É um nojo que se analisem os dados relativos ao desemprego
ignorando a realidade e fazendo crer que uma ligeira redução da taxa de
desemprego significa a criação de emprego. É ainda mais lamentável que um
algarvio, com é o caso do marido da Dra. Maria Silva, ignore que a grandiosa
redução do desemprego ocorreu num período de criação de emprego sazonal.
É um nojo porque a grande causa por detrás da da redução da
taxa de desemprego reside no abandono do país por parte de numerosos jovens,
para não referir os muitos emigrantes que fogem de um país onde se trabalha
mais para ganhar menos e pagar mais impostos, um país onde se baixa o IRC para
estimular o desemprego ao mesmo tempo que se aumenta o IR para convidar os
melhores a partir para melhores paragens.
É um nojo que políticos responsáveis ignorem
propositadamente que o mais troikismo do que a troika teve como consequência
mais grave a perda da melhor geração que Portugal teve, uma geração nascida em
democracia, altamente qualificada e sem traumas da guerra e da ditadura, uma
geração altamente produtiva e com novos valores.
É um nojo que estes políticos ignorem que alguma criação de
emprego não resulta de um crescimento da economia mas sim do baixo preço da
mão-de-obra qualificada. Arquitectos, advogados, engenheiros e outros
especialistas a ganharem menos do que uma empregada doméstica, os call centers
cheios de licenciados a ganhar esmolas ou os bancos a preencherem os balcões
com licenciados em gestão.
É um nojo que estes políticos prefiram ignorar que estamos a
financiar outras economias disponibilizando-lhes quadros altamente qualificados
que custaram muitos milhões ao Estado e às famílias portuguesas, para poderem
festejar ligeiras melhorias num indicador que nem sequer traduz a realidade
económica e social do desemprego. Países como a Alemanha ganham com a união
monetária, cobram-nos juros elevados pela suposta ajuda e ainda nos levam os
melhores quadros à borla. E os nossos políticos de merda ainda encontram razões
para festejarem.