terça-feira, abril 14, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Brasão do edifício da Alfândega de Lisboa, Largo do Terreiro do Trigo, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Vincent Yu/Associated Press]

«A British boy posed with a water gun in front of Thai soldiers in Bangkok, Thailand, Monday. Prime Minister Abhisit Vejjajiva said the military campaign to end antigovernment protests at the Government House is “nearly complete.”» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Manuela Ferreira Leite

A Páscoa passou e nada se sabe acerca da escolha da líder do PSD para cabeça de lista às eleições europeias.

MÁRIO NOGUEIRA ESTÁ DE FÉRIAS?

Ou o PCP mudou de estratégia e deixou de organizar esperas nas visitas públicas do primeiro-ministro?

AVES DE LISBOA

Material para o ninho

Melro-preto (fêmea) [Turdus merula]

Local da fotografia: jardins da Fundação Gulbenkian

CRESCIMENTO ECONÓMICO E DEMOCRACIA

«A ideia simpática de que a democracia e o crescimento económico se reforçam mutuamente foi defendida inúmeras vezes nas últimas décadas. No entanto, a prova está longe de ter sido feita.

Desde logo, os princípios que regem a democracia e os que regem o mercado são diferentes, podendo até revelar-se pontualmente contraditórios. A democracia dá um voto a cada pessoa adulta; no mercado o peso de cada um depende do dinheiro que tiver.

Nem a democracia se resume a eleições. Implica também o respeito pelo Estado de direito e pelas liberdades. Fora de um contexto onde esses valores sejam vividos, as eleições arriscam-se a prejudicar, em vez de ajudar, as reformas democráticas. É que as eleições aprofundam divisões na população (The Economist de 28 de Março). Vejam-se o Quénia, a Nigéria, o Congo, o próprio Iraque...

Depois, a experiência nem sempre confirma a tese de um ciclo virtuoso democracia-crescimento económico. É o caso de Portugal: o maior crescimento da nossa história económica deu-se antes do 25 de Abril, na década de 60, sem democracia (naturalmente existiram então factores externos que, em parte, explicam esse rápido crescimento). O Chile sob a ditadura de Pinochet alcançou apreciáveis resultados económicos.

Inversamente, temos o caso da China. O fulgurante crescimento da economia chinesa não trouxe progressos democráticos significativos. O regime deixou funcionar o mercado, atenuando a colectivização própria da ortodoxia comunista. Mas o poder político continua na mão do Partido Comunista Chinês.

Ora muitos, entre os quais me incluo, pensavam que na China aconteceria algo semelhante ao que se passou na Revolução Francesa: uma burguesia emergente e enriquecida pelos negócios a certa altura acharia intolerável continuar marginalizada das decisões políticas e do acesso a cargos no Estado. No séc. XVIII francês era a aristocracia que monopolizava o poder político e social, ignorando o "terceiro estado"; na China é o PCC quem manda.

Ora não é uma evolução democrática que vemos na China, mesmo sem falar do que se passa no Tibete. Decerto que existem no país pequenos grupos, formados sobretudo por intelectuais, a lutar pelas liberdades e pelos direitos humanos. Mas a repressão das autoridades chinesas sobre esses movimentos não diminuiu com o enriquecimento do país.

Há na China 300 milhões de utilizadores da Internet, um meio propício a difundir ideias de liberdade; só que a Internet na China é fortemente vigiada e censurada pelo poder.

O presidente do Parlamento chinês (um órgão de fachada, que pouco se tem reunido nos últimos tempos) disse há semanas que o seu país jamais adoptaria uma democracia pluralista de tipo ocidental. E a actual travagem do crescimento económico chinês para 6% anuais, se nos parece uma taxa excelente, para eles é dramática: o abrandamento já terá criado mais de 20 milhões de desempregados, obrigando a um regresso maciço de trabalhadores às terras de origem.

A China ainda é um país pobre, não obstante os progressos recentes; o seu rendimento por pessoa está ao nível do da Albânia. Por isso multiplicam-se na China os distúrbios sociais, que assustam Pequim. O crescimento económico gerou grandes expectativas, agora frustradas para muitos chineses. A crise reforça a repressão antidemocrática, até porque está enraizada na China a ideia de que o país se desagrega sem a ditadura do Partido Comunista.

