domingo, abril 27, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Rua do Século, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Romeo Ranoco - Reuters]

«Imported rice from Vietnam is unloaded from a ship in Manila port. The Philippines will take almost all the rice offered in a tender last week that fell one-third short of requirements, despite record prices asked.» [Washington Post]

JUMENTO DO DIA

O indesejável voltou

O regresso de Santana Lopes era inevitável, ainda que com o estatuto de "indesejável", rejeitado por Luís Filipe Menezes e no meio de uma nuvem de confusão, ele tinha que voltar. Só Luís Filipe Menezes não percebeu que Santana estava a correr em pista própria e que só o apoiou na certeza de que mais tarde ou mais cedo o autarca de Gaia cairia.

Como não podia deixar de ser, voltou no meio da confusão, sendo evidente que a sua única preocupação era esperar pelo momento mais oportuno que surgiu com a recusa de Menezes e as hesitações de Alberto João. Agora arrisca-se a uma derrota humilhante.

SEGUNDO O AVANTE JÁ VIVEMOS NO FASCISMO

É uma delícia ler o Avante, no último número o retrato dado do país é o de um país a viver de novo no fascismo. Se não fossem as organizações não governamentais a colocar o país entre os país mais democráticos do mundo ainda ia a correr para a embaixada da Coreia do Norte para pedir asilo político:

«A tudo isto e a muito mais que acontece e de que, às vezes, nem sequer temos notícia, a um governo que é o pior e mais autoritário desde 1976 até agora, opõem-se o sobressalto democrático e a resistência popular ao fecho do hospital e da escola, à retirada de trabalho e de salários, ao ataque à vida sindical, à destruição da dignidade humana. Pelo país fora, há trabalhadores, intelectuais e populações que se afirmam e surgem mais atitudes de coragem e de luta.» [Avante]

Como estamos no Avante não podemos de ler as palavras do Messias que desta fez descobriu mais um negócio entre o fascista Sócrates e a maldita Igreja Católica que se esqueceu de protestar contra a pobreza:

«Felizmente que o bom-senso prevaleceu. Entre a Igreja e o Governo manteve-se um diálogo discreto. Sócrates correu a Leiria para anunciar que juntava ao mapa das novas regiões turísticas um pólo autónomo para a região de Fátima. Comboios de alta velocidade e modernização das auto-estradas também ficavam garantidas. Foi então que, noutro lugar e a outra hora, a União das Misericórdias anunciou que iria investir milhões de euros no Turismo e nas Energias Renováveis. Os prejuízos serão recompensados.» [Avante]

Mas o Avante não embirra só contra a Igreja, os nossos intelectuais também são uns mentecaptos na opinião de A. Melo de Carvalho:

«A análise crítica do desporto nunca constituiu um traço suficientemente marcante entre os nossos intelectuais. Filhos directos de uma cultura que, no mínimo, sempre considerou as coisas do corpo como secundárias, popularuchas e indignas da atenção dos srs. doutores, o desporto foi quase sempre minimizado e o corpo olhado com desconfiança. No máximo, ao longo de séculos, foi considerada coisa demoníaca, para a qual nem o seu próprio habitante devia sequer olhar. E muito menos tocar e sentir, porque originando os maiores males, chegando ao «pecado da carne» como o mal em si.» [Avante]

Já na secção internacional fiquei desiludido, como há três ou quatro semanas Jerónimo de Sousa defendia Mugabe dos que lutavam pela divulgação dos resultados eleitorais, esperava que agora viesse justificar esse atraso, o assalto às sedes da oposição e a importação de armas chineses. Mas Jerónimo não é assim tão parvo, optou pelo silêncio cobarde.

SANTANA E SÁ CARNEIRO

Bastou Santana Lopes encontrar uma brecha entre a recusa de Menezes e as hesitações de Jardim para apresentar a sua candidatura e voltar com a ladainha de Sá Carneiro. É sempre assim sempre que este produto da Feira da Ladra se apresenta para qualquer cargo usa e abusa da memória de Sá Carneiro, como se fosse o seu herdeiro político ou o representante na terra. Curiosamente ninguém do PSD o contesta, permitindo-lhe usar o nome do fundador do PSD.

