terça-feira, abril 01, 2008

Em Portugal todos os dias são 1 de Abril


Já são raros os jornais que inventam uma mentira de 1 de Abril, a diferença entre a verdade e a mentira é tão volátil que os portugueses já se habituaram a conviver com a hipótese de todas as mentiras serem verdades, ou de todas as verdades serem mentira. Tal como no mundo da bola no mundo da política o que hoje é verdade amanhã pode ser mentira.

Ainda no passado Sábado Pacheco Pereira dedicou o seu artigo no Público à teorização da mentira útil para justificar o seu apoio à invasão do Iraque:

«Os governos mentem. Nem sequer vale a pena acrescentar a frase "todos mentem", que agora o Dr. House popularizou ao lembrar aos seus assistentes de que é boa prática presumir esse facto para o diagnóstico médico. Nem acrescentar que a vida social se alicerça na mentira "social" e que sem ela não poderíamos viver sem ser num sistema totalitário, em total transparência face ao Big Brother. A única verdade que merece o V grande é a do Divino, mas essa não cuida das matérias terrenas que Deus deixou a César. É cinismo? Não, não é, são os facts of life.»

O bom político deixou de ser aquele que fala verdade, é antes o que nos consegue dizer a mentira mais convincente. O bom governante é aquele que melhor nos consegue fazer esquecer as mentiras que nos levaram a elege-lo. A verdade é que a política portuguesa é um jogo de mentiras, de Jerónimo de Sousa a Sócrates todos mentem e todos julgam fazê-lo pelos melhores motivos.

Sócrates teria ganho mesmo sem mentir pois Santana Lopes já se tinha revelado uma mentira verdadeira, mas mesmo assim o agora primeiro-ministro dedicou a campanha a um imenso jogo de mentiras. Ganhas as eleições seguiu a lógica de João Pinto, o antigo jogador do FCP, graças a um relatório de Constâncio e a uma imensidão de estudos feitos por universitários anónimos converteu as mentiras em verdades científicas. Depois de eleito Sócrates pôs fim ao conceito de mentira em política dando lugar à verdade técnica. Graças a essa verdade técnica congelou salários, aumentou impostos e até mudou o aeroporto da Ota para Alcochete.

Menezes é outro praticante do culto da mentira, até contratou um publicitário na tentativa de dar maior credibilidade às suas mentiras. O seu culto da mentira vai ao ponto de ele próprio acreditar convictamente de que as mentiras que diz são verdades porque é ele a dizê-las. Como as suas mentiras poderão ser insuficientes para chegar ao governo Marcelo ainda o aconselhou a inventar umas mentiras especiais para o eleitorado de esquerda, ainda que as suas bases nem a mentir gostem de ser esquerda.

Outro grande mentiroso é o Jerónimo de Sousa que se arma em defensor da democracia, até organiza manifestações em defesa da democracia, quando se sabe que sonha com uma ditadura que ponha fim ao grande inconveniente da democracia, raramente resultar em governos liderados por partidos comunistas. O PCP é um partido dualista, enquanto em público disfarça as siglas atrás de coligações e disputa a promessa do paraíso terrestre com os cónegos de aldeia, em privado sonha com a ditadura.

Portas é o mentiroso mais infeliz da política portuguesa, tão infeliz que teve de tirar 60.000 fotocópias porque nunca se sabe um dia destes vai ser julgado por alguma verdade mal contada ou por alguma mentira deficientemente construída. Portas sabe que é mais fácil apanhar um mentiroso do que um coxo pelo que opta por nos mentir armando-se em coxo, para não ser apanhado, quem acabou por ser apanhado foi Ribeiro e Castro que levou com o cajado deste coxo da política.