debater os grandes temas nacionais. » [Jornal de Notícias]

Parecer:

Que grande cambalhota!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Dias Loureiro que se demita do Conselho de Estado.»

VACINA CONTRA A GRIPE A COMEÇARÁ A SER PRODUZIDA DAQUI A UMA OU DUAS SEMANAS

«En conferencia de prensa, recordó que la fabricación de vacunas es un proceso complejo que, en algunos casos, ha hecho imposible lograr una fórmula para determinadas enfermedades, como el sida. Sin embargo, se mostró confiada en la "tremenda experiencia" que tiene la industria farmacéutica en el área de vacunas para la gripe estacional.

La experta recalcó, en cualquier caso, que no se puede esperar declarar oficialmente una pandemia para empezar la manufactura de vacunas capaces de impedir la transmisión del virus AH1N1. » [20 Minutos]

ELIARA

UN TECHO PARA MI PAIS