É bom recordar que uma das últimas asneiras do PSD de Menezes foi protagonizado por Rui Luís Gomes, um político que faz de "criada de quarto" de Santana Lopes, decidiu usar a vida privada de Sócrates para dar um golpe baixo, atacando a jornalista Fernanda Câncio porque, como um responsável do PSD justificou depois, a jornalista ataca sistematicamente o PSD.

É bom lembrar que Sá Carneiro foi um político com grande dignidade que nunca recorreria a golpes destes, condenaria quem usasse a insinuação como fez Santana com o boato sobre a vida íntima de Sócrates, nunca usaria este tipo de insinuações em outdoors como fez Santana. É tempo de alguém do PSD dizer que Santana envergonha a memória de Sá Carneiro.

ESPECTÁCULO TRISTE

A não ser Pedro Passos Coelho parece que todos os candidatos são-no porque apoiavam alguém que não se candidatou, Ferreira Leite candidatou-se porque Rui Rio não se candidatou, Marcelo não se candidatou porque houve candidatos, agora Santana diz que só se candidatou porque Marcelo, Menezes e Alberto João não se candidataram. Resultado, a não ser que Pedro Passos Coelho ganhe o PSD vai ter um não candidato na liderança.

MANUELA FERREIRA LEITE

«Manuela Ferreira Leite candidatou-se à liderança do PSD. É apresentada pelo PSD elitista como uma candidata para unir e reformar o partido. Mas Manuela Ferreira Leite é um dos rostos mais visíveis de uma das facções em luta pelo poder dentro do PSD. Não pode ser um factor de união. Por outro lado, os membros do PSD elitista vêem o partido de acordo com os seus padrões e sentem-se incomodados pelo poder da ala populista. Para a ala elitista, reformar o partido significa limpar o partido dos populistas. Este impulso reformista faria algum sentido se o poder da ala populista resultasse de bloqueios à livre concorrência entre facções dentro do PSD. Mas o poder dos populistas é poder real, que resulta da implantação dos membros do PSD populista nas autarquias locais e nas concelhias e distritais do partido. Limpar o partido dos populistas implicaria reduzir o PSD a um pequeno grupo de elites sedeadas em Lisboa que faz política pela televisão.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por João Miranda.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

SOCORRO, ELE QUER VOLTAR!

«Se há coisa verdadeiramente previsível na política portuguesa é que jamais nos conseguiremos livrar de Santana Lopes. Numa das mais geniais - e indecentes - jogadas da política portuguesa, Durão Barroso, que bem o conhece, concebeu o célebre plano ‘dois em um’: ele, Barroso, livrava-se a tempo do governo e do país e embarcava para o lugar europeu, exactamente adaptado ao seu cinzentismo político e onde tem cumprido exemplarmente o que dele se esperava e, sobretudo, o que não se esperava; e, simultaneamente, oferecia a Jorge Sampaio e ao país a oportunidade de testarem de vez a absoluta incompetência de Santana Lopes. Esperava Barroso (ou melhor, sabia, como muitos outros um pouco mais inteligentes do que as célebres ‘bases’ do PSD) que, por onde tinha passado o menino guerreiro - Secretaria de Estado da Cultura, Câmara da Figueira da Foz, Câmara de Lisboa - Pedro Santana Lopes nunca falhara em deixar tudo arruinado e de pantanas, sendo certo que a receita se repetiria no governo do país.

