A capital não pode ser vista, pensada ou gerida como uma grande aldeia, a sua gestão não se pode esgotar na gestão de subsídios, nas questões do urbanismo ou, como tem sucedido, em intrigas palacianas.
Lisboa não tem tido autarcas à altura da dimensão universalista e da ambição que se espera de uma capital europeia. Por aquilo a que temos assistido nesta campanha pouco vai mudar, a generalidade dos candidatos não têm dimensão para o cargo a que concorrem, são “pequenos” e incapazes de ir mais além do que propor uma visão de aldeia para Lisboa.
É importante andar de bicicleta, plantar umas árvores aqui ou acolá, prometer subsídios para as associações recreativas, mas isso não será o que se espera dos presidentes das juntas de freguesia. De um presidente da autarquia exigem-se ideias, projectos, capacidade de decisão para transformar Lisboa numa grande capital europeia. Não é isso que se adivinha em outdoors onde um candidato goza com a sua própria falta de preparação ou um outro onde alguém nos tenta convencer que o Zé faz falta.
Lisboa tem que ser mais competitiva, tem que proporcionar aos seus cidadãos condições para que possam e gostem de viver na cidade. E para ser mais competitiva tem que criar condições para que a aprovação de um projecto seja uma via sacra, tem que impedir que a Administração do Porto Lisboa faça uma gestão abusiva e oportunista da margem do Tejo transformando a capital numa cidade de interior (um dia destes para ver o rio teremos que ir a Oeiras ou cascais), tem que promover a excelência nas suas escolas e universidades, tem que apostar numa agenda cultural de dimensão europeia, tem que tratar condignamente os seus circuitos turísticos.
De nada serve termos o Tejo se entre este e a cidade existir um muro de mamarrachos da APL, termos universidades se as escolas não tiverem qualidade, termos o Bairro Alto se uma seita de idiotas o destroem com latas de spray de tinta, apostar no investimento se uma licença camarária tardar quatro anos. Lisboa tem perdido qualidade de vida ao mesmo tempo que perde competitividade, envelhece ao mesmo ritmo que empobrece.
Gerir Lisboa é gerir uma cidade cuja dimensão que ultrapassa as fronteiras do município, pela capital passa também o desenvolvimento do país. Esta dimensão da capital está a ser esquecida por muitos candidatos que em vez de proporem projectos para a cidade exploram a intriga palaciana, tentam transformar a autarquia em bancada da oposição ou tentam justificar a eleição do seu vereador como se fosse um exemplar em extinção cuja eleição é indispensável para assegurar a biodiversidade política da capital.
Lisboa é bem maior do que aquilo que a generalidade dos candidatos têm mostrado ser.