domingo, abril 26, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Ascensor da Glória, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Ron Edmonds-AP]

«A baby robin opens wide as his siblings hatch in a nest by the White House Press Room.» [The Washington Post]

JUMENTO DO DIA

Pedro Santana Lopes, candidato de Ferreira Leite a Lisboa

Depois de em Santa Comba terem aproveitado o dia 25 de Abril para inaugurar a praça com um nome de um ditador que negava a democracia, eliminou adversários e falseou resultados eleitorais, não ofende ninguém ver Pedro Santana Lopes e Paulo Portas (outra vez a dupla maravilha) aproveitarem a mesma data para apresentarem a sua candidatura a Lisboa.

Mas cá por mim que o dia 1 de Novembro passado teria sido a data mais adequada, foi nesse dia do ano de 1755 que um terramoto destruiu a cidade. Mas, enfim, o dia do terramoto não se ajeitava à agenda de Pedro Santana Lopes.

UM NOME PARA O NOVO AEROPORTO DE LISBOA

Aeroporto Salgueiro Maia.

O DISCURSO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Cavavco Silva falou, falou, falou, mas não disse nada. Comparando com o discurso no último 25 de Abril quase poderia ter dito que "desde a última vez que cá vim é a primeira vez que cá venho".

A LIBERDADE SEGUNDO PAULO RANGEL

Paulo Rangel decidiu dedicar o seu discurso de 25 de Abril, certamente dedicado a Manuela Ferreira Leite que se preocupa com este tema. Para estabelecer a relação com a liberdade considerou que os investimentos futuros hipotecam a liberdade das futuras gerações, insistindo muito que os investimentos são decididos por um Governo em fim de mandato.

Será que Paulo Rangel está mesmo preocupado com as obras públicas ou gostaria que fosse o PSD a decidi-las? Manuela Ferreira Leite já defendeu a participação do PSD nestas decisões e na ocasião não me pareceu estar muito preocupada. Por outro lado, Rangel foi pouco honesto ao insinuar que são decisões dos últimos três meses de mandato, durante toda a legislatura não se falou de outra coisa, ao contrário do que Manuela pretende não foi ela que as questionou, muito antes dela fizeram-no os dois líderes do PSD que a antecederam.

A QUARTA ELEIÇÃO

Se durante este ano se realizam três eleições também é verdade que já se começaram a disputar as presidenciais, o próprio detentor do cargo já abandonou a postura de Presidente da República para começar a preparar a sua própria reeleição.

Talvez seja tempo de lançar o debate em, torno das presidenciais e começar a preparar a derrota do cavaquismo. Se Cavaco tudo faz para influenciar os resultados eleitorais, então faz todo o sentido tratar as legislativas como a primeira volta das presidenciais.

AVES DE LISBOA

Estrelinha-de-cabeça-listada [Regulus ignicapilla]
Local da fotografia: Cidade Universitária

ESSA COISA TÃO SIMPLES: LIBERDADE

«Passam hoje 35 anos sobre a tal inesquecível madrugada libertadora. Como de costume, o regime vai assinalar a data com umas quantas cerimónias, públicas e particulares, sempre previsíveis, sempre obrigatórias e sempre destituídas de sentido. O Presidente da República vai fazer o habitual discurso na Assembleia, em que tudo o que interessa é ler nas entrelinhas se ele ataca ou não ataca o Governo em funções — conforme é tradição da data; o PCP e a extrema-esquerda vão desfilar por aí, jurando que “Abril está por cumprir”; e o coronel Vasco Lourenço, em representação dos militares do 25 de Abril, vai destilar o seu habitual azedume contra os ‘políticos’ e insinuar que, se for preciso, eles são capazes de voltar a pegar em armas e acabar “o que ficou inacabado”. Há muito que defendo que a memória dessa luminosa manhã de liberdade deveria deixar de ser comemorada — pelo menos, assim —, como forma de preservar a sua dignidade. O passado é um país distante e a sua revisitação, a tentativa de reinventar um dia feliz vivido lá atrás, acaba sempre por ter um sabor amargo, a mofo.

