e na
sua formação académica esse domínio não tenha sido contemplado. Para se ser um
bom professor não bastam conhecimentos científicos, são igualmente necessários
conhecimentos no domínio da pedagogia.
Faria
sentido que alguém que vai ensinar receba a devida preparação no domínio da
pedagogia, bem como informação pormenorizada sobre os programas de ensino, os
objectivos e as regras de funcionamento das escolas. Não basta uma licenciatura
e umas reuniões para que alguém seja lançado como professor. Faz todo o sentido
que o Estado assegure a formação inicial e nesse caso faria igualmente sentido
que houvesse um processo de avaliação.
O
que não faz sentido é considerar que, por exemplo, o que um doutorado em matemática
aprendeu seja equiparado ao exame de código reservando-se o ministério o
direito de proceder a uma avaliação dos conhecimentos científicos como se fosse
um exame de condução. O exame que vai ser feito como condição de ingresso na
carreira de professor faz pensar que vai ser instituída a carta de condução de
professor.
Quem
garante que os avaliadores têm mais conhecimentos científicos ou mesmo pedagógicos
que os avaliados? Estamos perante uma situação caricata em que os examinadores
podem ter menos conhecimentos científicos e mesmo pedagógicos do que os
avaliados. A vantagem dos avaliadores é terem conhecimento da chave de
respostas aos exames.
É
aceitável que o ingresso em muitas profissões esteja condicionado a exames de
ingresso, a estágios e a avaliações realizadas no final dos estágios. Nalgumas
profissões, como é o caso dos magistrados, há mesmo lugar a formação de pós-graduação.
Mas em nenhum caso há uma avaliação do que já se avaliou nas universidades,
salvo no caso de concursos em que se pretende classificar os concorrentes e em
vez de se considerem as notas de cursos, obtidas com critérios diferentes, se
opta pela avaliação de conhecimentos.
No
caso dos professores não há uma avaliação no momento do ingresso, nem essa
avaliação garante o ingresso. A avaliação pretende apenas a concessão de uma
autorização a concorrer a uma vaga de professore, como se fosse uma carta de
condução.
Por
este andar teremos cartas de condução para juízes, médicos enfermeiros, porque
não? Temos um país em que um qualquer idiota pode chegar a ministro ou a
Presidente da República mas para se chegar a professor é preciso fazer um exame
porque o ministro da Educação não confia nas universidades e no rigor e
honestidade dos professores universitários. É caso para dizer que o professor
Crato, só não se percebe se ele não confia no trabalho que fez enquanto
professor universitário ou se desconfia dos seus colegas.