sexta-feira, novembro 01, 2013

Tempos miseráveis

Apesar da gravidade da crise que o país atravessa quase não apetece debater os problemas, tal é o nível miserável da nossa governação e das opiniões de muitos dos nossos opinion makers de pacotilha. Veja-se o triste guião de Paulo Portas, essa bodega não tem ponta por onde se pegue, trata-se de um documento sem qualquer valor intelectual, sem dignidade sequer para merecer um minuto de discussão.
 
 Política económica do governo não tem objectivos, aliás, a política deste governo não obedece a quaisquer princípios. No tempo de Vítor Gaspar ainda se leram uns artigos do pessoal de Harvard, os artigos assentavam em pressupostos errados mas sempre eram de professores de Harvard. Agora a política económica visa apenas um saldo, corta-se sem avaliar as consequências, estamos perante raciocínios de merceeiros. Quando alguém critica uma medida orçamental exigem medidas alternativas com o mesmo impacto financeiros, ignora-se de um todo qualquer impacto social ou económico.
 
A direita portuguesa está dando um espectáculo triste, uma exibição de incompetência, falta de seriedade e a ausência de qualquer projecto. A lógica deste governo de direita é que se ganhou as eleições pode governar como quer, pode ignorar a Constituição, gozar com a oposição e cumprir um programa em quem ninguém votou. Neste país nada se pensa, nada se debate, nada se avalia, faz-se o que o Passos Coelho quer, sempre com o falso argumento de foi a troika mandou.
 
Já não há paciência para analisar as medidas erráticas de um governo desorientado e incompetente. Já ninguém presta atenção às declarações de um presidente sem credibilidade que se tornou guardião do governo do seu partido, um presidente que há um ano encurtava a legislatura se o PS aceitasse as suas propostas e agora diz que Portugal é um país normal e por isso a legislatura é para levar até ao fim. Já não há paciência para ouvir as baboseiras do Marcelo ou as inconfidências do Marques Mendes.
 

A incompetência do governo, a má fé da direita, o oportunismo generalizado em que se mergulhou estão reduzindo o debate e extremando as posições. A direita teve mais olhos do que barriga, foi incapaz de implementar um projecto sério e agora não há espaço para qualquer debate ou para o diálogo, ou a direita ganha e sobrevive no poder ou éderrubada na rua ou através de eleições.