Há uma tese que defende que também Jorge Sampaio achou que o melhor era correr aquela lebre de uma vez por todas, enquanto um PS destroçado pela investigação do caso Casa Pia (nunca saberemos se séria, se politicamente orientada) encontrava tempo e líder para poder resgatar o brinquedo ao PSD. Assim, o poder caiu na rua, que outra coisa não era a sua entrega àquela tropa fandanga de Santana Lopes. E, tal como se esperava, ele fez o que pôde para dar cabo disto em apenas nove meses: deixou o défice em 6,2% e transformou a governação e representação de Portugal num espectáculo tão indigno que o próprio Sampaio teve de se mover, de vergonha. E o resto já se sabe: tentando manter o poder, que lhe caíra nos braços por golpe palaciano, Santana foi forçado a defendê-lo em eleições, onde conduziu uma campanha eleitoral abaixo do limiar mínimo eticamente aceitável e foi despachado com o pior resultado de sempre do PSD - ele, que se gabava de ganhar eleições como ninguém. Contrariando anteriores juras públicas, regressou à Câmara de Lisboa, onde ficou sentado à espera que o tempo passasse, e regressou ao Parlamento, onde Menezes, com medo dele, lhe entregou a liderança parlamentar. Como de costume, “andou por aí”, ele que nunca soube fazer outra coisa na vida. Passaram apenas dois anos, mas bastaram-lhe dois dias em silêncio (que, para ele, significa uma longa reflexão) e ei-lo que se anuncia de volta “para o combate” - com a mesma tropa fandanga de sempre. Mais o dr. Jardim e, como se dizia de um presidente americano, “com um exército de frases pomposas movendo-se pelo horizonte em busca de uma ideia”.

No caso de Santana, como no de Jardim, a ideia é simples: os “combates”, como eles chamam às peixeiradas internas do partido e às eleições mais ou menos fáceis de ganhar. Nenhum deles fez jamais outra coisa na vida nem consta que o saibam fazer. Ambos são o expoente absoluto da demagogia basista - agora consagrada pelas directas dentro do partido, de que Menezes se serviu a primor. Mas, enquanto Menezes ainda é um principiante nestas coisas, capaz de desistir em lágrimas porque “meia dúzia de intelectuais” lhe deram cabo da vida, já Santana e Jardim são muito mais frios e racionais, por baixo da sua capa de ‘emocionais’. Santana conduz a sua eterna campanha basista com mais inteligência do que Jardim, e por isso é que este se queixa de “não ter tropas no continente”. Pois nunca entendeu que, se queria ser um político ‘nacional’, tinha de mudar o seu discurso: não se fala para o ‘povo’ das autarquias e distritais do PSD como se fala para os regedores de freguesia e cabos eleitorais da Madeira. E também não se pode dizer a primeira coisa que vem à cabeça em cada momento, num dia gritando que o PSD tem de ser social-democrata e no outro apelando à restauração da AD para não perder os votos da direita. E, já agora, não dizer disparates que possam pôr as bases a meditar, como essa de Aguiar Branco não servir porque “vem da burguesia portuense e o PSD sempre foi um partido do povo” (e Menezes, veio de onde - de Miragaia? Balsemão e Marcelo terão vindo do mundo rural da Quinta da Marinha? Durão Barroso veio da zona operária do Barreiro, secção maoísta? E Sá Carneiro, já agora, se não veio da burguesia portuense, terá vindo de onde?).

Para se ter uma ideia da profundidade ideológica e da radiosa perspectiva de Alberto João Jardim poder um dia governar Portugal, via PSD, atente-se no que antevê um fulano chamado Carreiras, chefe da coisa em Lisboa: “Jardim tem todas as condições para fazer em Portugal inteiro aquilo que fez na Madeira”. Todas as condições? E quem pagaria as contas - Espanha? Já com Santana Lopes, as perspectivas são ainda mais claras. Tal como ele próprio explicou anteontem ao Conselho Nacional do PSD onde anunciou que “estava disponível”, há “duas vias para ganhar 2009” (note-se que não são duas vias para governar Portugal, mas para o PSD conseguir ganhar as eleições de 2009). “Há - diz ele - uma via igual à do PS, preocupada com a contenção e o défice” (que será a de Manuela Ferreira Leite); e há “a aposta no crescimento económico” (que é a via dele). Santana propõe-se assim, e com todo o descaramento possível, levar o PSD de volta ao poder prometendo mais forrobodó: se o elegerem agora, ele vai prometer aos portugueses a baixa dos impostos, o aumento das pensões sem olhar a números, mais despesa pública e que se lixe o défice e a ‘contenção”. Depois de dois anos e meio a fazermos sacrifícios para recuperar as contas públicas dos seus nove meses de festa e na iminência de uma crise económica global como há muito não se via, o homem propõe-se deitar fora os ganhos dos sacrifícios feitos, em troca de termos o PSD de volta e o menino guerreiro de novo instalado em S. Bento a brincar aos primeiros-ministros. Ele e Jardim representam bem a mentalidade daqueles cuja carreira política foi feita unicamente à custa do esbanjamento de dinheiros públicos. E quem vier a seguir que pague a conta, porque a sua responsabilidade se limita a ganhar eleições.

