segunda-feira, julho 10, 2017

Palermas

Não sei se é por causa da nossa vocação marítima mas o certo é que há por estas bandas muita gente a embarcar em viagens oficiais, oficiosas e coisas do género. Quer nos setor privado, quer no Estado multiplicam-se as oportunidade de promover o turismo institucional, assinaturas, seminários, conferências tratados, negociações multilaterais, negociações multilaterais, feiras, exposições, cursos, intercâmbios, conselhos, comissões, geminações, campeonatos, finais, Dia de Camões, não faltam oportunidades.

Os presidentes correm o mundo em aviões a abarrotar de empresários, assessores, fotógrafo pessoal, mordomo, esposa, parentes e conhecidos. Os autarcas inventam geminações com cidades exóticas para passarem a vida no laréu a comemorar o dia o país, o dia nacional e tudo mais, quando não arranjam negócios ou operações às cataratas para andarem num vaivém aéreo que nalguns casos até dá para constituir família.

No Estado são trinta cães a um osso, a disputar reuniões, seminários e mais um sem número de oportunidades de fazer turismo institucional. Há também os que visitam grandes cidades americanas com o argumento de visitarem as sedes das empresas informáticas que nos vendem o software ou aos polícias que vão a Londres ou a outras paragens na esperança de encontrarem a tal prova que falta e que ninguém encontra. Tudo serve para andar de cu tremido.

Encontros sindicais patrocinados pelos Espírito Santo com dondocas a passear por conta da generosidade do banqueiro, expedições no Saará financiadas por grandes empresas que nunca se esquecem de convidar o autarca, chefes que vão a reuniões e levam a amante para uma lua de mel por conta do erário, tudo vale para viajar por conta.

O que eu não entendo é o que leva governantes a viajarem para verem um jogo da bola em Paris, algo que se vê mais confortavelmente no sofá. Se o secretário de Estado fizesse um périplo pelas praias exóticas de todo o mundo, acompanhado de vasta comitiva, para assinarem acordos de dupla tributação que, em regra, são assinados pelos representantes diplomáticos, ainda compreenderia. Mas ir ver um par de chutos?

Ainda por cima sabendo que a associação sindical dos juízes no passado tentou derrubar um governo vasculhando nas compras com o Visa oficial e que os nossos magistrados não perdem a oportunidade de prender alguém do PS? Para tramar um governante não é necessário condená-lo, basta o MP contituí-lo arguido e para isso basta uma suspeita e pouco mais, nada que não se arranje com uma carta anónima bem forjada. Com a perseguição que os magistrados fazem aos governos de esquerda, a quem faz parte deles não basta ser honesto e parecê-lo, quase é preciso um comportamento de frade da Cartuxa, para não dar a mais oportunidade à direita.

Ao aceitar um convite, ainda que esse convite possa ter sido dirigido a dezenas de personalidades da vida política ou do setor privado, mesmo sabendo que se tratava do patrocinador da seleção nacional, os governantes foram uns palermas e acabam por cair como uns patinhos.