terça-feira, dezembro 02, 2014

Falhanço, incompetência ou má fé?

Passos Coelho ia cortar na gorduras do Estado, ia acabar com institutos e fundações, ia fundir instituições do Estado, ia eliminar mais de 1500 cargos de chefias, era toda uma revolução a fazer à sombra da Troika, uma oportunidade única de um sector da direita, os ultraliberais próximos da extrema direita mas disfarçados de social-democratas, fazer o que sempre desejou.
  
Punha-se fim à asfixia da sociedade pelo Estado, reduziam-se os custos, tornava-se o Estado mais eficaz. Todos os processos de modernização e de simplificação foram suspensos, a prioridade era cortar a qualquer custo. Para o fazerem contavam com um ministro infalível. O Gaspar, e foram ao BdP buscar uma sumidade, o Rosalino. O Gaspar fugiu e o Rosalino regressou ao BdP onde foi promovido, provavelmente com aclamação pois a única reforma que fez foi a dos estatutos do BdP, blindando os seus funcionários a medidas de austeridade. O BdP pode ser muito ineficiente a controlar os bancos, mas revelou-se de uma grande competência a defender os interesses dos seus.
  
Conseguida a proletarização forçada dos funcionários públicos, apesar dos arrufos dos juízes do Tribunal Constitucional, o governo arregaçou as mangas vinha aí a grandiosa reforma do Estado. Encomendou-se um estudo às sumidades do FMI e no meio de uma crise conjugal da coligação Portas sai como o homem forte do governo. Livrou do Álvaro Santos Pereira e trouxe o Pires de Lima, o homem  das cervejas ficava com a economia, Portas tomava conta do Estado.
  
Apareceu um guião para a reforma do Estado, depois falou-se de uma calendarização, quando se esperava o calendário o governo concluiu que a reforma já ia adiantada, no fim nada se fez e o OE2015 ignorou o assunto. O pobre do Lambretas lá inventou um despedimento colectivo na Segurança Social para mais tarde dizer que o CDS de Paulo Portas até fez o trabalho de casa, os ministros incompetentes e preguiçosos foram os do PSD.
  
Estamos no quarto ano de revolução e nada se fez no Estado, as fundações e institutos são os mesmos, os lugares de chefia são quase tantos quanto eram no passado, os processos de modernização deram lugar a pedidos de agilização na concessão de vistos gold por ministros cobardolas que deixaram o director do SEF ira para a cadeia sem terem dado a cara pelos pedidos de agilização que fizeram.
  
Foram quatro anos perdidos, o Estado está na mesma, todos os processos de mudança foram paralisados, os funcionários públicos estão de baixos cruzados, as chefias são do partido, mas agora devidamente escolhidos pelos concursos do Bilhim. Portugal perdeu mais quatro anos.

Só alguém ingénuo esperaria que Portas reformasse o que quer que fosse e a verdade é que quando lhe deram a responsabilidade da reforma do Estado foi com a intenção de o "entalar" e depois disso a questão já foi alvo de trocas de galhardetes entre Passos e Paulo Portas. Quando Passos deu a responsabilidade da reforma do Estado a Portas já sabia que nada ia ser feito, apenas queria usar o Estado como pedra para atirar ao seu colega de coligação. Foi desta forma séria que o assunto foi tratado.