Tudo isto seria apenas trágico-cómico, se não se desse o caso de já termos sobejas provas de que o ‘povo’ do PSD, primeiro que tudo, quer é que lhe prometam o poder, e só depois é que tem um vago interesse em saber como e para quê. É chão fértil para demagogos de feira. Deve ser por isso, aliás, que se costuma dizer que o PSD é ‘o mais português’ de todos os partidos.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Por Miguel Sousa Tavares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

SÓ UM TERÇO DOS MÉDICOS DE CLÍNICA GERAL USAM BANDA LARGA

«Quase todos os médicos portugueses de clínica geral utilizam um computador, mas apenas um terço tem ligação em banda larga, revela um inquérito divulgado ontem pela Comissão Europeia sobre os serviços electrónicos nos cuidados de saúde. O inquérito sobre a chamada "saúde em linha" revela que 88 por cento dos clínicos gerais em Portugal utilizam computador - um valor quase idêntico à média comunitária, de 87,4 por cento -, mas apenas 32,1 por cento têm ligação em banda larga, o quinto valor mais baixo da União Europeia a 27, cuja média é de 47,9 por cento. » [Público]

Parecer:

Nada mau, há mais crianças do primeiro ciclo a usar banda larga do que médicos de clínica geral.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Questione-se a ministra da Saúde sobre se o seu ministério ficou de fora do Plano Tecnológico.»

QUANDO AS PROFESSORAS CHORAM

«Nas últimas semanas, temos assistido à divulgação de inúmeros casos de agressões físicas e psicológicas a professores. Mas uma das primeiras "agressões" a que os professores são sujeitos é em relação à sua colocação nas escolas. Todos os anos a história se repete e milhares de professores ficam sem colocação.

Em colaboração com outro médico e uma psicóloga, decidi analisar esta temática, que afecta uma vasta camada de profissionais, e lançar um pequeno estudo, passível de apontar pistas para um posterior aprofundamento. O referido estudo compreendia a realização de 30 entrevistas com professoras que não obtiveram colocação e que, voluntariamente, se dispuseram a conversar e contar as suas experiências de vida, as suas expectativas e frustrações. Durante três meses, recolhemos estes depoimentos em entrevistas gravadas que depois analisámos.

A Susana (nome fictício) foi um desses casos. A Susana é uma professora do ensino secundário de 27 anos que, como tantas outras, aguarda colocação há três anos. No início da consulta, a Susana apresentava-se pouco conversadora, mas quando se estabeleceu a relação médico-doente, foi criada a tal empatia. A Susana deixou sair as suas angústias e tristezas por falhar o seu objectivo, por não alcançar o que se propôs durante tantos anos de estudos superiores. E, daí, à minha frente, sentada diante da secretária, começou a chorar.

Se alguém reage desta forma, pensamos em depressão reactiva ou, segundo vários autores, "reacção vivencial anormal". E esse foi o meu diagnóstico.

Muitas histórias que analisámos pareciam tiradas a papel químico, sendo que em todas elas verificámos um quadro que poderemos classificar como de "desprazer", ou seja, de insatisfação consigo mesmas. Os sintomas associados mais frequentes eram a alteração de peso, perda de interesse, perturbação do sono e, como constatámos, choro fácil. Porém, o mais curioso foi que observámos comportamentos idênticos, configurando um bloqueio quase total em relação à possibilidade de mudar de área de trabalho.