O interessante, porém, é tentar perceber as razões que impediram progressos democráticos quando a China crescia a 12 ou 15% ao ano. Talvez a satisfação trazida a centenas de milhões de chineses por terem saído da extrema pobreza os tenha compensado da falta de liberdade política - se com este regime melhoraram, porquê mudar? À melhoria económica soma-se o orgulho nacionalista de um país de tão antiga e elevada civilização, humilhado pelos ocidentais nos últimos séculos, se estar a tornar uma grande potência. As despesas militares da China aumentaram 15% num ano...

Nada é tão simples como pensamos, sobretudo tratando-se de culturas muito diferentes das nossas. No fundo, sabemos pouco sobre o desenvolvimento económico e sobre a democracia. E menos ainda sabemos sobre as relações entre um e outro fenómeno. Os simplismos são enganadores.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Fransisco Sarsfield Cabral.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

DIRECTOR-GERAL DE SAÚDE FALOU DEMAIS?

«"Não temos nenhum caso identificado de carência alimentar que as escolas não resolvam", assegurou Maria de Lurdes Rodrigues, em declarações aos jornalistas, no final de uma visita à Escola Secundária Aurélia de Sousa.

Questionada sobre a sugestão do director-geral de Saúde, Francisco George, de as cantinas escolares abrirem durante as férias para suprir necessidades alimentares de algumas crianças, a ministra criticou o alarmismo gerado em torno do assunto.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Não me parece que a estratégia da ministra revele muita inteligência.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se à ministra se já ouviu falar na crise.»

RIBEIRO E CASTRO NÃO FICOU ADMIRADO COM A SUA EXLUSÃO DAS LISTAS

«"É sabido que não pensamos da mesma maneira, não vemos as questões do país e da União Europeia da mesma forma, não exprimimos os mesmos valores, nem a mesma linha - e, portanto, no caminho da direcção do partido, a separação que foi confirmada não espanta minimamente", afirmou José Ribeiro e Castro, numa declaração à Agência Lusa.

O eurodeputado escusou esclarecer, para já, se aceita o desafio do líder do CDS-PP, Paulo Portas, que disse na última reunião do Conselho Nacional que contava com Ribeiro e Castro para "um lugar de destaque" nas listas das legislativas. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Nem eu.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Peça-se Ribeiro e Castro uma boa razão para continuar como deputado europeu.»

O ESPECTÁCULO DAS EUROPEIAS VAI COMEÇAR NO PSD

«Rui Rio e Castro Almeida preparam-se para defender Marques Mendes como cabeça de lista do PSD às eleições para o Parlamento Europeu marcadas para Junho. Os dois vice-presidentes do PSD vão, assim, enfrentar a preferência de Manuela Ferreira Leite, que, ao que o PÚBLICO apurou, recai em Paulo Rangel, actual líder da bancada parlamentar social-democrata. O confronto deverá ocorrer na Comissão Permanente, marcada para amanhã e que antecede, em algumas horas, a reunião da Comissão Política Nacional do PSD.

A questão das eleições europeias no PSD foi discutida no passado sábado num almoço, em Ponte de Lima, que reuniu Rui Rio, Castro Almeida, Marques Mendes, o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, Francisco Araújo, e Carvalho Martins, ex-governador civil de Viana do Castelo, e terá servido para preparar a estratégia para a reunião de amanhã, uma vez que a divergência entre os pró-Marques Mendes e os favoráveis à solução Paulo Rangel não deixa de ser melindrosa, já que acaba por revelar duas tendências latentes no seio da actual direcção social-democrata.» [Público assinantes]

Parecer:

Não basta a Ferreira Leite ter definido um perfil, isso só serviu para nos entreter.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Manuela Ferreira Leite quando é que se decide.»

O TITATNIC NAUFRAGOU HÁ 97 ANOS

VITALY SOKOL

AUGUSTA WESTLAND