O que se passou em Portugal em
matéria de processo de ajustamento foi um golpe contra a democracia, a
soberania e o povo de um país de pleno direito da União Europeia e do FMI. O
povo português serviu para ser vítima de testes de excessos de austeridade e de
experiências conduzidas por economistas medíocres.
Apesar do insucesso os principais
responsáveis insistem no discurso do sucesso ao mesmo tempo que propõem dose
brutais de austeridade como solução para encobrir as consequências dos seus
erros. Não admira que o presidente da Comissão Europeia chegue ao ponto de
tentar forçar Portugal a ignorar a sua própria Constituição, que o porta-voz do
comissário dos Assuntos Monetários (um tal pitbull de nome Simon O'Connor) ou
que a directora do FMI proceda a sucessivas substituições do seu representante
em Lisboa.
A troika teve em Portugal um
comportamento irresponsável, ilegal e criminoso e se no caso do FMI já se sabe
da sua preferência por regimes de ditadura da extrema-direita, já no que se
refere à União Europeia é tudo mais grave pois esta foi criada no pressuposto
da defesa dos valores democráticos. As políticas defendidas pelo FMI e pela
União Europeia, designadamente, pela seita do comissário dos Assuntos
Monetárias e pelos economistas obscuros do BCE só são viáveis num clima de
ditadura pois têm como pressuposto uma mega transferência de riqueza dos mais
ricos para os mais pobres. A política adoptada pela troika para Portugal só tem
paralelo no Chile de Pinochet.
Para impor ao povo português uma
política económica digna do regime de Pinochet a troika recorreu a um
comportamento criminoso que não pode ser ignorado e deve ser alvo de julgamento
ao nível nacional e internacional. A troika usou um país para fazer
experiências sem, contudo assumir as responsabilidades. A troika manipulou o
governo de um país soberano assegurando-se que era um dos seus a conduzir a
política económica e a mandar nos restantes membros do governo. A troika
ignorou o memorando que ela própria assinou e contando com um governo por ela
controlado alterou o memorando de forma opaca e à margem de todos os partidos
que o assinaram e das instituições democráticas.
A troika é responsável pelo
agravamento da crise financeira, pela violação da soberania, por ter feito um
golpe de Estado em Portugal. Os responsáveis pela troika – presidente da
Comissão Europeia, presidente do BCE e directora do FMI – não passam de
criminosos que devem ser responsabilizados politica e judicialmente pelo
sofrimento que impuseram aos portugueses e pela consequências e prejuízos
resultantes da política económica que impuseram ao país por métodos pouco
claros.