domingo, abril 12, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Árvore do jardim da Fundação Calouste Gulbenkian

IMAGEM DO DIA

[Phil Sears-AP]

«Tim McDonald passes a submerged speed limit sign on Withia Bluffs Way in his kayak as he heads to his house in eastern Madison County, Fla. Initial reports show the rising waters have destroyed or caused major damage to nearly 200 homes and minor damage to more than 500 in Florida since the flooding started.» [Washington Post]

JUMENTO DO DIA

Honório Novo, deputado do PCP

Que Honório Novo não é crente, pelo menos das religiões que pressupõem a existência de deuses divinos, todos sabemos, mas fazer uma conferência de imprensa num sábado da semana santa só serve mesmo de afirmação ideológica já que ninguém deu por ele. Ainda por cima dedica a conferência de imprensa à situação do Metro do Porto para se pronunciar sobre conclusões do seu relatório de actividades que foi tornado público no passado dia 25 de Março.

Que Honório Novo não alinhe em folares e amêndoas pascais tudo bem, mas servir-nos comida esquentada é que só pode ser abusar da nossa paciência gastronómica, quando já afiava o dente para o borrego pascal vem o Honório servir-mos sardinha estivada.

AVES DE LISBOA

Glinha-d'água [Gallinula chloropus] alimentando a cria

LocaL: jardim da Fundação Calouste Gulbenkian

ALGUÉM AINDA SABE DA PONTA DO EMARANHADO DO CASO FREEPORT?

«Outros dizem que foram pressionados mas as suas queixas não chegam ao topo da hierarquia porque um fim-de-semana de permeio interrompeu o natural curso e velocidade da informação; outros pedem audiências ao mais alto nível e queixam-se à opinião pública ultrapasando todas as hierarquias; há reuniões, acareações, conselhos, jornalistas processados; há muita a gente a falar. Mas enquanto o tempo passa e o caso Freeport se enreda numa teia de emaranhados judiciais onde ninguém já sabe onde está a ponta, quem é que investiga? Quem é que está a tomar decisões?

Quer se queira ou não, quer se goste ou não, este caso envolve o primeiro-ministro e este é um ano com três eleições, legislativas incluídas. E tal como lembrou há dias Souto Moura - e ele saberá do que fala - não pode haver nada pior para um procurador-geral que ter um processo envolvendo o chefe do Governo do seu país. Além de prioritário e rápido, duas promessas que todos já percebemos que não vão cumprir-se, este processo, para bem de todos, não pode ter pruridos ou preconceitos. A audição de José Sócrates já tinha de ter acontecido para que no momento certo em que todos os esclarecimentos possam ser dados não fique qualquer dúvida. Voltando a citar Souto Moura, pelo menos no fim do caso Casa Pia ainda restarão dois condenados, ele e "Bibi". Pelo caminho que isto leva, no Freeport nem isso.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Filomena Martins.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

TEM MESMO A CERTEZA DE QUE NOS DIAS DE HOJE EXISTE UM GOVERNO EM PORTUGAL?

«Se eu fosse a si não teria. Não me refiro a alguma agitação dos ministros, a algum despacho que saia daqueles edifícios, à actividade dos assessores de imprensa, ao fluxo perene de dinheiros e subsídios para mil e um beneficiados. Mas alguém sabe o que fazem a maioria dos ministros face aos problemas dos seus sectores? Sabe-se do ministro do Trabalho, justiça lhe seja feita, e mais um ou dois ministros. Mas a Educação está bloqueada, o Ambiente não existe, a Cultura ninguém se lembraria que é um ministério, se não fosse Manuel Maria Carrilho lembrar que o devia ser. O ministro da Administração Interna vai chegar ao termo das suas funções sem perceber que não é ministro da Justiça, e sem perceber o significado da palavra segurança. O ministro da Justiça nem sequer preside a um ajuntamento de corporações em guerra umas com as outras, porque nem o lugar de presidente da mesa lhe deram. O Ministro das Finanças, um dos pilares fundamentais deste Governo e que podia apresentar obra, assiste agora à demolição quotidiana do que tinha conseguido com pretexto na crise, e, como já o admitiu, governa pelas estrelas.

