quarta-feira, julho 04, 2007

Estado: Não há quota para idiotas?



"Relevantes "ou "Excelentes"?

Com o novo sistema de avaliação só 25% dos funcionários poderão ter uma avaliação relevante e desses apenas 5% (1,25% do total) poderão ser classificados de “excelente”. Como a filosofia do Governo é adoptar métodos de gestão que aproximem o Estado do sector privado rezo a Deus para que nenhum dos responsáveis do ministério das Finanças assumam funções de gestores de uma empresa privada, temo pelo futuro dos seus trabalhadores. Alguém imagina uma empresa a começar o ano dizendo aos seus trabalhadores que só um quarto terá classificação de relevante e que apenas um em cada cem será "excelente"? O Governo defende assim que o Estado deve ser mau gerido, para ter a certeza decreta que apenas 25% dois funcionários deverão ser considerados acima da média.

Quanto a mim já sei o que quero, estou-me borrifando para o “excelente” e para o “relevante”, vou levar uma vida calma e o tal "excelente" que se esforce! Não sei se esse esforço é na cama do chefe, a colar cartazes do PS ou em qualquer tarefa, o problema é dele e da chefia. Quanto a mim limito-me a dizer que não troco chouriços por porcos, nem que estes me apareçam a andar de bicicleta, coisa em que este Governo me ensinou a acreditar.

Com esta lei o Governo decretou que 75% dos funcionários públicos ou são maus ou, na melhor das hipóteses, são razoáveis. Produzam o que produzirem, ficou decretado que só 25% serão um pouco melhores. Há 1,25% que deveriam ser sujeitos a tratamento psiquiátrico pois sofrem de doença rara.

É evidente que o ministro das Finanças e o secretário de Estado da Administração Pública nada sabem da Teoria dos Jogos, se soubessem perceberiam que o resultado do que estão fazendo é desastroso. Alguém se vai esforçar para ter um desempenho “excelente” ou mesmo “relevante” depois de fazer as contas e concluir que no seu serviço os militantes do PS são mais que as vagas? Alguém se vai esforçar se souber que a colega do lado anda na cama com o chefe? Alguém tem medo de ser mal classificado sabendo que o serviço não pode dispensar todos os funcionários? E mesmo que algum idiota credite na bondade no sistema de avaliação o que vai concluir depois de se ter esfalfado e ter sido classificado abaixo de “relevante”? Até ao fim da carreira ninguém o vai conseguir convencer a sair um minuto depois da hora, só o fará se for mesmo parvo.

É uma pena que o novo modelo não contemple uma quota para idiotas, nela caberiam os que decretaram que 75% dos funcionários eram assim, bem como os que acreditam na bondade de um sistema de avaliação que não pretende avaliar ninguém, foi adoptado com o único objectivo de poupar nos vencimentos dos funcionários.

Já agora, não resisto a fazer uma pergunta: o modelo de “excelente” é a directora da DREN, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, o ministro da Economia ou o ministro das Obras Públicas?