E a questão, esta do foro social e pedagógico, levanta-se: será que as universidades nunca pensaram, nunca falaram com estes alunos sobre tal possibilidade? Não os prepararam para um mundo globalizado, onde impera a mobilidade, o trabalho em outras áreas que não apenas o da sua especialização, sujeito às regras do "mercado de emprego"? E, mais importante, será que não o estão a fazer? Porquê? Por falta de capacidade? Por directrizes políticas impostas?
Esta conclusão sai valorizada pela constatação, no mesmo estudo, que aqueles que obtiveram diplomas de valorização profissional fizeram-no dentro da mesma área de especialização, mas nunca em outras paralelas, como a gestão, o marketing, contabilidade e finanças, entre outros. Ou seja, estes profissionais, que despenderam anos, esforços e capitais, muitas vezes públicos, não estão preparados para enfrentar, com todas as armas, o mercado de trabalho para além daquele que é especificamente seu, o qual se encontra, como todos sabemos, saturado.

Desde a data da consulta da Susana até hoje vou amadurecendo ideias. Quanto mais penso, mais chego à conclusão que existe uma culpa social colectiva. Não estamos a preparar os nossos jovens para o século XXI e para os desafios da mundialização. Não existe formação empreendedora de base. Não se ensina aos jovens a necessidade de assumir riscos. Nem todos podem viver do erário.

Nalgumas universidades estrangeiras, porém, a preparação é bem diferente. Verifica-se uma abertura mental para incutir nos alunos a ideia de que a licenciatura que estão a fazer é apenas uma introdução a um eventual futuro emprego numa determinada área e que este depende do mercado, apostando-se assim nos cursos de formação e valorização. Não será este acompanhamento que falta aos nossos alunos que se preparam para entrar no mercado de trabalho? E poderá ser esta valorização profissional e pessoal uma das formas para evitar que as professoras voltem a chorar?» [Público assinantes]

Parecer:

Por A. Lúcio Baptista.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O 25 DE ABRIL

«A "revolução" do 25 de Abril foi um sinal de atraso, o fim anacrónico de um regime anacrónico. Na Europa civilizada e "desenvolvida" ou "semidesenvolvida" - em França, na Alemanha, no Império Austro-Húngaro - as revoluções, se a palavra é justa, acabaram em 1848. Mas continuaram na periferia: na Rússia, em Espanha e em Portugal; e, depois da II Grande Guerra, só houve algumas tentativas, logo sufocadas, nos países que a URSS ocupava. Foi por isso que o 25 de Abril teve tanto de teatral. Consciente ou inconscientemente, as figuras do drama, ou do melodrama, copiavam uma tradição. A chegada de Álvaro Cunhal com o discurso em cima da Chaimite copiava a chegada de Lenine à estação da Finlândia. O cerco da Assembleia copiava o cerco à Convenção. E os grupúsculos de esquerda e extrema-esquerda copiavam os clubes de Paris. O PREC não trouxe nada de verdadeiramente original.

De resto, não se pode em rigor chamar ao 25 de Abril uma "revolução". Em sentido técnico o 25 de Abril não passou de um pronunciamento militar; de um "contar de espingardas", como se dizia à época, esperando que o exercício bastasse, como em geral bastou, para excluir a violência. O povo veio depois festejar para a rua e proclamar a sua liberdade, correndo ou maltratando os milhares de tiranetes que o oprimiam ou ele julgava que o oprimiam. Era a "festa", uma encenação que não tocou na realidade: no pessoal do regime, na diplomacia e até na PIDE, que se escapuliu para reaparecer mais tarde e receber uma pensão do contribuinte. Tirando as leis que instituíram a democracia, o PREC não deixou uma única reforma necessária e durável. E, com as suas pretensões socializantes, que persistiram até hoje, tornou uma sociedade já fraca mais submissa e dependente do Estado.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ALBERTO AINDA NÃO DESISTIU

«Alberto João Jardim ainda poderá apresentar uma candidatura à liderança do PSD nas eleições directas de 31 de Maio. O DN sabe que o presidente do Governo Regional está a tentar reunir apoios para uma candidatura e espera ter uma decisão final e definitiva tomada até terça-feira. A nova tese de Jardim é que avançará caso tenha uma verdadeira vaga de fundo das bases a seu favor.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Ainda não perdi a esperança de ver o Alberto ir a eleições democráticas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Candidata-te Alberto!»