Além de que esta sessão anual de lamúrias públicas não tem razão de ser: o 25 de Abril foi cumprido, tanto quanto o podia ser. Os três D foram cumpridos. Democratizámos, mas a democracia — numa nação que nunca teve a liberdade como o primeiro e absoluto dos valores — não é muito mais do que isto. Descolonizámos — tarde e mal, e mal porque tarde —, mas cumprimos o princípio essencial de devolver o que não era nosso e que só as circunstâncias históricas (sem dúvida motivo de orgulho) nos tinham provisoriamente confiado. E desenvolvemo-nos: sim, desenvolvemo-nos. Só quem não viveu ou não se lembra do que era o Portugal de 1974, só quem não viu, por exemplo, a série de programas de António Barreto na RTP, é que pode ainda ter dúvidas sobre isso. O Portugal de hoje não tem nada, rigorosamente nada, a ver com o Portugal do Estado Novo — miserável, ignorante, de mão estendida e espinha curvada. Acontece é que nunca estamos satisfeitos, achámos que a liberdade era o direito de tudo reclamar, todos os direitos sem nenhuns deveres, a Europa e o mundo fascinados a nossos pés, pagando eternamente pelo espectáculo da nossa liberdade e do cravo na lapela, e nós encostados aos subsídios e às facilidades sem termos de nos cansar. Hélas!, não é assim que se constroem as nações que vão à frente!

Podíamos, ao menos, ter-nos entendido, de uma vez por todas, sobre o essencial desse dia distante: a liberdade. Mas nem isso. Basta ver como, hoje ainda, os próprios militares de Abril estão divididos, para perceber como essa coisa aparentemente tão simples que é a ideia de liberdade continua a dividir uma nação que nunca, verdadeiramente, a amou, respeitou ou se bateu por ela. Na semana em que Otelo foi promovido a coronel, com efeitos retroactivos, Jaime Neves foi promovido a general, e a Associação dos Militares de Abril amuou por causa desta última. Não perceberam que o que aconteceu em determinado momento não pode ser apagado da história pelos momentos supervenientes, seja de que lado for: que a liberdade se ficou a dever, primeiro, a Salgueiro Maia e Otelo, e, depois, a Eanes e Jaime Neves.

O “bota-abaixo”, como diz José Sócrates, é o que nós achamos de mais próximo à liberdade: poder dizer livremente mal de todos os ‘políticos’, depois de cinquenta anos em que ninguém se atrevia sequer a dizê-lo à própria sombra. Tornar o simples exercício do poder e a correspondente exposição pública uma oportunidade para o fartar vilanagem, que confundimos com coragem. Não digo, antes pelo contrário, que os políticos sejam melhores hoje do que eram há dez, vinte ou trinta anos: aqui, na Europa, no resto do planeta. Digo é que, quando acontece alguém chegar à política movido pelo sentido de serviço público e pela vontade de transformar as coisas, ele é tranquilamente cilindrado como os outros, com a leveza de um Vasco Lourenço discorrendo sobre o país ou de um qualquer ‘corajoso’, insultando, anónima e impunemente, nos blogues do mundo fácil de governar da net.

Não devíamos, assim, queixar-nos ou admirar-nos se os melhores desistem e se os piores regressam, no vazio criado. Para desgraça nossa — e com o nosso voto! —, Santana Lopes vai, muito provavelmente, regressar ao governo de Lisboa, depois de ter deixado a cidade e o país de pantanas. Mas quem quer verdadeiramente preocupar-se em escrutinar o que foi o seu desgoverno passado? As pessoas ficam-se pela espuma das coisas — o túnel do Marquês — e nem querem saber do resto, se o homem é apenas um genial mestre da sedução sem causa nobre. E a senhora que o escolheu — Manuela Ferreira Leite — desdenhou, para encabeçar a lista do PSD às europeias, alguém como Marques Mendes, dos raros que quiseram moralizar as coisas, pagou por isso e se afastou tranquilamente. Devíamos, sim, pensar que Paulo Rangel, o cabeça-de-lista do PSD às europeias, e Nuno Melo, o do PP, são dois excelentes deputados, dos poucos que fazem a diferença, e que os respectivos partidos afastam do Parlamento para esse doirado exílio europeu, onde habitam sumidades políticas como Edite Estrela ou Deus Pinheiro. Devíamos pensar, pior ainda, por que razão desistem eles próprios e tão rapidamente de uma batalha onde farão falta.

