Passos já não exige planos B, não condena a desmontagem da sua política de desvalorização fiscal, ou o fim dos cortes das pensões, não sendo conhecido pelo seu brilhantismo social o líder do PSD é suficientemente esperto para perceber que a sua política falhou, seria um suicídio voltar aos anúncios da vinda do diabo ou a previsão das piores desgraças por causa da devolução de rendimentos. No debate sobre o estado da nação adoptou um novo discurso para a economia.
Passos tem agora um argumento subtil, mas assente numa mentira. Defende que com ele todos os sucessos económicos teriam acontecido um ano antes porque a solução parlamentar encontrada pela esquerda teve como consequência um ano de paralisação. Defende que em 2016 os resultados foram inferiores aos de 2015.
As contradições e cambalhotas de Passos são óbvias, basta recordar que para se aproveitar politicamente do incêndio de Pedrógão Grande condenou a política económica, sugerindo que as cativações tinham tornado o Estado ineficaz. Mas a argumentação não é apenas incoerente, é também aldrabona. Há aqui três mentiras, a de que a solução governativa de passos seria estável, que os resultados de 2016 foram uma consequência das suas políticas e que 2016 foi um mau ano e pior do que 2015.
Quando formou governo na sequência das últimas eleições Passos não fez qualquer cedência, a sua intenção era governar com o seu programa e desencadear uma crise política logo que fosse oportuno. Antes disso Passos chegou ao ridículo de propor uma revisão constitucional na hora para viabilizar a repetição das eleições, convencido de que conseguiria uma maioria absoluta. A agenda política de Passos era a instabilidade, vir agora dizer que o seu governo teria proporcionado estabilidade só pode ser uma anedota digna do Fernando Rocha.
Dizer que os fracos resultados económicos de 2015 foram resultado da sua política é esconder que muito do que foi forçado a fazer resultou de um acórdão do Tribunal Constitucional que chumbou o seu OE, bem como das políticas eleitoralistas e das mentiras orçamentais. É verdade que se criou emprego, mas também é verdade que a maioria dos empregos foram fictícios, eram falsos estágios pagos pelo Estado. É verdade que conseguiu cumprir a meta do défice, mas também é verdade que o conseguiu à custa da retenção do IVA e do IRS, que penalizou o OE de 2016.
Quando diz que 2016 foi um ano pior do que 2015 argumentando que consigo haveria menos incerteza está-lhe a fugir o pé para a dança, esse é o argumento de todos os fascismos para a não realização de eleições.