sexta-feira, novembro 22, 2013

A anedota, a austeridade e a cambalhota

A situação portuguesa faz lembrar da anedota do compadre que foi fazer a experiência de voo num avião de acrobacias. Terminado o passeio o piloto dirigiu-se ao nosso compadre para lhe perguntar como se tinha sentido, ao que este respondeu:
 
“Quando o avião subiu eu já estava à espera de me borrar todo!
Quando o avião descia eu também já sabia que me ia mijar pelas calças abaixo.
Do que eu não estava à espera é que o vossemecê desse uma volta e a merda e o mijo me caíssem em cima!”
 
Passos Coelho parece o nosso compadre sabia que a sua política ia dar borra mas estava convencido de que não lhe caía em cima. Estava convencido de que podia impor ao país uma austeridade brutal em 2011, que em 2012 o país crescia e em 2013 o país já estaria esquecido. Só que tudo falhou, a economia continua em recessão, os donos de restaurantes que o Gaspar levou à falência não se converteram em donos de satartups concorrentes da Apple, o país afunda-se.

A liberalização do mercado de trabalho não criou emprego, a falência forçada dos restaurantes e da construção civil não modernizaram a economia, as gorduras do Estado continuam onde estão, o investimento estrangeiro continua a passar ao lado.
 
A grande diferença entre Passos Coelho e o nosso compadre reside no facto de o primeiro-ministro estar convencido de que é um espertalhão e de que, apesar da cambalhota eu o país está dando, a merda não lhe cairá em cima. Descobriu nos funcionários públicos as vítimas que irão absorver todo o impacto negativo das suas políticas e pediu ao Cavaco Silva para forçar Seguro participar num consenso para que seja o PS a levar com a merda em cima.
 
Passos Coelho ainda não avaliou todas as consequências das suas políticas e, como é costume em muita gente de parcos recursos intelectuais, continua convencido de que os portugueses são imbecis. Está convencido que recorrendo a truques de propaganda que fazem lembrar Joseph Goebbels vai convencer os portugueses de que a culpa de todos os males é dos funcionários públicos e pensionistas e de que a culpa do insucesso da sua política é do Tribunal Constitucional.
  
Passos Coelho não vai conseguir evitar as consequências da cambalhota a que forçou o país e tal como sucedeu com o nosso compadre vai mesmo levar com a merda em cima.