Há um governante que trabalha muito. O ministro dos Assuntos Parlamentares, que tutela a televisão, a rádio e a propaganda. No seu ministério e no gabinete do primeiro-ministro, trabalha-se 24 horas por dia e em todos os azimutes. Seria, aliás, interessante saber se um blogue anónimo "corporativo" feito por assessores usando arquivos governamentais e que tem o objectivo de popularizar os temas da propaganda, fazer contrapropaganda e desinformação bastante profissionalizada, se bem que sem grande sucesso, depende desse ministro ou do gabinete do primeiro-ministro. Aí trabalha-se em tempo quase real, mas governar só residualmente. No Governo está tudo em estado de estupor. Estudar os assuntos, identificar e resolver os problemas, implementar um programa, fazer qualquer coisinha por um país que está numa profunda, muito profunda crise, não se usa nem se pratica. A culpa salvífica é da "crise", que é tratada como uma desculpa útil e pouco mais.» [Público assinantes]

Parecer:

A conversa do costume de Pacheco Pereira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

UM APELO

«A fina flor da esquerda, que exclui a ortodoxia do PS, resolveu fazer "um apelo à participação" no habitual cortejo do 25 de Abril. Um apelo subscrito pelo PC e pelo Bloco de Esquerda, pela CGTP e pela UGT e por umas tantas personalidades de prestígio (ou de alegado prestígio) como Mário Soares, Manuel Alegre, José Saramago, Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho. Aderiu também ao exercício gente mais fresca. Além da JCP e da JS, a fatal Ana Gomes, Marco Perestrelo e Vitalino Canas. Discretamente, o Governo deu a sua concordância. O que une esta extraordinária colecção de "bem-pensantes", que no dia-a -dia se detestam e guerreiam, é a ideia de que, como eles dizem, "o sistema capitalista" entrou "em ruptura". E que, por consequência, vem aí com certeza uma aurora qualquer.

O apelo (ou, se preferirem, o manifesto) declara que depois da presente "tempestade", "nada poderá ficar na mesma": uma profecia mais do que banal, donde conclui sem lógica nem senso pela definitiva morte do "pensamento único", ou seja, do execrado "neoliberalismo". Não ocorreu a ninguém que a crise de certa maneira demonstra a capacidade de autocorrecção do "neoliberalismo" e que falência de algumas teorias parciais, como de algumas práticas fraudulentas, não invalida por si só a pertinência do essencial. A maciça intervenção do Estado na América e na Europa parece ao espírito "progressista" reabilitar uma espécie difusa de socialismo, que desde o fim do século passado se tinha largamente desacreditado. Ouvir falar de "nacionalizações" (se é que se trata de nacionalizações) chega e sobre para convencer o crente comum.

Mas, fora a velha queixa de que "as classes trabalhadoras" foram "intoxicadas pela compulsão consumista, veiculada por um marketing agressivo e manipulador" (para prazer e benefício delas, convém notar), e de que hoje alguns dos seus direitos, "conquistados durante gerações", começam a desaparecer, o apelo é omisso sobre a sociedade que prevê ou deseja. Teoricamente, não existe. Como de costume, os subscritores pedem "novos paradigmas". Neste caso, um novo "paradigma" político e um novo "paradigma comportamental" (?). O que, evidentemente, revela que vivem num absoluto vácuo. E é esse vácuo que eles tencionam exibir, para edificação da Pátria, no dia 25 de Abril.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PORTUGUESES APLICAM 8,8 MIL MILHÕES EM OFF-SHORES

«Os portugueses aplicaram em produtos financeiros sediados em offshores quase 8,8 mil milhões de euros em 2008, valor que representa cinco por cento do PIB estimado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para o ano passado. Por causa da crise financeira, em 2008 o investimento em paraísos fiscais caiu 30 por cento mas em Janeiro deste ano, passada a fase mais instável dos mercados, as aplicações em off-shores dispararam de novo. » [Correio da Manhã]

Parecer:

Seria interessante saber que portugueses colocam o dinheiro em off-shores, receio que sejam os mesmos bancos que impõem dificuldades no acesso ao crédito que canalizam a aplicações dos clientes para off-shores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se.»