EMPRESAS FAMILIARES PARLAMENTARES

«A resolução não tem valor vinculativo, já que para isso a regra teria de estar inscrita no regulamento interno do PE. Ainda assim, foi uma esmagadora maioria dos deputados da assembleia europeia que votaram contra aquele tipo de contratação. São cinco os eurodeputados portugueses que, quando foram eleitos, contrataram familiares. Do Partido Socialista, Edite Estrela contratou a enteada e um genro, Capoulas Santos a filha, que entretanto deixou de trabalhar para o pai, e Manuel dos Santos um genro. Do Partido Social Democrata, Graça Moura acreditou a mulher como assistente, ainda que sem contrato de trabalho ou qualquer remuneração, Duarte Freitas chamou o irmão e Sérgio Marques a mulher, que hoje já não trabalha no PE.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Uma vergonha.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proponha-se que a resolução tenha carácter vinculativo.»

CDS TEMIA RUI RIO

«Por muito que o CDS jure que é alheio ao que se passa no PSD, os seus dirigentes não tiram os olhos do que se passa em casa do vizinho. E foi com alívio que Paulo Portas percebeu que Rui Rio não entraria na disputa pela liderança. Segundo o Expresso apurou, esse era o cenário mais temido pela direcção do CDS.

No Largo do Caldas o autarca do Porto é visto como combativo, competente, credível. É jovem, não tem o desgaste de ter passado pelo Governo, “não é o rosto do défice” e “tem um perfil de direita, apesar de não ser de direita”, nas palavras de um alto dirigente centrista. Tudo razões para supor que “teria uma margem de crescimento muito grande”, que poderia afectar o CDS.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Claro, Santana e Manuela já todos, incluindo os eleitores, conhecemos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Sócrates se também receava Rui Rio.»

O EXPRESSO DESMENTE CAVACO SILVA

«O Expresso não tem qualquer problema em reconhecer que errou. Ainda na semana passada o fez em relação a uma notícia sobre Jorge Nuno Pinto da Costa. Do mesmo modo, não tem qualquer problema em reafirmar o que escreveu quando disso está convicto.

Vem isto a propósito da nossa manchete da semana passada, que o Presidente da República, a partir da Madeira, desmentiu.

Compreendemos e até, de certo modo, esperávamos que o Presidente viesse dizer o que disse. O seu elevado cargo assim o obriga.

Mas ele compreenderá, certamente, que ao contrário do que já fizemos, inclusivamente com o próprio, desta vez não nos cabe pedir desculpa nem desmentir o que dissemos.» [Expresso assinantes]

Parecer:

É óbvio que Cavaco Silva está envolvido no PSD desde o princípio do seu mandato.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Escolha-se uma cadeira para aguardar pelo desmentido de Cavaco Silva.»

GOVERNO VAI FAZER O FRETE AOS HIPERMERCADOS

«Ainda não há decisão, mas cresce a convicção entre os socialistas que não faz sentido manter as restrições à abertura dos hipermercados ao domingo. O Governo reconhece que as regras impostas no tempo de Guterres não servem os interesses dos consumidores, contrariam a tendência europeia de maior liberalização dos horários do comércio e, em boa medida, não cumpriram os seus objectivos, nomeadamente na protecção do pequeno comércio. O caminho, dizem as fontes ouvidas pelo Expresso, é “ajustar os horários aos interesses dos consumidores”, e ajudar o comércio tradicional a tornar-se mais competitivo.

