Catarina Martins, que gosta de passar a mensagem de que tudo o que de bom faz o governo se deve à sua liderança, mas que há mais pequena dificuldade se junta ao PSD como sucedeu com a questão da contagem de vítimas dos incêndios, veio exigir que no próximo ano se reverta as alterações que foram feitas na legislação laboral. Compreende-se que Catarina Martins faça tal exigência, o que poderá não merecer grande credibilidade é o argumento por ela invocado, porque dessa forma os salários aumentarão.
Diz a líder do BE que não faz sentido que haja crescimento sem que daí resultem aumentos salariais, argumento que só é fácil de parecer verdadeiro porque é um bom exemplo de populismo. Catarina Martins teria razão se ao crescimento correspondesse um aumento do rendimento per capita, isto é, se o crescimento fosse também impulsionado pelo aumento de produtividade.
A produtividade cresce se as empresas estiverem habilitadas a produzir mais e melhor com menos recursos e para isso é necessário contar com trabalhadores mais qualificados e investir mais. Ora, a prior coisa que se pode fazer num momento em que se deseja mais investimento é dizer aos investidores que o seu investimento será menos rentável. E quando se diz uma bacorada da boca para fora só para aparecer na televisão armada em líder do proletariado entramos no domínio da irresponsabilidade.
É verdade que se tem a sensação de que os salários poderão ser maiores se a legislação laboral for mais favorável ao trabalho. Sensação porque a não ser eu os salários sejam fixados administrativamente nada garante que tal suceda. Muito antes da troika o país assistiu a profundas alterações do rendimento em desfavor dos trabalhadores.
A melhor forma de garantir aumentos salariais é criando emprego, porque são os trabalhadores eu por estarem desempregados mais ficam vulneráveis. Não é por causa da legislação laboral que os escritórios de advogados ou os ateliers de arquitetura pagam aos jovens advogados ou arquitetos quase o mesmo que se se paga às empregadas domésticas. Na verdade, é hoje muito mais difícil encontra uma empregada doméstica no desemprego do que um jurista disposto a quase tudo para trabalhar.
É urgente criar emprego porque é o excesso de trabalhadores dispostos a tudo para conseguir um ordenado, por mais pequeno que seja, que está pressionando o mercado laboral no sentido da baixa acentuada dos salários. Ao proporá medidas que apenas servem para reduzir o investimento Catarina Martins apenas está a dar uma ajuda no sentido de baixar ainda mais os salários.