quarta-feira, abril 15, 2009

A seca das eleições europeias

Que me perdoem os puristas da política mas estas eleições são uma seca, ainda por cima em ano de autárquicas e legislativas é como se fosse a Taça Carlsberg, a maioria dos partidos encaram-nas como uma mera taça para arrumar nas prateleiras, o que lhes interessa são as legislativas, essas sim, tal como a Liga Sagres, que proporciona o acesso à Liga dos Campeões, é que dá dinheiro.

Aliás, não sou só eu a pensar assim, o mesmo sucede com os partidos que quase esgotam as suas preocupações em relação a estas eleições com a escolha do cabeça de lista. Apenas esse interessa, os restantes candidatos ao Parlamento Europeu são tratados como meros candidatos na fila de espera de um centro de emprego para boys de primeira classe. Isso leva a que se o debate não se esgotou no cabeça de lista, as poucas energias que restam são gastas para debater quem vai ser o último candidato da lista a apanhar o almejado emprego.

Se Sócrates apoia Durão Barroso para presidente da Comissão Europeu, o órgão que verdadeiramente manda na Europa, porque me vou incomodar a escolher candidatos ao Parlamento Europeu se todos são portugueses? Ora, se são todos portugueses e, em consequência, uns gajos porreiros, então terei de votar em todos por uma questão de coerência. Que saiba a Edite Estrela não é mais portuguesa do que a Teresa Caeiro. Aliás, nem sequer posso optar pela Edite em função dos seus pergaminhos na língua portuguesa, o pouco que ela vai falar tem que ser traduzida para não sei quantas línguas para que possa ser entendida pelos seus pares.

Não admira que a maioria dos portugueses não votem nas europeias e as sondagens apontem para pouco mais de 35% os que têm a intenção de votar, e se perguntassem a esses 35% o porquê da decisão de votar ou da escolha que vão fazer duvido que a maioria conseguisse dar uma explicação.

Os próprios partidos escolhem os seus candidatos em função das benesses do cargo, vão para o Parlamento Europeu os que fazem pouca falta por cá e têm sido suficientemente leais aos chefes para merecer uma compensação. Vão para o Parlamento Europeu discutir a Europa porque não fizeram ondas em Portugal. Depois de escolhidos os deputados os partidos, principalmente os da oposição, nem sequer têm a intenção de falar da Europa, querem transformar as europeias numa mini sondagem para as legislativas.

Se as eleições fossem hoje hesitaria em atravessar a rua, as urnas estão do outro lado, para votar nas europeias, alguns dos vão ser eleitos fizeram muito menos por Portugal e pela Europa do que o esforço que terei de fazer para atravessar a rua.