Mas, antes de levantar as restrições, o Governo quer ter argumentos sólidos, baseados em três estudos que encomendou: um, sobre o panorama nos outros países europeus, outro sobre o impacto no emprego da abertura ou fecho das grandes superfícies (saber se é melhor a protecção do pequeno comércio ou o alargamento dos horários dos hipermercados); e um terceiro sobre o impacto no comércio tradicional (neste ponto, há a constatação de que o problema passa pela proliferação das lojas «hard discount», que podem abrir ao domingo à tarde).» [Expresso assinantes]

Parecer:

Era de esperar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Sócrates se ainda se lembra de quando falou dos grupos de interesses no seu discurso de posse.»

CUIDADO COM OS MARCOS DO CORREIO

«Os roubos são quase diários e os alvos são marcos do correio de Lisboa e dos arredores da capital. “A situação é quase incontrolável”, admite uma fonte judicial. A PSP tem em mãos centenas de queixas de pessoas e empresas que enviaram por correio cheques para pagar bens ou serviços e ficam sem o dinheiro e com as dívidas por pagar. O montante total desviado nos últimos meses ainda não foi calculado com exactidão, mas uma fonte próxima da investigação admite que “chega aos 500 mil euros”.

Em Maio do ano passado, a PSP desmantelou um grupo que em poucos meses juntou 233 mil euros. Seis suspeitos ficaram em prisão preventiva e um total de 17 pessoas vão a julgamento. Mas a organização inspirou seguidores. A PSP está a investigar pelo menos um grupo bastante activo, mas não há indícios suficientes para os deter. “Não basta apanhá-los quando arrombam os marcos. É um crime de dano ou furto simples, uma bagatela jurídica”, explica uma fonte judicial. “É preciso vigiar, seguir e recolher prova para os poder acusar de burla ou associação criminosa”.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Não lhes escapa nada.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Deixe-se de utilizar os marcos do correio.»

PARTIDO DE MUGABE PERDE

«A derrota histórica do partido do Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, no poder desde 1980, foi confirmada hoje pela Comissão Eleitoral do país, quase um mês depois das eleições de 29 de Março. “Terminamos a contagem nas 18 assembleias. Não houve nenhuma mudança essencial”, garantiu George Chiweshe, presidente da comissão, durante uma conferência de imprensa.

Depois das eleições de 29 de Março, a comissão tinha anunciado a primeira vitória da oposição frente ao líder histórico, com 109 das assembleias contra as 97 de Mugabe, dirigente do Zanu-PF (União Nacional Africana do Zimbabwe – Frente Patriótica). Contudo, devido a alegadas irregularidades no processo de contagem, a comissão ordenou uma verificação em 23 sedes.» [Público]

Parecer:

Acho que em todo o mundo só Jerónimo de Sousa ainda tinha esperança de ver Mugabe ganhar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao senhor Sousa.»

NAMORADA DE CRISTIANO RONALDO É CAPA DA INTERVIÚ

«A finales de marzo se hizo público que el futbolista del Manchester United Cristiano Ronaldo mantenía un romance con una "morena española".

Hace una semana se supo que su nombre es Nereida Gallardo, que es una mallorquina de 24 años y que trabaja como auxiliar de enfermería mientras estudia Dietética y Nutrición.» [20 Minutos]

O CASO LANALGO

«O caso Lanalgo acabou, mas o principal culpado esteve ausente do banco dos réus: sem margem para dúvida a culpa é do legislador.

Comecemos por recordar que na disciplina jurídica das penhoras e vendas há disposições que procuram impedir que os funcionários encarregados da venda fiquem com os bens vendidos e por isso se criam incompatibilidades entre quem vende e quem pode comprar.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Neste artigo de opinião Saldanha Sanches esqueceu-se de informar os leitores de dois pequenos pormenores, o primeiro é que enquanto advogado o conhecido fiscalista já viu alguns requerimentos indeferidos por dirigentes da Administração Fiscal, o segundo é que quem conduziu as investigações e levou às acusações foi a sua esposa, Maria José Morgado, que ao tempo era subdirectora da PJ.