Já aqui escrevi, há quinze dias, sobre o que penso do caso Freeport e da posição em que ele coloca José Sócrates. Escrevi que, pessoalmente, acredito na sua inocência, mas não abdico de ver tudo esclarecido, sem margem para qualquer dúvida. O que eu não entendo é a leviandade de tudo isto: um homem é publicamente suspeito do pior dos crimes políticos e a coisa arrasta-se, meses, anos, em fogo lento, sem que ele seja ilibado ou acusado e tendo ainda de governar o país e enfrentar eleições sob esse peso. Não pode desistir, porque seria como que uma confissão de culpa; não pode continuar em igualdade de circunstâncias com os seus adversários políticos, porque há sempre essa terrível suspeita pendente sobre ele. Não pode ficar quieto e calado, porque alimenta as suspeitas; não se pode defender, porque é uma ‘ameaça’ e uma ‘pressão’. O que pode um cidadão, que tem o azar de ser primeiro-ministro de Portugal, fazer num caso destes e enquanto espera que a Justiça cumpra o seu papel?

Há um tipo — que tem o mesmo apelido que eu e que escreve semanalmente no “DN”, onde se especializou na ofensa fácil — que escreveu que Sócrates falar de moral é o mesmo que Cicciolina falar de virtude, ou coisa que o valha. O cidadão José Sócrates, sentindo-se ofendido (como qualquer um de nós se sentiria), põe um processo ao ofensor. Tem esse direito? Não: é o primeiro-ministro a intimidar um ‘jornalista’. E o ‘jornalista’ vira mártir da liberdade de imprensa na praça pública. Fala-se em “ameaças intoleráveis”, da liberdade em risco, da heróica e antiquíssima luta da imprensa contra o poder, do “jornalismo de investigação” contra as pressões políticas.

Liberdade? De imprensa? Ora, vão pastar caracóis para o Sara! Eles sabem lá o que é a liberdade! Sabem lá o que isso custa a ganhar! » [Expresso assinantes]

Parecer:

Por Miguel Sousa Tavares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PARABÉNS

«Ganha-se muito em ver o 25 de Abril como um bebé que entretanto cresceu. Quando nasceu, foi uma festa. Foram despachados para a Madeira os tios chatos que achavam a gravidez uma pouca-vergonha. É que o pai de Abril era magala e não estava casado com a mãe. Mas acabou por correr tudo bem.

Abril teve uma infância turbulenta. O mal - ou a sorte - dele foi ter uma família numerosa. O pai era incógnito mas não faltavam senhores que o queriam adoptar - ou só dar o nome. Isto deu nalguma algazarra porque a mãe, a Liberdade, sendo uma jóia de pessoa, era uma Maria-vai-com-as-outras; ia sempre atrás do último pretendente que lhe batia à porta. Chegou a haver pancadaria da grossa quando o Abrilinho tinha 1 ano e picos, no Verão de 1975, pouco antes de aprender a andar sozinho.

Abril tem 13 anos quando entra na puberdade. Faz-se adolescente em 1986, ano em que faz a primeira viagem à Europa, pela mão do bonacheirão do Tio Mário. E aqui interrompo a história para tomar consciência de quanto ela está contaminada pelo contador. Para muitos, por exemplo, o Abrilito adoeceu em 1975 e foi internado em 1986. O que interessa não é a diferença profunda entre todas as histórias. É a variedade e a coexistência delas.

