Sempre que num acto eleitoral uma das candidaturas pode chegar a uma maioria absoluta começa-se logo a questionar as vantagens da maioria absoluta ou as supostas virtudes das maiorias relativa. É evidente que os partidos com menor representatividade eleitoral preferem maiorias relativas, é a forma de terem uma capacidade de intervenção superior ao seu peso eleitoral e a probabilidade de queda do executivo é maior. A grande vantagem das maiorias relativas é favorecerem as minorias porque estas podem cobrar um preço elevado para que a maioria relativa se transforme em maioria absoluta.
No caso de um executivo camarário sou a favor de maiorias absolutas ainda que estas sejam conseguidas graças a coligações eleitorais. Estas coligações são mais transparentes do que as resultam de acordos eleitorais conseguidos muitas vezes a troco de favores que permitem obter empregos ou vantagens financeiras. Os que agora defendem uma maioria relativa em Lisboa porque, supostamente, obriga a uma participação de todos os eleitos são os mesmos que noutras autarquias fizeram acordos com o diabo ou que num futuro próximo se vão dispor a trocar o seu voto por um qualquer bom negócio, dois ou três lugares de vogal nas administrações das empresas municipais e um pelouro lucrativo serão mais do que suficientes para que o executivo conte com uma confortável maioria absoluta.
Entre uma maioria absoluta resultante do voto dos eleitores e uma que resulta de negócios feitos debaixo da mesa a minha escolha é óbvia. É mais transparente, a gestão é coerente e nas próximas eleições saberemos a quem atribuir os louros ou as responsabilidades.
Teria preferido a reprodução da coligação que tão bons resultados deu em Lisboa e que foi um bom exemplo de como partidos com projectos diferentes podem governar juntos. Mas com a entrada do BE em cena isso deixou de ser viável, Louçã não perde uma única oportunidade para saber se já é o líder do proletariado e o PCP não deixa de responder ao repto.
Lisboa merece uma gestão à altura de uma grande cidade europeia, uma gestão virada para a modernização da cidade e que está acima de lutas de galos ou da vaidade pessoal de independentes por conveniência ou oportunismo pessoal. Pior do que a câmara ter uma assembleia municipal que não representa a cidade seria ter um executivo dependente do exibicionismo do Zé, da necessidade de protagonismo da Lena ou do populismo do Carmona.
Votarei por uma maioria absoluta porque considero que a alternativa é um vazio, pelo menos enquanto os líderes partidários olharem mais para o seu umbigo do que para a cidade. E porque essa maioria absoluta é apoiada num projecto para a cidade e numa equipa de gente em quem confio. Não quero uma Lisboa de segunda escolha, de vaidades de quem ao longo de uma vida nada foi capaz de fazer ou de quem quer usar os lisboetas como barómetro eleitoral permanente.