Ele sabe que as pessoas que queria ver no banco dos réus foram investigadas pela sua esposa até à exaustão, viram toda a sua vida devassada e assistiram a buscas na residência. Ele sabe que a PJ dirigida pela esposa tudo fez para as acusar.

Também sabe que o acórdão desfez a actuação da PJ e que a única condenação foi por um funcionário ter levado documentos para casa. Das duas uma, ou a sentença foi errada ou a sua esposa foi incompetente nas investigações.

Apenas se lamenta que Saldanha Sanches não diga tudo e não apenas o que lhe dá jeito.

Se o caso foi bem investigado, até porque foi investigado pela sua super esposa, e o tribunal concluíu que não houve o crime de corrupção ilibando os réus com que objectivo Saldanha Sanches pretendia mais réus? Certamente não era para fazer justiça, era para dar razão a muito o que disse no passado sobre este assunto. Só que como o juíz do processo disse a actuação da PJ neste processo esteve longe de ser brilhante e se não acusou mais ninguém foi porque não conseguiu, se Saldanha Sanches acha que mais alguém devia ter sido julgado é porque considera que alguém trabalhou mal, ou a investigadora ou o juiz de instrução.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se junto ao processo levado a julgamento e que só serviu para Saldanha Sanches queimar um director-geral e um director de finanças, promover a imagem de Maria José Morgado e ajudar Durão Barroso a chegar ao governo.»

MERCENÁRIOS BRITÂNICOS ENVOLVIDOS EM RAPTO DE BARCO NA SOMÁLIA

«La liberación del pesquero Playa de Bakio y sus 26 tripulantes, secuestrados desde el pasado domingo por piratas somalíes, se negocia en un hotel de lujo en Londres. Así lo aseguran fuentes conocedoras de la negociación, quienes recuerdan que no es la primera vez que la capital británica sirve de escenario a este tipo de negociaciones.

La elección del Reino Unido no es casual: entre los piratas hay mercenarios británicos y también son británicos los bufetes de abogados que hacen de intermediarios en este tipo de extorsiones. "A veces te preguntas si los piratas están en Somalia o en Londres", reconocía Iñaki Latxaga, responsable del Grupo Albacora, en una reciente entrevista al diario Deia.» [El Pais]

O JUMENTO NO TECHNORATI

  1. O "papa açordas" também acha que a direita está a dar um espectáculo triste.
  2. O "Carlos Alberto" e o "papa açordas" deram destaque ao post dedicado ao 25 de Abril.
  3. O "Largo das Alterações" num gesto de abertura raro no nosso mundo partidário concordou que há que reflectir sobre a incapacidade de renovação da sociedade portuguesa.

VOLTA AO MUNDO BLOGGER

«El site social de búsqueda de viajes, vuelos y hoteles minube.com manda a su director de comunicación a dar una especial vuelta al mundo durante sesenta días. No se trata sólo de hacer turismo sino también de contarlo en el blog y mantener contacto con bloggers y emprendedores de habla hispana dispersos por el globo.

Desde el comienzo del viaje hará envíos en vídeo para el programa de La 2 "Cámara Abierta 2.0", pero también para su blog de viaje. Desde que se dio a conocer el viaje el pasado 18 de abril son más de cuarenta personas las que se han puesto en contacto para encontrarse con él durante el viaje. De momento, en Suiza se verá con los españoles de panoramio.com. En Japón ya han organizado una quedada con los muchos españoles "geeks" que habitan en la isla. También será especial el encuentro con Bernardo Hernández de Google.com en San Francisco, aunque de momento los más numerosos son los de Argentina donde estarán los responsables de Sonico.com en un especial beers&blogs.» [El Pais]


FESTIVAL AÉREO NOS EUA [imagens]

THOMAS DOERING

ALCOHOL INTOXICATION DEPENDING ON REGION [Link]

WC PÚBLICO, MAIS PÚBLICO É MESMO IMPOSSÍVEL

IBERIA