Seja como for, 35 é uma idade chata. A crise de meia-idade aproxima-se a galope. Abril já não pode fazer a vida que fazia, comendo e bebendo e acamando tanto quanto lhe apetece. Mas ainda é uma bela idade. E jovem de mais para perder tempo com memórias e saudades.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O BPP ER UMA DONA BRANCA?

«Um esquema piramidal no Banco Privado Português ( BPP) - ao estilo "Dona Branca" - em que as rentabilidades e capitais pagos aos clientes dependiam da angariação de dinheiro de novos clientes. Esta é a suspeita dos clientes, autoridades da supervisão e criminal, que recai sobre o banco que foi conduzido por João Rendeiro e para o qual, ontem mesmo, a actual administração entregou ao Banco de Portugal uma proposta de recuperação.

Carlos Tavares, presidente da CMVM, adensou esta suspeita com as suas declarações na comissão parlamentar de Economia, deixando claro, inclusivamente, que no BPP "se criaram "veículos fictícios, com activos fictícios, para alimentar outros veículos". Ou seja, no banco, alguém terá inventado dinheiro. Mais: Tavares afirmou que terá existido "delapidação do património dos clientes" e que o BPP trocou activos tóxicos por bons títulos das carteiras dos clientes. O presidente da CMVM também deixou claro que "há situações semelhantes ao caso Madoff", o que ontem lhe valeu um anúncio de processo por parte de João Rendeiro. » [Diário de Notícias]

Parecer:

A queda repentina pode apontar nesse sentido.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se.»

RUI RIO DEMARCA-SE DE MANUELA FERREIRA LEITE

«Rui Rio parece estar num claro processo de afastamento de Manuela Ferreira Leite. A sua declaração de oposição à proposta do partido para criminalizar o enriquecimento ilícito está a ser lida, dentro do PSD, como uma demarcação politicamente relevante face à líder de quem Rio é 1º vice-presidente. Muitos admitem que os objectivos que o movem poderão ter em vista a sucessão no partido e a eventual precipitação de uma crise caso o PSD perdesse as europeias. Os mais próximos colaboradores de Rui Rio garantem que o cenário de abandono do lugar de número dois do partido está fora de questão. Mas o afastamento é inegável e, apesar da declaração que fez sobre o projecto de lei contra a corrupção ter sido previamente comunicada a Ferreira Leite, as relações políticas entre os dois parecem irremediavelmente afectadas. Há um ano, Rui Rio não quis ser líder e Manuela avançou. Se ela perder, será a vez dele?

Rio levou esta questão do enriquecimento ilícito muito a peito e não gostou que o partido agendasse o polémico projecto para debate no Parlamento apesar da sua oposição. O Expresso sabe que até ao momento da votação, Rio contactou vários deputados manifestando-lhes a sua divergência. De resto, ele já tinha mostrado desagrado em relação a esta questão quando Marques Mendes liderava o PSD e, em Setembro passado, quando o assunto foi discutido na Comissão Permanente do partido, ficou clara a sua objecção à criminalização do » [Expresso assinantes]

Parecer:

Um sinal de que aposta na sua derrota?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

UMA NOTÍCIA QUE A ESPOSA DO SENHOR MONIZ NÃO LEU

«Entre Janeiro e Julho de 2007, Charles Smith foi interrogado quatro vezes por investigadores ingleses sobre o conteúdo do DVD gravado em Março de 2006 em que surge numa conversa a admitir que subornou José Sócrates. E das quatro vezes, segundo apurou o Expresso, o sócio da Smith&Pedro declarou que mentiu sobre o assunto, explicando os contornos que o levaram a inventar um enredo de corrupção envolvendo o então ministro do Ambiente e actual primeiro-ministro português. O escocês queria que o Freeport pagasse o que lhe devia.

O antigo consultor do Freeport, contratado para garantir a aprovação do projecto de outlet em Alcochete, começou por ser confrontado com a transcrição completa do DVD (que tem ao todo 29 minutos) quando no início de 2007 uma equipa de advogados do grupo inglês veio a Portugal interrogá-lo. Essa equipa questionou-o mais duas vezes ao longo dos meses seguintes, antes de produzir um relatório de 330 páginas totalmente dedicado a verificar se o que lá vem dito corresponderia à verdade, tendo ouvido também todos os funcionários ingleses envolvidos no projecto de Alcochete e vasculhado um a um os pagamentos, facturas e movimentações de dinheiro do Freeport e da Smith&Pedro em Portugal.

