Na política portuguesa só me resta ver o que será o equivalente a um porco a andar de biciceta, como se costuma dizer no Alentejo. E em política ver um porco a andar de bicicleta poderá ser ver uma manif da CGTP com Jerónimo de Sousa e Francisco Louça de braço dado com Luís Filipe Menezes no meio.
Enquanto o PCP adoptou a estratégia de reduzir a visibilidade das suas personalidades nas manifs organizadas pela CGTP, sejam as grandes manifestações promovidas em Lisboa ou as esperas mais ou menos espontâneas a José Sócrates, o PSD populista de Luís Filipe Menezes perdeu a vergonha e assume claramente o empenho nas manifestações alheias.
É evidente que a haver alternativa a um governo de Sócrates essa alternativa só poderá vir da direita do PSD e do CDS, a queda do governo do PS conduzirá a um governo do PSD pois apesar do nervosismo de alguns generais na reserva não se vislumbra a possibilidade de aparecer um Hugo Chávez deste lado do Atlântico. Compreende-se assim a excitação de Menezes com as manifestações alheias, sem saber o que fazer na oposição resta a Menezes a ajuda de terceiros.
Só que o apoio claro do PSD à manifestação da CGTP revela as contradições de uma direita que ainda há poucos meses falava em refundação e agora funde-se nas manifestações promovidas pela oposição de esquerda ao governo do PS. Há muito que este apoio é evidente, basta ver que nas anteriores manifestações numerosos manifestantes deslocaram-se para Lisboa em autocarros gentilmente cedidos por autarquias do PSD. Agora, um Menezes desesperado porque luta pela sua sobrevivência política até às próximas legislativa vai mais longe e sugere às estruturas do seu partido para apoiarem a manifestação da CGTP, estrutura sindical onde não há sindicalistas dos TSD.
Não deixa de ser curioso que o apoio de Luís Filipe Menezes às manifestações da CGTP surge um ou dois dias depois de Santana Lopes se ter confessado admirador de um Sócrates que é capaz de adoptar decisões difíceis, admitindo mesmo que concorda com algumas. Isto é, Santana apoia Sócrates quando este adopta decisões difíceis e Menezes apoia as manifestações contra essas decisões difíceis. Como a oposição do PSD às decisões do governo não coincide com as decisões a que a CGTP se opõe ficamos a saber que a Menezes pouco importam as políticas governamentais, o que interessa é que haja instabilidade política.
A direita de Menezes deixou de defender a estabilidade política, o actual líder do PSD assumiu claramente uma estratégia guerrilheira onde tudo vale para assegurar a sua própria sobrevivência política. Menezes é tão burro que ainda não percebeu que se deve retirar da política abrindo caminho a uma liderança credível do PSD, não há manifestações da CGTP que façam os portugueses esquecer a sua incompetência política.