Apesar da gravidade da crise que o país atravessa quase não
apetece debater os problemas, tal é o nível miserável da nossa governação e das
opiniões de muitos dos nossos opinion makers de pacotilha. Veja-se o triste guião
de Paulo Portas, essa bodega não tem ponta por onde se pegue, trata-se de um
documento sem qualquer valor intelectual, sem dignidade sequer para merecer um
minuto de discussão.
Política económica do
governo não tem objectivos, aliás, a política deste governo não obedece a
quaisquer princípios. No tempo de Vítor Gaspar ainda se leram uns artigos do
pessoal de Harvard, os artigos assentavam em pressupostos errados mas sempre
eram de professores de Harvard. Agora a política económica visa apenas um
saldo, corta-se sem avaliar as consequências, estamos perante raciocínios de
merceeiros. Quando alguém critica uma medida orçamental exigem medidas
alternativas com o mesmo impacto financeiros, ignora-se de um todo qualquer
impacto social ou económico.
A direita portuguesa está dando um espectáculo triste, uma
exibição de incompetência, falta de seriedade e a ausência de qualquer
projecto. A lógica deste governo de direita é que se ganhou as eleições pode
governar como quer, pode ignorar a Constituição, gozar com a oposição e cumprir
um programa em quem ninguém votou. Neste país nada se pensa, nada se debate,
nada se avalia, faz-se o que o Passos Coelho quer, sempre com o falso argumento
de foi a troika mandou.
Já não há paciência para analisar as medidas erráticas de um
governo desorientado e incompetente. Já ninguém presta atenção às declarações
de um presidente sem credibilidade que se tornou guardião do governo do seu
partido, um presidente que há um ano encurtava a legislatura se o PS aceitasse
as suas propostas e agora diz que Portugal é um país normal e por isso a
legislatura é para levar até ao fim. Já não há paciência para ouvir as
baboseiras do Marcelo ou as inconfidências do Marques Mendes.
A incompetência do governo, a má fé da direita, o
oportunismo generalizado em que se mergulhou estão reduzindo o debate e
extremando as posições. A direita teve mais olhos do que barriga, foi incapaz
de implementar um projecto sério e agora não há espaço para qualquer debate ou
para o diálogo, ou a direita ganha e sobrevive no poder ou éderrubada na rua ou
através de eleições.