O extenso e exaustivo relatório da Dechert, a firma de advogados do Freeport, foi feito já depois de Sean Collidge ter sido afastado das funções de presidente do grupo (por indícios de desvio de dinheiro, má conduta e abuso de posição) e foi incluído na inquirição que a polícia de Londres fez a Charles Smith a 17 de Julho de 2007 durante mais de quatro horas.

A transcrição completa do DVD foi o último de dez documentos com que o escocês foi confrontado nesse dia pela polícia em Londres, tendo o actual arguido no processo português reafirmado o que dissera aos advogados.

De acordo com documentos que constam da investigação em Inglaterra, a história do vídeo com Charles Smith começou na verdade um ano antes de ele ter sido filmado em segredo (a 7 de Março de 2006) por um administrador inglês, Alan Perkins.

A viagem ao Mónaco O sócio da Smith&Pedro viajara até ao Mónaco no dia 27 de Janeiro de 2006 para ir ao encontro de Sean Collidge, que ainda não sabia que estava a dois meses de ser afastado do Freeport e que decidira transferir a sede da administração de Londres para Monte Carlo. Na reunião que teve com o presidente do grupo — em que estavam presentes os administradores Alan Perkins e Gary Russell — Charles Smith confrontou Collidge com a investigação aberta em Fevereiro de 2005 em Portugal por suspeitas de corrupção e que o facto de ter havido buscas no Freeport e na Smith&Pedro em Alcochete poderia pôr ambas as empresas numa situação fiscal delicada.

O escocês afirmou estar preocupado com a contabilidade, porque o IVA dos contratos entre as duas empresas não tinha sido pago. Smith queria acertar a facturação e obter os valores do IVA, exigindo o pagamento de centenas de milhares de euros, ao mesmo tempo que reclamava uma série de pagamentos em atraso relativos a prémios de execução ( success fees) pelo cumprimento de várias fases de desenvolvimento do outlet de Alcochete. Collidge considerou que esses pagamentos não faziam qualquer sentido, uma vez que os prazos assentes nos contratos não foram respeitados.

Smith contou aos investigadores que teve uma conversa posterior com Alan Perkins, no mesmo dia, no aeroporto de Nice, em que o administrador teria, alegadamente, sugerido ao escocês que arranjasse uma manobra para obter o dinheiro. O que terá levado à história do DVD, em que Smith fala que entregou um suborno de 150 mil euros, ao longo de dois anos, a um primo de José Sócrates, pago em dinheiro vivo, em parcelas de três a quatro mil euros retiradas das contas da Smith&Pedro.

Segundo a Dechert, os levantamentos de dinheiro referidos no vídeo nunca existiram nem houve nenhuma transacção suspeita nos três milhões de euros pagos pela Freeport à Smith&Pedro ao longo de três contratos e de vários anos. A investigação dos advogados concluiu, por isso, que as alegações contidas no DVD não eram verdadeiras. Conclusões que, ironicamente, podem ser uma boa notícia para o escocês: se por um lado servem de constatação de que foi apanhado a mentir, por outro significam que não participou num acto de corrupção, livrando-o de uma pena de prisão.

Pelo contrário, a TVI noticiou ontem que a polícia inglesa terá provas de levantamentos em dinheiro de Smith para pagar subornos.

O relatório da Dechert, de qualquer modo, considerou que as razões dadas por Smith para ter inventado o enredo sobre Sócrates não eram sólidas e careciam, eventualmente, de esclarecimentos adicionais, daí os advogados recomendarem o envio da informação para a polícia, o que veio a acontecer.

