A direita dá-se
mal com manifestações de polícias, faz-lhe confusão que aos polícias
vocacionados para reprimir ousem eles próprios manifestar-se para além das
conveniências. Por outro lado, é conhecido o trauma cavaquista dos secos e
molhados que ficou evidente em todas as intervenções públicas de Passos Coelho
e de Cavaco Silva. Os secos e molhados é um trauma que continua a incomodar uma
direita que gosta de se armar em amiga das polícias.
Perante a
mobilização dos polícias a direita assustou-se e começou a recear mais um dia
de secos e molhados, um confronto entre polícias às portas do parlamento daria
uma péssima imagem do governo e os responsáveis pela PSP fizeram o que puderam,
a solução foi permitir aos manifestantes um passeio organizado até ao topo das
escadarias do parlamento.
Foi um alívio
para a direita, a presidente do parlamento não a escondeu e só lhe faltou dizer
que foi uma pena os polícias não a terem ido visitar ao seu gabinete. O próprio
governo ficou baralhado, Passos Coelho não sabia o que dizer passando a bola ao
ministro, este ter-lhe-á dito que não iria a jogo, Cavaco aguardava pelo
resultado. Quando o governo percebeu de que não se escaparia às críticas de falta
de autoridade fez saber que tinha demitido o
director nacional da PSP.
O ministro
esperou 24 horas para falar e quando o fez já tudo tinha sido dito, apenas se
ficou a saber que não tinha feito nada e que depois do director nacional da PSP
ter batido com a porta se limitou a nomear para o seu lugar o responsável
operacional pelo falhanço da polícia de choque.
Desta vez e
graças ao director nacional da PSP não ocorreu uma cena de secos e molhados,
mas mesmo com tempo seco nas escadarias do parlamento o governo ficou
encharcado com a torrente de manifestantes da PSP que, como disse a presidente
do parlamento, quiseram bater `porta, quiseram e bateram.