GUERRA POR CAUSA DO CARTAZ DE MANUELA FERREIRA LEITE

«José Sá Fernandes e o PSD estão em guerra. Em causa está um cartaz com o rosto de Manuela Ferreira Leite afixado no Marquês de Pombal, que os sociais-democratas se recusam a remover. O PSD avançou com uma queixa na Comissão Nacional de Eleições (CNE), mas o vereador ameaça agora recorrer ao tribunal para resolver a questão.

'O cartaz está a violar os critérios estabelecidos por lei, porque está a estragar o enquadramento daquela zona especial de protecção', afirmou ao CM o vereador dos Espaços Verdes da Câmara de Lisboa, justificando assim a notificação que enviou ao PSD para a remoção do outdoor. Mas esta não será pacífica.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Independentemente de se saber quem tem razão nesta guerra a verdade é que muitas das estruturas que suportam cartazes são um nojo, deveria ser o próprio PSD a evitar usá-las em zonas nobres da cidade, até porque o seu impacto é nulo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mantenha-se o cartaz desde que esteja assegurado que os automobilistas não se assustam com o retrato de Manuela Ferreira Leite.»

HONÓRIO NÃO TINHA MAIS NADA PARA NOS ENTRETER

«O deputado sublinhou que esta constatação está bem clara no Relatório e Contas de 2008 da empresa, onde a administração diz que "de acordo com o artigo 35º do Código das Sociedades comerciais é necessário equacionar uma solução por se verificar que a situação líquida negativa (de 68,3 milhões de euros) é inferior a metade do capital social".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Convenhamos que interromper o sossego pascal com uma notícia de 25 de Março só ocorreria a um seguidor de Jerónimo de Sousa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Honório que aproveite a quadra pascal para rezar pela ressurreição de Estaline.»

INSTITUTO DO PATRIMÓNIO DÁ RAZÃO AO ZÉ

«O IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, antigo IPPAR) dá razão ao vereador da Câmara Municipal de Lisboa José Sá Fernandes na controvérsia sobre a colocação de cartazes de grande dimensão (os chamados outdoors) na praça do Marquês de Pombal.

O gabinete do vereador divulgou ontem um parecer do instituto onde se afirma que a colocação de cartazes naquela praça "interfere com as características da envolvente patrimonial em que este se insere, comprometendo a imagem arquitectónica e a envolvente do conjunto". O que está em causa é o seu "forte impacto e obstrução visual" que implica.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Se não desse o presidente do Instituto do Património passaria a ter o Tó à perna e o Tó é o número dois do PS que por inerência é vice-rei de Portugal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao PSD que limpe a rotunda do Marquês de Pombal, não vá algum automobilista espetar-se ao distrair-se com a beldade do cartaz.»

MORREU COLÍN TELLADO, A MAIOR AUTORA DE NOVELAS DE CORDEL

«Corín Tellado viveu a sua carreira à sombra numérica de um homem: Miguel de Cervantes, o único autor de língua castelhana que vendia mais do que ela. Mas a escritora, que morreu hoje em Gijón aos 82 anos, bateu o autor de Dom Quixote noutros números: Corín Tellado publicou mais de quatro mil obras, novelas e romances de cordel que marcaram várias gerações, e entrou no Guiness por ter vendido mais de 400 milhões de exemplares dos seus escritos.

“A vasta produção de Corín Tellado ficará como exemplo de um fenómeno sociocultural”, comentou um dia o escritor Mario Vargas Llosa. Ontem, a conselheira asturiana da Cultura e Turismo, Mercedes Alvarez, elogiou os “rasgos de modernidade” da obra de Tellado, “uma mulher muito avançada em relação ao seu tempo”. » [Público]

SEMANA SANTA [imagens]

SILVIE VALOUSKOVA

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