Alan Perkins, que acabaria acusado de usar o DVD como forma de chantagem contra a nova administração do Freeport quando negociou a sua saída no final de 2006, admitiu não estar totalmente convencido de que o conteúdo do DVD fosse falso. Há sobretudo uma pergunta simples que fica no ar e que o Ministério Público e a PJ estão proibidos de fazer, por não poderem abordar nas inquirições uma prova considerada ilegal em Portugal: como é que alguém, sabendo que tinha sido aberta em 2005 uma investigação sobre suspeitas de corrupção envolvendo o nome de Sócrates, inventa, um ano depois, uma história precisamente de corrupção com Sócrates? Gary Russell, um dos administradores do Freeport envolvido no outlet de Alcochete, encontrou uma explicação simples quando também foi ouvido: “É um idiota”. » [Expresso assinantes]

Parecer:

Se não comprou o Expresso pode lê-la aqui no Palheiro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Republique-se para o caso da esposa do senhor Moniz a querer ler e transformá-la em mais um dos seus pasquins de extrema-direita.»

UMA ENTREVISTA QUE DIZ TUDO SOBRE AS EMPRESAS PORTUGUESAS

«O casal de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (UNL) — que já tinha inventado o transístor e a memória (electrónica) de papel — registou a nova patente internacional deste dispositivo no início de Abril. Os transístores poderão ser aplicados em superfícies de papel, vidro, cerâmica (azulejo), metal ou qualquer polímero (plástico, borracha, poliuretano, poliestireno, etc.), tendo um grande potencial de aplicação em todo o tipo de mostradores (ecrãs) — computador, TV, telemóvel, PDA — bem como nos suportes da publicidade estática. Electrónica produzida... por impressão a jacto de tinta E podem ser produzidos por jacto de tinta através de uma vulgar impressora cujos tinteiros foram cheios com uma solução de cor amarelada que contém nanopartículas electrocrómicas — material que, por aplicação de uma tensão eléctrica, muda de estado de oxidação, isto é, muda de cor. Trata-se da tecnologia emergente da Electrónica Impressa, onde os grandes fabricantes mundiais estão a apostar.

Quando o material usado é uma folha de papel, esta é impressa com a solução electrocrómica, passando quinze vezes pela impressora. Depois constroem-se os transístores utilizando o papel como material isolante (que impede os curtos-circuitos) em vez do silício, colocando a porta — que controla o fluxo de energia – numa das faces, e os dois eléctrodos condutores na outra — a fonte, por onde entra a energia, e o dreno, por onde sai.

Para já, a equipa do Centro de Investigação de Materiais (Cenimat) da Faculdade de Ciências e Tecnologia liderada por Elvira Fortunato e Rodrigo Martins está a usar nas suas experiências pioneiras transístores de 0,3 a 0,4 milímetros, mas Rodrigo Martins adianta que “podem ser muitíssimo mais pequenos, com 1 mícron (uma milésima parte do milímetro), o que permitirá aumentar a definição da imagem dos mostradores”.

O Expresso assistiu a uma experiência feita com uma página do jornal que continha a notícia dos transístores. Ao sair da impressora, a página impressa numa folha de papel (ver fotos) estava invisível, mas quando foi aplicada uma tensão eléctrica, a notícia surgiu com letras e foto a azul. E há cores alternativas. “Deste modo podemos construir mostradores em papel; para já são monocromáticos mas a seguir iremos combinar várias cores”, prevê Elvira Fortunato.

Redução de custos A grande vantagem desta nova tecnologia é a redução de custos de produção. A Samsung lançou em Fevereiro no mercado mundial um novo ecrã de TV com tecnologia dos óxidos semicondutores criada na Universidade Nova de Lisboa, que permitiu ganhos de 300% na funcionalidade dos dispositivos! Com os transístores electrocrómicos, a equipa da UNL espera uma nova redução de custos.

Rodrigo Martins e os transistores em papel:

O que levou a papeleira brasileira Suzano, e não uma empresa portuguesa, a interessar-se pelos transístores de papel?

