Jumento do Dia
Dantes era proibido aos ciganos nómadas acamparem em alguns municípios do Alentejo, parece que agora nem podem morrer. Se todas as juntas de freguesia fizerem o que fez a de Cabeça Gorda os ciganos terão de ir morrer para Espanha.
«A Associação Nacional dos Mediadores Ciganos, Letras Nómadas, Sílaba Dinâmica de Elvas e Associação para a Igualdade de Género nas Comunidades Ciganas manifestaram nesta sexta o seu “repúdio” pelos últimos acontecimentos na Junta de Freguesia de Cabeça Gorda no concelho de Beja, frisando que “nem para morrer se pode ser cigano”. Reportam-se à decisão tomada pelo presidente da junta, Álvaro Nobre (CDU), que impediu a deposição do corpo de José António Garcia, cidadão cigano e pastor da Igreja Evangélica de Filadélfia, alegando que não tinha nascido nem era morador na freguesia.
Acontece que, contrariamente ao que disse o autarca, o cidadão cigano que faleceu “era morador recenseado” na freguesia e a viúva “tem as suas raízes na Cabeça Gorda”, lê-se no comunicado emitido pelas associações ciganas em que repudiam o argumento de Álvaro Nobre de que o “falecido passava a maior parte do seu tempo noutras freguesias vizinhas”. E perguntam se “às pessoas não ciganas de Cabeça Gorda que, por questões laborais, passam a maior parte do seu tempo fora da freguesia” o critério do autarca é o mesmo.
A justificação apresentada pelo autarca revela “um desrespeito moral e físico pelo cidadão falecido e sua família, além de ser claro estarmos perante um acto de discriminação racial”, refere o comunicado das associações, cujo tema é "Nem para morrer se pode ser Cigano?!"» [Público]