terça-feira, julho 03, 2007

Porque voto António Costa



Se votasse para exprimir o que sinto pelo actual governo não votaria António Costa, o governo de Sócrates deixou de ser merecedor da minha confiança, consideração e respeito. Tenho por Sócrates a mesma consideração que ele tem por mim enquanto funcionário público e cidadão.

Se votasse para que a presidência da câmara fosse a bancada de oposição que o Parlamento não tem abster-me-ia. Não estou a ver o Zé fazer a oposição que o Louçã deixou de fazer. O Negrão é tão mau que só consegue fazer oposição a si próprio. O PCP gosta mais de fazer oposição na rua aproveitando-se dos sentimentos alheios. O CDS não existe e Manuel Monteiro ainda não conseguiu dar expressão à sua existência.

Se votasse contra a corrupção votaria no Zé, ele gosta muito mais de fama do que dinheiro e por enquanto a sua vaidade ainda não é paga com taxas camarárias. Mas teria um problema, o que faria o Zé depois de anular os contratos e suspender todas as obras? Bem, plantaria umas árvores e promoveria descontos na compra de bicicletas.

Se sentisse vontade de votar Manuel Alegre depositaria o meu voto em Helena Roseta, o que equivaleria a votar contra os partidos até que a própria Helena Roseta tivesse condições para fundar o seu partido. Mas se não votei Alegre não faz sentido votar Helena Roseta, ninguém aposta no Euromilhões só para que lhe saia uma estrela.

Se votasse segundo as instruções de Jerónimo de Sousa votaria no candidato da CDU, pouco importando o seu nome pois no dia em que esse candidato partilhasse das minas opiniões seria substituído e seguiria para reeducação.

Talvez não fosse má ideia se nas autárquicas pudéssemos depositar dois votos, um para escolher o presidente da câmara e outro para eleger o líder da oposição. Assim escolheria o presidente de entre os candidatos que afirmam o que querem fazer, e o líder da oposição cuja campanha serve para dizerem o que não querem que se faça. Provavelmente escolheria o Zé para líder da oposição, são poucos os que dominam a arte da providência cautelar como o candidato do BE.
Mas como tenho que escolher alguém para gerir Lisboa votarei em António Costa.

Nunca foi um político da minha simpatia mas tem-me surpreendido pela positiva, durante os tempos de chumbo do processo Casa Pia foi dos poucos que revelou ter coragem, na Administração Interna fez um bom lugar, apesar do poder tem sabido manter-se humilde e sem a arrogância que vão caracterizando os tempos que correm.

É evidente que Sócrates precisa da vitória de António Costa, mas também é verdade que a melhor forma de a Câmara Municipal de Lisboa condicionar o Governo é mostrando que se é capaz de ser competente sem recorrer a soluções fáceis. Para isso António Costa sou rodear-se de uma equipa que poderia substituir uma boa parte dos ministros deste Governo, não teria qualquer hesitação em substituir o ministro das Finanças pelo candidato que António Costa propõe para gerir as contas da autarquia, ou o ministro das Obras Públicas por aquele que é proposto para gerir o urbanismo. A melhor forma de pressionar Sócrates é mostrar que apesar do estado a que a política chegou ainda é possível formar uma equipa competente, rigorosa e que não transforme a anedota em discurso político ou a vingança em instrumento de gestão do poder.

António Costa foi, até ao momento, o único candidato que apresentou um projecto para Lisboa e porque acredito nesse projecto e confio na equipa que se propõe concretizá-lo que vou votar na sua candidatura.