Por falta de visão das empresas portuguesas. Contactámos a Renova e a Portucel, que não se manifestaram interessadas, o que é surpreendente, porque estávamos a oferecer produtos de raiz, únicos no mercado mundial. Com empresários assim Portugal não vai a lado nenhum. Neste mundo global é necessário que o nosso país tenha empresas industriais de A a Z, ou seja, que sejam competitivas porque controlam todo o processo produtivo. Mas continuamos a fazer as mesmas coisas, a ser mercantilistas, a procurar o lucro fácil.

E como surgiu a Suzano?

A papeleira brasileira soube das nossas descobertas, entrou em contacto connosco e convidou-nos a visitar a sua sede em São Paulo, onde nos reunimos com a administração e com o responsável pela investigação. E mostraram-se totalmente interessados em comprar uma parte da nossa patente para fabricarem papel electrónico. Estivemos cinco dias no Brasil com tudo pago pela Suzano, fomos recebidos ao mais alto nível, mas quando nos deslocámos à Portucel nem o almoço nos ofereceram...

A Universidade Nova vai vender as patentes do transístor e da memória de papel às fatias?

A Universidade do Texas em Austin (UTA) avaliou as patentes num mínimo de dez milhões de euros. O registo foi feito de modo a poderem ser vendidas às fatias para nichos de mercado (mostradores, biossensores, memórias, segurança pessoal, etiquetas inteligentes), o que significa que vamos ganhar muito mais do que os dez milhões de euros.

Têm tido o apoio de instituições portuguesas?

Técnicos ligados ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) estão interessados em valorizar as patentes e no processo de comercialização. A própria avaliação das patentes foi feita no âmbito do Programa UTA/Portugal. » [Expresso assinantes]

Parecer:

POis, depois queixam-se de falta de competitividade.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Deus dá nozes a quem não tem dentes...»

SINDICATO É PORTA-VOZ DO MINISTÉRIO PÚBLICO

«O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) defendeu hoje, no Porto, que os dois magistrados que investigam o caso Freeport "estão a realizar a sua função sem qualquer objectivo político".

O SMMP, através do seu secretário-geral, Rui Cardoso, juntou-se assim a Cândida Almeida, coordenadora Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), que comanda a investigação ao caso Freeport, na recusa de qualquer manipulação política pelo MP.» [Público]

Parecer:

O senhor Palma deve achar que isto é a União Soviética para falar em nome do Ministério Público.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o espectáculo que tem sido dado pelos magistrados do Ministério Público.»

GASTARAM 20.000€ EM TELEMÓVEL PARA BATEREM RECORD DE ENVIO DE SMS

«Dos hombres estadounidenses, amigos y con residencia en Pennsylvania, pasaron buena parte del mes de marzo escribiendo un SMS tras otro hasta llegar a la cifra de 217.000. Su meta: establecer un récord de envío de mensajes, récord que hasta el momento estaba situado en 182.000.

Nick Andes, de 29 años, y su amigo Doug Klinger, de 30, se pusieron manos a la obra para alcanzar esta cifra, lo que no se esperaban -según informa la cadena Fox- es que superarla les iba a costar tan caro: 26 mil dólares (casi 20 mil euros). » [20 Minutos]

NAZI FAZIA DE DEFICIENTE PARA NÃO SER JULGADO

«El presunto guardia de varios campos de concentración nazis John Demjanjuk, del que Alemania reclama la extradición a EEUU por la muerte en Sobibor (Polonia) de 29.000 judíos, se hizo pasar por víctima del nazismo tras la II Guerra Mundial y trató de emigrar a Argentina, antes que a Estados Unidos.

Demjanjuk, de origen ucraniano, sostuvo siempre, tanto ante la administración aliada como tras emigrar a EEUU, que fue forzado a trabajar en varios campos de concentración nazis. Las autoridades alemanas reclaman de EEUU la entrega del presunto criminal nazi, cuyos abogados lograron impedir una vez más, hace una semana, su extradición cuando ya estaba camino del avión que debía trasladarle a este país. » [20 Minutos]

ALEKSANDER SHEVCHENKO

O.BAMA

MEDITERRANEA BODY MILK